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Minha mãe decidiu que eu voltaria a estudar no meu antigo colégio, no local onde morávamos antes. Fiquei mais feliz por que achei que poderia me reconciliar com minhas antigas "amigas".

No ínicio foi legal, voltei a falar com minhas amigas e conheci até outra menina, a Malu, uma gordinha que ninguém gostava mas eu adorava. Ela era super auto astral (nem sempre, mas era), era doida como eu e a gente se dava muito bem. Posso dizer que o primeiro ano naquele colégio, desde a minha volta, foi um ano tranquilo. A unica coisa trágica, foi o fato de eu menstruar pela primeira vez.

O ano chegou ao fim e nas férias, em um dos dias em que posei na casa de Malu, ela me disse sobre um supermercado que estava contratando como menor aprendiz e que era bom porque não trabalhava tanto e tinha dois dias de curso durante a semana que também era bem tranquilo. Fiquei mega interessada, cheguei a conversa com a minha mãe e no dia seguinte liguei no número que ela me passou para marcar a entrevista.

A entrevista seria numa sexta-feira, seria uma entrevista coletiva para a contratação de aprendizes, então, Malu foi comigo.

Foi um dia divertido. Primeiro porque eu tive que passar na casa dela e a mãe dela (que era do tipo doida, mas, gente boa) foi conosco. Pegamos dois onibus. O segundo onibus iria para o terminal de onde deceriamos e iriamos andando até o local da entrevista.

Neste mesmo onibus, sentou eu e Malu no banco de tras do motorista e a mãe da Malu sentou no banco de deficientes na frente do cobrador. Eu e a Malu estavamos super entretidas falando da entrevista e de como seria ter o próprio dinheiro (iludidas) de repente:

- Ai meu Deus o cadeirante!!!- era a mãe da Malu

O motorista freiou na hora e todos se levantaram para ver o que tinha acontecido, o motorista virou para mãe da Malu sem saber o que tinha acontecido e perguntou indignado:

- Meu Deus moça, o que foi isso?

- Não, nada, eu só achei que tinha visto um cadeirante, e pensei que o senhor iria atropelar ele.

Eu e a Malu se partimos de dar risada e ao mesmo tempo a gente não sabia onde por a cara de tanta vergonha, fora que a mãe dela estava chorando de rir enquanto tentava pedir desculpas para o motorista que a ignorava e continuava a dirigir o onibus.

A mãe da Malu desceu na metade do caminho pois iria numa consulta médica. E depois que nós duas nos recuperamos do ocorrido, decidimos comer um crepes no terminal antes de ir fazer a entrevista.

Chegando no terminal fomos direto a banquinha de crepes e a malu que não alcansava o balcão pediu nas pontas dos pés um crepe de frango com queijo e um crepe de queijo e presunto.

- Manga com queijo? – disse o senhor que estava no atendendo

- Não- disse Malu ja segurando a risada- eu disse frango com queijo

- Ata, tudo bem- disse o senhor pegando os ingredientes para o crepes

Depois de pagarmos pelo crepe, saimos do terminal rumo ao local da entrevista

-Eu não acredito- Malu estava a despedaçar o crepe com as mãos- eu pedi frango com queijo e ele deu só de queijo.

-Ai Malu, da um desconto, o velinho mal sabe distinguir palito de crepe com palito de picolé- disse mostrando o palito de picolé em que meu crepe estava.

- Velho doido.

Chegamos no local da entrevista e ficamos aguardando na recepção para sermos chamadas, a sala estava enchendo cada vez mais.

- Maria Luiza Dutra Miranda- disse a moça atrás do balcão

- Vai lá Malu, representa- disse dando risada dela

- Vai se ferrar- ela me deu um tapa discreto e foi em direção a mulher que havia chamado

Minutos depois Malu saiu dizendo que era muito tranquilo e que não perguntaram nada de mais, tirando as vinte vezes que perguntaram se ela estava grávida ou se tinha filhos.

A moça da recepção me chamou e fui em direção ao local indicado tentando mostrar o máximo de confiança possivel.

O lugar da entrevista era um salinha ao lado de varia outras onde estava ocorrendo as entrevistas, tinha janelas de vidros e quem estava do lado conseguia ver sua entrevista, parecia bem desconfortável.

Dei duas batidas na porta e em seguida entrei

- Olá, bom dia- disse mostrando meu melhor sorriso (ou não a mulher fez uma cara estranha)

- Olá ****** tudo bem? (não vou dizer meu nome caro leitor)- disse a entrevistadora me indicando que se sentasse a sua frente

- Tudo sim

- Então, eu estava vendo a sua ficha aqui e você tem 15 anos, certo?

- Isso

- Então ****** fale um pouco sobre você

Eu estava torcendo pra ela não fazer essa pergunta

- Bom então, eu gosto de....

- Genival de Jesus Jesuino de Nazaré- disse a entrevistadora do lado

Não me aguentei a hora que eu ouvi o nome e vi o menino chegando eu comecei a rir ali mesmo e a entrevistadora na minha frente com aquela cara de "oi?"

- Meu Deus- percebi o problema da situação- mil perdões

- Pelo jeito você é do tipo que da risada de tudo né

- Pra ser sincera, sou sim, mas juro que isso é só fora do trabalho, eu sou altamente profissional ( nem eu acreditava naquilo, duvido que ela tenha acreditado)

- Aiai- ela estava rindo- continue por favor... O que você gosta de fazer nos seus tempos livres?

- Eu gosto de ver filmes, ler livros e escutar música.

- Namora?

- Não

- Não gosta de sair com amigos?

- Sou mais do tipó que prefere ficar em casa

- Compreendo. Sua matérias favoritas do colégio?

- Sociologia, Filosofia, História e Artes.

- Hm... de humanas- ela não parava de anotar tudo que eu dizia e aquilo me dava certa angustia- Bem... grávida?

- Não

- Tem filhos?

- Também não

- Bebe ou fuma?

- Nenhum dos dois

- Ótimo, bem, é só isso mesmo. Até a sexta-feira da semana que vem nós retornamos para dizer se você passou e o dia que tem que vir para encaminharmos você para exames e todo o processo de contratação.

- Okay, tudo bem, obrigada.

Vivendo no escuroOnde histórias criam vida. Descubra agora