Cheguei na casa da minha tia mega irritada, e eu ainda tinha que trabalhar aquele dia.
- O que aconteceu? - disse minha prima Tasha com ar de espanto.
- Ah, nada, só umas idiotas ai que andam me infernizando - respondi.
Virei as costas e sai. Nem cheguei a almoçar naquele dia eu estava morrendo de raiva.
O dia no trabalho, tinha sido corrido como sempre. Mas o que me aliviou, foi lembrar que era dia do pagamento.
Eu recebia em torno de 900,00 reais, então dava uns 400,00 reais pra minha tia, e o restante eu mandava para minha mãe. E eu? Bom, eu ficava sem nada. Não tinha muito com o que gastar e o principal era pagar minha estadia.
Depois de depositar o dinheiro da minha mãe e entregar o da minha tia, fomos ao supermercado onde eu trabalhava fazer a compra do mês.
Minha tia com minhas primas, como de costume, se responsabilizaram de comprar o essencial, e eu fui comprar as minhas 'gordices' separadamente para marcar na minha conta e ser descontado do salário do próximo mês.
Era dia da minha folga então quando voltamos do mercado eu ajudei a guardar as comprar, limpar a casa e fazer o almoço.
Depois de almoçar, fui em direção ao armário na intenção de pegar as bolachas que eu havia comprado, e quando fui pra sala comendo uma delas, imediatamente fui repreendida por minha tia.
- O que você está fazendo? Comendo a bolacha do seu primo? Eu já disse que pode comer o que quiser mas deixa os lanches do Lipe em paz.
- Em primeiro lugar - respondi - essa bolacha foi a que eu comprei pra mim, separada da compra do mês. E em segundo lugar, se faz tanta questão, o Lipezinho que coma isso aqui com pacote e tudo - coloquei a bolacha no sofá e sai.
Fui a cozinha e peguei um dos iogurtes que normalmente ela comprava pra mim e para minhas primas. Quando volto na sala, sou repreendida novamente.
- Sabia que o preço do iogurte subiu? Mês passado as bandejas acabaram em menos de duas semanas, e olha que eu comprei seis e as meninas não comem tanto assim - disse ela se referindo a minhas primas, que não estavam em casa.
- É, tem que economizar porque ninguém aqui é rico - era meu tio, falando atrás de mim, ele havia acabado de chegar, eu não suportava ele.
- Olha... - eu juro que estava tentando ser calma ao falar com eles - Que eu saiba, eu não estou comendo aqui de graça, até porque, minhas queridas primas trabalham e não ajudam com um centavo se quer dentro dessa casa, então, nada mais justo do que eu ter o direito de comer. Caramba!!! - não aguentei, estava explodindo.
- Você já está passando dos limites, vou ter uma conversa seria com sua mãe - minha tia estava furiosa.
- Ta. Vai. Corre lá, se quiser te passo o número.
Ignorei tudo que eles estavam falando e fui para o quarto. Peguei o pedaço de espuma velho que eu ganhei quando cheguei la e e eles tinham orgulho em chamar de colchão, uns pedaço de trapos furados que eles diziam ser cobertas, e dormi.
Eu não fazia ideia de como estava cansada. Dormi a tarde toda e só acordei na manhã do dia seguinte pra ir ao colégio.
Minhas primas estavam tagalerando na cozinha como sempre, e minha tia e meu tio, aquela altura do campeonato, já tinham ido trabalhar.
- Ai ele é muito idiota, ele acha que eu realmente vou querer alguma coisa com el... Ah, você acordou - era Alexia, minha outra prima, com aquela cara de falsa como sempre, sorrindo para mim.
- É... Pra felicidade de poucos de infelicidade de muitos, eu acordei.
- Credo... Que horror - disse Tasha.
Que seja, aquelas duas não faziam a menor diferença pra mim.
Fui abrir a geladeira e tinha um bilhete na porta e... Tanaaaam, bilhetinho da titia.
"É proibido comer qualquer coisas entre 6 e 7 horas da manhã, 11 e 13 horas. Isto vale para todos"
- Que porcaria é essa? - disse apontando por bilhete.
- E que a mãe achou melhor corta alguns horários e tudo mais - disse Tasha com ar de despreocupada.
- Mas é só nesses horários que eu estou em casa, se eu não posso comer nesses horários, significa que eu só vou jantar.
- Lamento, mas sabe como que a mãe é. Uma ordem é uma ordem, não podemos ficar contrariando ela- disse Tasha olhando para Alexia- Bem como eu tava dizendo... Aquele babaca realmente acha que vou querer alguma coisnguéa com ele, e fica fazendo aqueles poeminhas e fa...
Virei as costas e fui arrumar meus materiais. Ainda tinha que enfrentar aquele inferno que carinhosamente era apelidado de colégio.
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Vivendo no escuro
Short StoryO que é a escuridão afinal? Como é viver sem nenhuma perspectiva de vida? Até que ponto alguém deve chegar para achar na morte a solução para algo? De que vale uma vida de sofrimento e ilusão? O livro aqui feito, com cada resquício de dores que já f...