Eu o vejo fraco

3 0 0
                                    

Narrado por Bianca

José deixou a Thais, Alice, Enzo e Marcos na casa deles e agora estava a caminho da minha, eu nunca o vi tão calado e triste. E eu estava acabada, eu me sentia uma merda por dentro, eu estava vendo ele triste e ainda guardava um segredo, uma mentira dele.
Ele parou o carro em frente a minha casa e encarou a rua a nossa frente.
Vê ele assim era arrasador, vê ele sem seu sorriso que mexe com meu psicologico, vê ele sem o brilho no olhar que iluminava qualquer escuridão dentro de mim, agora ele só parecia assustado e confuso.
- Eu sou uma merda - Ele disse - eu era para ser forte, eu era para te proteger Bianca - Ele começou a chorar - mas eu sou um fraco, eu estou com medo, é dificil você não saber o que é real ou não, é dificil, eu... eu estou ficando louco, e agora minha amiga acha que sou um drogado.
Ele começou a bater no volante, a buzina tocava de vez em quando, mas eu o deixei fazer aquilo, ele precisava se libertar de tudo que o estava pretendo.
- Desculpa por ser fraco - Ele disse.
Soltei meu cinto de segurança e o dele, ele caiu sobre meu ombro e eu o abracei, ele chorava no meu ombro.
Levantei sua cabeça e fiz ele me encarar, seu rosto estava vermelho, eu o beijei e ele retribuiu, sem o fervor de sempre, mas mesmo assim era bom.
- José você não é fraco - Eu disse -você já aguentou demais, ninguém aguentaria tudo que você aguentou e você não precisa proteger todo mundo, eu sei me cuidar e eles tambêm sabem, você não precisa lidar com tudo sozinho.
Ele me beijou, não um beijo com todo o fervor que ele sempre me dava, mas um beijo calmo e doce.
Ele acabou com o beijo e sorriu sem entusiasmo.
- Tchau Bianca - Ele disse.
- Não quer entrar? - Eu pergunto.
- Eu preciso ficar um pouco só - Ele diz e me beija - eu te amo, não se esqueça disso.
- Também te amo - Eu digo - e não se esqueça disso - Eu sorrio e saio do carro.
Pego a chave de casa no meu bolso e abro a porta, José manda um beijo para mim e sai com o carro.
Fecho o portão e corro para meu quarto, tranco a porta e caio na cama.
Como eu posso ser tão horrível? Por que eu não conto logo a José que ele é adotado? Ele confia em mim e se estivesse no meu lugar me contaria sem sombra de dúvidas.
A culpa me invadi e eu transbordo em lágrimas, ele já esta passando por tanta coisa, nós estamos passando por tanta coisa e ainda vem uma bomba dessas, ele não merecia isso, ele merecia a verdade desde o inicio.
Mas amanhã falarei com a Marta, se ela não falar com o José eu falarei, eu não posso mais esconder isso dele, eu não aguento mais esconder.

Série Cemitério: Eles Continuam Aqui. Volume 3Onde histórias criam vida. Descubra agora