Conversas

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Narrado por Bianca

Eu, Marcos, Alice e Thais, ficamos observando o José jogar na escada que levava a outro corredor, que ia até as três casas nojentas que tínhamos visto.
As meninas e o Marcos estavam conversando enquanto eu encarava o José, ele era lindo, o corpo dele era lindo, o rosto anguloso dele era lindo, o cabelo e os olhos dele nem se fala, dizer que ele era um deus grego era pouco. Cada movimento que ele dava era uma obra de arte.
Wallisson jogou a bola para ele no meio de campo, José correu e chegando na linha do gol pulou, e jogou a bola, fazendo o gol. Era impressionante, ele era bom em tudo que fazia, tirando a teimosia e o orgulho dele, ele era perfeito.
- Bianca - Thais me chamou - para de babar pelo José .
- Vai se lascar Thais - Brinquei.
- Gente estava pensando - Disse a Alice - o que faremos sobre a maldição, os espíritos continuam aqui, e com memória ou não, eles aparecerão.
- Temos que contar - A Thais opinou.
- Acho que não - Marcos disse - é muita coisa para ele, ele não lembra de nada relacionado a nós.
- Não conta ainda - Eu disse - vamos dar um tempo a ele.
Voltei a olhar para ele jogando, ele jogava sorrindo e brincando, era o esporte favorito dele e ele amava fazer aquilo. Ele uma vez me disse que amava handebol por que se sentia no controle, que poderia controlar ele mesmo, controlar seus movimento e controlar a bola.
Mesmo eu tentando esconder uma parte de mim, lá no fundo estava destruída e triste pelo fato de que eu sabia tudo sobre o meu José e ele não soubesse mais nada de mim, mas não o culpo, não era culpa dele perder a memória,  mas não poderia enganar a mim mesma, era horrível ele não se lembrar de mim.
O sinal tocou e José correu para o vestiário masculino para tomar banho e trocar de roupa.
Fui até o vestiário e esperei ele, sentei no chão e fiquei mexendo no meu celular, dez minutos depois ele saiu somente de short, ele nunca perdia uma oportunidade de se amostrar e agora ele estava sem camisa, com o cabelo bagunçado.
- Você com memória ou não tem que se amostrar né? - Brinquei e dei um soco no braço dela.
- Claro - Ele sorriu - o que é bonito tem que mostrar.
- Idiota - Brinquei.
José fez uma coisa que me surpreendeu, ele parou e me abraçou, ele cruzou seu braço em minha costas, e eu retribui o seu abraço, ele me apertou.
O abraço dele ainda era o mesmo, ainda me reconfortava e me passava segurança, ele beijou minha testa e olhou nos meus olhos.
- Obrigado por esta sendo paciente comigo - Ele disse - imagino o quanto é difícil para você, ter um namorado que não se lembra de você, sei que é difícil.
Ele me surpreendeu mais ainda, fiquei em choque com a palavra "namorado". Ele ainda me encarava esperando uma resposta.
- Agora está mais fácil - Eu disse e era verdade - agora é bem mais fácil de quanto você estava em coma, foi horrível.
- Você ficou comigo? - Ele perguntou.
- Todos os dias - Eu sorri sem humor -deixei de viajar para não te deixar só,  passei até o natal contigo.
- Estou sem palavras - Eu disse - vou demonstrar o que eu sinto com outra coisa.
Ele me empurrou para mais perto dele ainda, e me beijou com todo fervor, suplicante, passei minhas unhas em suas costas nuas.
Foi um dos beijos mais quentes que ele já me deu, ele me empurrou para encostar na coluna e me prendeu nela. Ele colocou minha mão na coluna e a segurou lá.
- Aqui é um colégio - A diretora Marta disse - comporte.
- Desculpa diretora - José pediu, me largando.
-Ok, veste uma camisa - Ela falou - e quero falar com a Bianca  em minha sala.
- Vou te esperar no portão - José disse e saiu.
A diretora começou a andar até sua sala, ela sentou em sua mesa e pediu para que eu sentasse.
Sentei com um pouco de medo dela brigar pela cena que acabou de presenciar.
- Não vou brigar contigo pelo beijo - A diretora disse - quando eu era adolescente eu fazia coisas piores e eu entendo essa fase.
- Então... por que estou aqui?  - Perguntei.
- Queria saber se o José está bem - Ela falou me deixando surpresa - ele acordou ontem, queria saber se ele estava melhor.
- Não vou mentir - Eu iria contar pra ela - ele perdeu a memória - Ela me olhou espantada - não toda, ele só não se lembra de mim, da Alice, do Marcos e da Thais.
- Como assim? - A diretora perguntou.
- Eu não seu - Respondi - ele acordou sem se lembrar de nós.
- Ok. Pode ir embora - Ela me dispensou.
Levantei da poltrona preta e sair da sala.
Sei que o José era aluno dela, mas ela estava se preocupando demais com ele, as vezes diretora mal sabe o nome do aluno, e ela se duvidar deve saber até onde ele mora.
Encontrei José no portão, e como era de se esperar ainda estava sem camisa.
Ele segurou minha mão e me levou na esquina onde meu pai estava me esperando.
Ele me abraçou e beijou minha testa, eu amava aquele gesto dele, e amei mais ainda que ele continuava fazendo ele.
- Até hoje de tarde - Ele falou e foi embora.
Entrei na cominhonete e fechei a porta, meu pai sorriu.
- O que foi? - Sorri de volta.
- Nada - Ele ainda sorria - não sabia que podia ficar andando no colégio sem camisa - Brincou.
- O que é bonito tem que mostrar - Brinquei e ele me olhou sério - para de ser ciumento seu velho - Eu e ele sorrimos.

Série Cemitério: Eles Continuam Aqui. Volume 3Onde histórias criam vida. Descubra agora