Acordo com a voz da minha mãe me chamando.
- Dylan, - ela grita- acorda. Você vai atrasar.
Abro os olhos lentamente, e me forço a sair da cama. Quando olho para a porta ela está lá me encarando.
- Estou encrencado? – pergunto ao ver sua expressão séria.
- Você dormiu fora? – ela pergunta.
Balanço a cabeça em uma negativa.
- Bebeu? – ela continua – Usou alguma outra droga?
Nego novamente.
- Não usei nada disso, mãe – respondo – Só sai com uma amiga do trabalho.
Ela me olha com uma expressão estranha, e sei exatamente o que ela está pensando.
- Não precisa se preocupar, mãe – eu digo – Não aconteceu nada.
Ela parece mais aliviada ao ouvir isso.
- Você poderia ao menos tentar disfarçar o seu entusiasmo – digo chateado.
Ela solta uma risadinha.
- Desculpa filho, é que eu fico preocupada com você – ela diz e senta ao meu lado, na beirada da cama. – Você parecia tão abalado e... – ela não completa a frase.
- Eu estou bem – minto.
- Eu deveria acreditar nisso? – ela pergunta
- Sim, deveria, porque é a verdade. – Sinto algo estranho queimar na minha garganta. – Eu deveria está acostumado. – continuo.
- Não é algo com que se deve acostumar, filho. – ela diz, e passa um braço por sobre os meus ombros. – sinto muito que tenha que carregar esse fardo.
- Você sabe se ela está bem? – pergunto, mas estou com medo de ouvir a resposta. – Deixa pra lá... Não precisa me contar... Eu nem quero saber – digo.
Ela me olha com uma expressão solidária do rosto, e de repente me sinto envergonhado. Sinto meu rosto esquentar enquanto luto para conter as lágrimas. Viro-me de costas para ela.
- Eu vou me atrasar mãe, é melhor você ir. – murmuro com a voz embargada.
- Sim, claro. - ela fala, parece triste, e se levanta deixando o quarto em seguida.
*********
Os dias parecem passar em câmera lenta e a minha rotina não ajuda em nada o meu mau humor.
- Acordou atrasado hoje de novo – Não era uma pergunta.
- Como sabe? – indago
- Você está usando as roupas de ontem – ela responde.
Danna me encara de soslaio, com uma expressão zombeteira no rosto.
- Você tá parecendo a minha mãe – digo emburrado.
- Eu deveria tirar isso como um elogio? – ela pergunta em tom de brincadeira.
- Não mesmo – rebato.
- Você está bem? – ela pergunta de repente, parecendo preocupada.
- Você deveria parar de perguntar isso – falo, dando voz aos meus pensamentos.
- Por quê? – ela quer saber.
- Talvez a resposta não seja o que você queira ouvir – respondo.
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Estilhaços - Repostando
Teen FictionMia é uma garota de 16 anos, cheia de traumas e problemas familiares. Sobrecarregada com obrigações que nem suas são, leva uma vida infeliz, sendo constantemente atormentada por demônios que parecem nunca ir embora. Em um ato de desespero Mia tenta...