Parque Cimba

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Narrado por Bianca

Chego faltando dez minutos antes das duas e como sempre o José chega muito tempo antes, ele me abraça e me beija.
- Trouxe comida e pano para nós fazermos pique nique - Eu falei.
Começamos a andar e José segurou minha mão e na outra ele segurava algo que eu nunca o vi segurando antes.
- Desde quando você anda de skate?  - Perguntei.
- Um coisa que você não sabe sobre mim - Ele brincou - eu andava muito, mas quando entrei no Futuro do mundo eu parei e hoje me deu vontade de andar e de te ensinar.
Encontramos um lugar debaixo de uma árvore, eu estendi o pano enquanto José distribuía a comida em cima do pano.
- E quem disse que quero aprender skate? - Brinco provocando ele.
- Todo mundo quer andar de skate sua bobinha - Ele me puxa e me beija - sabe de uma coisa? Tô me lascando para as memórias do passado, eu quero construir novas lembranças com você.
- Isso é fofo - Eu digo - mas o nosso passado é extremamente importante.
Sentei ao lado dele e ele deitou colocando a cabeça no meu colo.
- Estou pronto para escutar tudo que você dizer - Ele falou e me encarou.
Não sabia por onde começar, se ele não se lembrava de nada sobre mim provavelmente ele não se lembraria dos espíritos que nos atormenta, e eu não sabia se agora ele acreditava ou não.
E também tem o fato que antes do acidente nós não estávamos mais namorando, e se eu falar isso ele iria querer a verdade, e isso volta ao caso dos espíritos. Era muito estranho você falar que separou por causa de espíritos.
- O que você quer saber? - Eu pergunto e começo a mexer em seu cabelo.
- Tudo - Ele respondeu - eu entrei no colégio ficamos amigos e só sei disso, quero saber nosso primeiro beijo - Ele sorriu  - se nós tranzamos, quero saber como me acidentei e como a gente estava antes disso.
- É muita coisa - Eu digo - vou tentar responder tudo, bem nosso primeiro beijo foi ao mesmo tempo maravilhoso e confuso - Veio a lembrança de nós dois em cima da árvore - eu gostava muito de você, e estava namorando com um menino que eu já não gostava mais, e como nós aprontavamos muito acabou que nós dois e nossos amigos ficamos trancado no colégio, e eu e você subimos no pé de manga e nos beijamos - E um monte de espíritos depois nos atacou - esse foi nosso primeiro beijo.
- Sério que dormimos no colégio - Ele fez uma cara de surpresa - e eu não me lembro disso. A nem.
- Agora sobre o sexo - Eu sorri - eu ainda estava namorando com esse menino, e nós fomos para a chacara do meu pai, e lá tem uma cabana, foi onde pedir minha virgindade com você.
- Gostei disso - Ele levantou e me beijou.
José colocou uma mão na minha cabeça e me deitou no pano sem parar de me beijar.
Seu beijo era o melhor que eu já tinha recebido, o gosto de menta que vinha da sua boca era maravilhoso.
- Agora quero saber como que nós acabamos - Ele parou de me beijar e deitou ao meu lado.
- Quer a verdade? - Ele respondeu que sim em um movimento com a cabeça - estávamos separados na noite do acidente, e fomos para uma festa onde você ficou com umas sete meninas e tranzou com uma, você estava muito bêbado e o Marcos se machucou, e você quis levar ele para casa dele, e eu iria durmir na sua para te vigiar - A lembrança do carro batendo no José veio em minha mente - e no caminho da casa do Marcos um carro muito rápido veio, e você empurrou eu e o Marcos para fora do caminho, mas não conseguiu sair a tempo, o carro bateu em você, e você bateu a cabeça muito forte no asfalto.
- Pelo menos eu te salvei - Ele disse - então estávamos separados? - Ele sorriu.
- Sim - Eu repondi - mas ainda nos amávamos muito, quer dizer, eu ainda te amo.
- E eu quero te amar de novo - Ele deu um sorriso torto que era meu favorito - vamos lá andar de skate?
- Eu não sei - Eu sorri.
- Tem eu aqui para te ajudar - Ele levantou - vamos.
- Me obrigue - O desafiei.
Ele me olhou com um olhar predador que eu achava sexy e sorriu, um sorriso safado de pessoa que consegue tudo que quer.
Ele foi muito rápido, ele me levantou e me colocou em suas costas, ele subiu em cima do skate e começou a andar.
Eu sorria e segurava seu pescoço, ele andou até a pista de skate e eu desci de suas costas.
Ele era realmente bom de andar de skate, primeiro ele andou e eu fiquei observando, ele fazia manobras muito difíceis parecerem ser fáceis. Ele parou na minha frente.
- Agora sua vez - Ele falou.
- Me segura - Eu pedi.
Coloquei um pé no skate e José segurou minhas mãos, comecei a dar velocidade com o outro, quando conseguir me equilibrar José me soltou e sorriu orgulhoso.
O skate estava indo em direção ao fim da pista, que era um metro e cinquenta da grama em baixo, sei que não iria morrer, mas ia me machucar, e o skate só aumentava a velocidade, e eu não conseguia virar ou parar.
Faltando poucos centímetros para eu cair de cara na grama sentir algo me abraçar.
Caímos no chão, quando abrir os olhos José estava em baixo de mim deitado de costas para a grama, ele que me abraçou e me livrou de machucar alguma coisa.
- Por que eu sempre caio em cima de você? - Perguntei.
- Já aconteceu isso outras vezes? - Ele me encarou.
- Sim - Respondi - só que das outras vezes não aconteceu isso.
Eu abaixei e o beijei, ele me apertou mais e grudou nossos corpos um no outro.
- José seu skate tá aqui - Uma voz feminina nos interrompeu.
Levantei o olhar e meu coração parou, não imaginei que poderia ser ela, logo ela.
Marina estava parada segurando o skate de José, e o mais incrível é que ela estava aparecendo para todos como uma humana, quando que ela ficou tão forte assim? Quando que ela conheceu José e ele conheceu ela?
Ainda estava em cima do José, sem reação e sem palavras, José começou a se levantar e logo depois me ajudou, comecei a tremer de nevorsismo, nunca imaginei que ela poderia fazer isso.
- Olá Melissa - José respondeu - obrigado.
- Melissa? - Perguntei incrédula.
- Bianca - Melissa me abraçou e sussurrou no meu ouvido - isso é uma das poucas coisas que sou capaz.
- Olá Melissa - Falei de volta forçando um sorriso.
- Vocês se conhece? - José perguntou.
- Claro - Melissa respondeu - já estudei no colégio Futuro do mundo.
- Vamos José - Eu o chamei - estou com fome.
José pegou o skate e segurou minha mão, andamos até nosso pique nique e sentamos.
José comeu quase tudo sozinho, enquanto eu procurava com o olhar a Marina de novo.
Eu estava pensando que ela tinha dado um tempo, que estava recopondo os poderes, qualquer coisa eu esperava, só não esperava que ela estava fingindo ser humana para o José.
Cinco e meia da tarde nós saímos, José me deixou em casa, e saiu, deitei na minha cama e mandei uma mensagem para a Alice.

Marina está fingindo ser humana.

Obs: dedico a minha amiga Isa que ama joanca até mais que eu.

Série Cemitério: Eles Continuam Aqui. Volume 3Onde histórias criam vida. Descubra agora