Capítulo 12 - Dylan

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Acordo com a voz da minha mãe me chamando.

- Dylan, - ela grita- acorda. Você vai atrasar.

Abro os olhos lentamente, e me forço a sair da cama. Quando olho para a porta ela está lá me encarando.

- Estou encrencado? – pergunto ao ver sua expressão séria.

- Você dormiu fora? – ela pergunta.

Balanço a cabeça em uma negativa.

- Bebeu? – ela continua – Usou alguma outra droga?

Nego novamente.

- Não usei nada disso, mãe – respondo – Só sai com uma amiga do trabalho.

Ela me olha com uma expressão estranha, e sei exatamente o que ela está pensando.

- Não precisa se preocupar, mãe – eu digo – Não aconteceu nada.

Ela parece mais aliviada ao ouvir isso.

- Você poderia ao menos tentar disfarçar o seu entusiasmo – digo chateado.

Ela solta uma risadinha.

- Desculpa filho, é que eu fico preocupada com você – ela diz e senta ao meu lado, na beirada da cama. – Você parecia tão abalado e... – ela não completa a frase.

- Eu estou bem – minto.

- Eu deveria acreditar nisso? – ela pergunta

- Sim, deveria, porque é a verdade. – Sinto algo estranho queimar na minha garganta. – Eu deveria está acostumado. – continuo.

- Não é algo com que se deve acostumar, filho. – ela diz, e passa um braço por sobre os meus ombros. – sinto muito que tenha que carregar esse fardo.

- Você sabe se ela está bem? – pergunto, mas estou com medo de ouvir a resposta. – Deixa pra lá... Não precisa me contar... Eu nem quero saber – digo.

Ela me olha com uma expressão solidária do rosto, e de repente me sinto envergonhado. Sinto meu rosto esquentar enquanto luto para conter as lágrimas. Viro-me de costas para ela.

- Eu vou me atrasar mãe, é melhor você ir. – murmuro com a voz embargada.

- Sim, claro. - ela fala, parece triste, e se levanta deixando o quarto em seguida.

*********

Os dias parecem passar em câmera lenta e a minha rotina não ajuda em nada o meu mau humor.

- Acordou atrasado hoje de novo – Não era uma pergunta.

- Como sabe? – indago

- Você está usando as roupas de ontem – ela responde.

Danna me encara de soslaio, com uma expressão zombeteira no rosto.

- Você tá parecendo a minha mãe – digo emburrado.

- Eu deveria tirar isso como um elogio? – ela pergunta em tom de brincadeira.

- Não mesmo – rebato.

- Você está bem? – ela pergunta de repente, parecendo preocupada.

- Você deveria parar de perguntar isso – falo, dando voz aos meus pensamentos.

- Por quê? – ela quer saber.

- Talvez a resposta não seja o que você queira ouvir – respondo.

Estilhaços - RepostandoOnde histórias criam vida. Descubra agora