Narrado por José
Não consigo raciocinar, saio correndo do colégio o mais rápido possível, não pego nem minha bolsa. Saio correndo pelo meio da rua movimentada e escuto os carros buzinando e freiando, mas não paro.
Viro a esquina e me esbarro no Marcos, ele me encara assustado, mas não paro para conversar, continuo correndo sem rumo.Vinte minutos depois de correr sem parar, paro em uma rua e sento na calçada, chorando e estou com raiva de mim mesmo por estar chorando, eu cansei de chorar, eu cansei de me decepcionar, pareço um nenem chorando sem parar.
Começo a socar o chão, minha mão arde e sinto o sangue escorrer, mas não me importo, só preciso de uma dor física para esquecer a dor mental, só preciso esquecer minha mãe que mentiu, Bianca e Alice que me decepcionaram, eu só preciso esquecer.
Bato tão forte no chão que solto um grito de dor, alguém abre um portão atrás de mim e eu me espanto pensando que era algum espírito. Mas quando percebo é a mãe da Bianca e eu estou sentado em frente sua casa. Ela olha espantada para minha mão.
- Meu filho - Ela continua me encarando - o que aconteceu?
- Nada tia - Eu disse - nada.
- Está acontecendo algo sim! - Ela aumenta um pouco o tom de voz - olha sua mão meu filho, entra deixa eu fazer um curativo.
- Não precisa tia - Eu dou dois passos para trás.
Eu não aguentaria entrar lá, tudo lá dentro me lembraria ela, e eu não poderia me lembrar dela, não agora, agora eu só preciso esquece-la, viro e saio correndo, escuto a mãe da Bianca gritar, mas não paro para escutar o que ela diz, viro a esquina e corro ainda mais rápido.
Em um breve momento penso na Marta e na fazenda e decido ir pra lá.
Vou correndo lá pra casa e em quinze minutos chego e abro o portão, pego a chave no meu quarto e desço correndo a escada e escuto a Aurineide me chamando, mas ignoro e entro no carro, tiro o carro da garagem e aperto o controle pro portão fechar.
Dirijo a setenta quilômetros por hora e quando chego na BR aumento para cento e vinte quilômetros, em meia hora chego na fazenda e desço do carro. Encontro o Sr Francisco sentado em uma cadeira de macarrão na área da casa, ele me vê e levanta.
Vou em sua direção e o abraço como se estivesse tudo bem.
- Onde está a Marta? - Pergunto.
- Na escola - Ele responde - mas daqui um pouco ela chega.
- Posso espera-lá? - Pergunto.
- Claro - Ele sorri e pega a bengala - vamos entrar e conversar.Perto de uma hora da tarde Marta chegou, ela me encarou e sentou ao meu lado na mesa do almoço e me abraçou sorrindo.
Almoçamos enquanto o Sr Francisco falava como eu e Marta era um lindo casal e de quando éramos pequenos todos pensavam que ficaríamos juntos, antes do meu pai - Não sei o que é agora - voltar para Minas Gerais.
Terminamos o almoço e eu e a Marta caminhamos em silêncio até o estábulo. Marta era linda, seu cabelo moreno em contraste com os olhos incrivelmente azuis, seu corpo estruturado, não sei como resistir na primeira vez, mas agora nada mais me impede.
Ela abre a porta do estábulo e eu a puxo para dentro e a envolvo nos meus braços e a beijo.
- E sua namorada? - Ela para o beijo por um instante.
- Cala a boca - Eu peço e volto a beija-lá.
Ela tira minha camisa e logo depois desabotoa minha calça, no mesmo instante em que tiro sua blusa e seu sutiã.
Aperto ela contra a parede sem tirar os lábios dela do meu, ela arranhava meus braços e costas e cada vez mais nós dois gemiamos de prazer, ela cruzou as pernas em minha cintura e eu segurei sua bunda.Uma hora depois eu estava deitado no feno, e a Marta estava deitada sobre meu peito, nós dois ainda estávamos nus, somente com um pano qualquer cobrindo da minha cintura para baixo, ela passava uma mão no meu abdômen e beijava meu pescoço, e eu mexia em seu cabelo.
- Não querendo estragar o clima - Ela disse - mas por que agora você quis?
- Eu separei - Respondi - ela mentiu para mim, e eu separei.
- Ela te traiu?
- Não - Respondi - ela escondeu um segredo.
Ela levantou a cabeça e seu cabelo ficou espalhado sobre meu corpo.
- Ela escondeu de mim que eu sou adotado - Ela me encara espantada - a Sirlene não é minha mãe de verdade, e ela sabia disso, e sabe o pior de tudo, minha mãe verdadeira tem seu nome - Eu sorri sem humor.
- Não sei o que dizer - Ela me encara - realmente não sei o que você está sentindo.
- Só me beija - Eu digo e é exatamente o que ela faz.
Ela senta em cima de mim, fazendo eu ficar entre suas pernas e ela me beija, sinto seu cabelo ao redor do meu corpo.
Começo a sentir cheiro de fumaça e parece que Marta também, pois ela para o beijo.
- Fogo - Ela disse e sai de cima de mim.
Ela veste sua calça, enquanto eu liberto os cavalos, o fogo se espalha muito rápido, visto minha cueca e solto os dois últimos cavalos, Marta tosse muito.
- Vamos sair - Eu gritei mais logo escuto um cavalo tentando se libertar - ainda tem um cavalo.
Volto e procuro em cabine por cabine o cavalo restante, Marta grita meu nome. Na última cabine encontro um pônei. Tampo meu nariz com minha camisa e abro a porta e o pônei sai correndo.
- Vamos sair - Marta grita.
Corro até ela e a puxo para fora do estábulo, olho para trás e vejo Marina e Rodrigo no meio do fogo, o incêndio foi obra da vadia e quando ela desaparece o estábulo desmorona e eu ouço a voz da Marina em minha cabeça.
- Você não ficará com ninguém além de mim - E a voz desaparece.
Vejo os funcionários da fazenda ao nosso redor murmurando e perguntando como que começou o incêndio.
- Não sei - Marta respondia ao Sr Francisco - foi do nada vô.
- OK - Ele disse - José e Marta, vão lá para casa tomar banho.
Eu e a Marta voltamos para a casa em silêncio.Termino de tomar banho e volto para o quarto, me visto e dou um beijo na Marta.
Volto para o carro determinado a ir para o cemitério falar com Marina. Cansei de ficar no lado perdedor, vou me juntar à ela e virar um espírito, para derrotar um monstro só sendo outro.
Em uma hora cheguei no cemitério e peguei a faca debaixo do banco que eu sempre deixava, passei pelo portão e fui até a cruz no centro do cemitério.
- Marina - Eu gritei - vou me juntar a você, eu cansei, quero ir para o seu lado.
Peguei a faca e apontei para meu abdômen e no instante em que iria enfiar a faca, uma força invisível me para e logo vejo Marina a minha frente, seus olhos estavam assustados mais seus lábios sorriam com o sabor da vitória.
- Sempre soube - Ela sorriu mais ainda - você parece ser de luz, mas dentro de você só há trevas -Ela me encarou nos olhos - mas preciso de você vivo.
- Por que? - Eu pergunto - cansei da Bianca e de todos, eles mentiram para mim.
- Eu sei - Ela tirou a faca da minha mão e começou a passar a mão pelo meu corpo - eu vi tudo, não sabia que a velhota era sua mãe, meus pêsames.
Ela me beijou e eu retribuir, mas ela logo acabou com o beijo.
- Preciso que me conte tudo - Eu disse - já que vou estar do seu lado.
- Calma - Ela deu a volta parando nas minhas costas - preciso ter confiança em você primeiro.
- Pode confiar - Eu disse - farei tudo que você mandar.
- Por enquanto preciso que vá pra casa - Ela disse - e fique vivo meu amor.
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Série Cemitério: Eles Continuam Aqui. Volume 3
Lãng mạnOs 5 ainda estão abalados com a tragédia, e os espíritos não para, colocam ilusões em suas cabeças e além disse há pessoas os perseguindo querendo descobrir seus segredos e o por que deles estarem tão estranhos. Eles Fazem um novo amigo - Enzo - e M...