Quarta-feira chegou. Eu e minha mãe fomos até o local da entrevista.
Lá, a tal da Jessica, me fez assinar alguns papeis e me deu um outro papel da clinica onde eu iria fazer o exame admissional.
Eu e Malu, por mera coincidência, tivemos o mesmo horário marcado para o exame.
Chegando la, Malu foi chamada logo de cara. Fiquei esperando na recepção quando entrou pela porta da clínica um menino moreno, de óculos, com uma cara de nerd, porém, bonito. E o reconheci do dia da entrevista, pois ele estava sentado na minha frente, na recepção, conversando com uns amigos.
Fiquei ali sentada por um bom período de tempo, até que Malu retornou e logo em seguida a médica me chamou.
Entrei na consultório e notei que o lugar era bem agradável.
Havia uma mesa no canto direito da sala, o teto era de gesso, tinha uma máquina de café do lado oposto da mesa, e o ar condicionado deixava o local quente e aconchegante. A médica me indicou uma cadeira para se sentar e começou a me fazer algumas perguntas:
- Seu nome é ******. Certo?
- Sim
- Possui alguma deficiência? Seja ela: de visão, audição ou qualquer outra coisa?
- Não
- Alguma doença?
- Também não. Bom, não que eu saiba né, mas espero que não- a médica riu e ficou fazendo "não" com a cabeça
- É... Deixe me ver... Grávida?
- Não
- Já teve alguma relação sexual?
Eu não sabia que haveria esse tipo de pergunta, e confesso que paralisei, todo sinal de sorriso que estava em mim a pouco, havia sumido.
- Você me escutou?- disse a doutora
- Ah...sim, sim... Perdão, eu acho que paralisei aqui por um segundo, deve ser o nervoso... Sabe como é...
A médica me olhou com certo ar de desconfiança porém repetiu a pergunta:
- Já teve alguma relação sexual?
- Não- eu não queria falar que sim, e obviamente, eles não ia querer tirar a prova comigo, então, deixei assim mesmo.
- Okay, agora eu vou fazer alguns teste com a sua visão e audição
Ela me fez ler e reler um daqueles cartazes com letras e a cada linha são menores e depois me levou pra uma sala onde eu tinha que entra dentro de uma espécie de "quartinho" com um fone de ouvido onde eu iria ouvir sons intercalando de casa lado do fone e eu deveria levantar a mão conforme o lado q eu tinha ouvido o som. Muitos desses sons eram baixíssimos e praticamente imperceptíveis, porém, fui bem.
Terminado o exame, eu e Malu fomos à nossa lanchonete favorita. Ela pegou uma pizza, uma coxinha e uma coca. Eu peguei um bolo de dois amores, uma coxinha e uma coca. Rimos muito e depois decidimos passear pelo centro da cidade, onde compartilhamos a nossa paranóia de que andar embaixo das árvores de uma praça em que estávamos era perigoso, pois nós duas sempre pensamos que, do nada, um mendigo ia pular de uma delas e nos assaltar. Sim, a gente era doida.
O dia ja estava chegando ao fim, e estava anoitecendo. Cada uma foi para sua casa. E as duas, ansiosas para a próxima semana, primeiro dia no trabalho novo.
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Vivendo no escuro
Short StoryO que é a escuridão afinal? Como é viver sem nenhuma perspectiva de vida? Até que ponto alguém deve chegar para achar na morte a solução para algo? De que vale uma vida de sofrimento e ilusão? O livro aqui feito, com cada resquício de dores que já f...