Quando minha mãe chegou em casa, Pedro havia saido, e ela chegou dizendo que naquele dia não iria trabalhar e fiquei um pouco mais aliviada. Mas, eu sabia que devia contar, porém, não conseguia e nem sabia como fazer isso.
Minha mãe sempre foi uma mulher de intuição forte, ela sempre sentia quando algo estava errado, e aquele dia não foi diferente.
Lá pela hora do almoço, Pedro retornou pra casa para pegar sua bicicleta dizendo a minha mãe que iria sair, e quando ele passou por mim, meu corpo se retraiu. Minha mãe me olhou com aquele ar investigativo de sempre e, quando Pedro saiu, me perguntou:
- Aconteceu alguma coisa? Andaram brigando, de novo, por causa da TV?
- Não mãe - disse tentando parecer o mais natural possível
- Mesmo?
- Mesmo - eu queria chorar, um nó apertava minha garganta
- Eu hein, sei não você tem alguma coisa....
- N...Não é nada - nesse ponto eu já estava chorando
- Meu deus filha, o que aconteceu?
Eu não conseguia falar, não dava, as palavras simplesmente tropeçavam e sumiam antes mesmo de chegar aos lábios. Meus olhos me impediam de enxergar pois lágrimas e mais lágrimas brotavam deles sem parar. Meu coração batia tão rápido e tão forte, que parecia querer dizer: "me tira daqui"
Disse a ela que mais tarde lhe diria e que estava tudo bem, e na manhã do dia seguinte, escrevi tudo em um papel e deixei ao lado de sua cama, para ela lê-lo ao acordar. Fui para o colégio.
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Vivendo no escuro
Short StoryO que é a escuridão afinal? Como é viver sem nenhuma perspectiva de vida? Até que ponto alguém deve chegar para achar na morte a solução para algo? De que vale uma vida de sofrimento e ilusão? O livro aqui feito, com cada resquício de dores que já f...