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- Volta pra casa agora, você não pode ficar na rua- respondeu Hellen- eu vou ter uma conversa séria com a mãe, ela passou dos limites.
   Hellen desligou o telefone depois de dizer isso, e novamente veio até mim aquela sensação de estar sozinha e indefesa. Mas mesmo assim eu fui pra casa.
   Chegando em minha casa, noto que Pedro não esta e minha mãe parece estar falando com Carla no telefone. Depois de alguns minutos ela desliga e sai do quarto.
   Ríspida e sem olhar na minha cara, ela apenas diz:
- Amanhã vamos na delegacia prestar b.o e já disse pra Pedro sair de casa. Mas é o seguinte você vai fazer  o que eu te disser...

  Depois dali, seguiu-se uma longa conversa, um acordo para que eu mentisse, omitisse os fatos críticos principais em troca de ficar longe de Pedro e em uma nova casa.

  No dia seguinte, fiz tudo conforme o combinado, Pedro foi embora para outro estado e minha mãe depois de um tempo conseguiu dar entrada em uma casa.

   Quando nos mudamos, eu sentia que tudo seria diferente, eu sentia que ainda tinha chances para ser feliz. Mudei de colégio, mudei de amizades, comecei a trabalhar, conheci Deus. Tudo era novo. Era um recomeço. Eu já não sentia mais o peso do passado.

   Pedro para mim, já não era mais um monstro, pois as drogas são armas do mal que servem para destruir e eu sabia que ele foi controlado por elas. Mas la no fundo da minha alma, nenhum sorriso, nenhuma alegria momentânea poderia esconder um rancor, daquela quem me trouxe ao mundo... minha mãe.

  Depois de tudo isso, a relação com a minha mãe, nunca mais foi a mesma. Não que a gente não conversasse, não brincasse, não risse; Mas não era a mesma coisa, sabe quando simplesmente as coisas já não são as mesmas com alguém?

  Mas era preciso seguir em frente. A vida é um eterno seguir em frente o máximo que puder. E eu estava tentando.

Vivendo no escuroOnde histórias criam vida. Descubra agora