Neste capítulo vamos analisar duas declarações semelhantes e que podem ser debatidas com os mesmos argumentos.
Vamos à primeira declaração. Ele afirma que o dogmatismo está presente no meio religioso e isso desqualifica a fé de qualquer um. Também incentiva os amigos ateístas a conhecerem os argumentos favoráveis à existência de Deus. Eu vou além. Convido nossos amigos ateístas a conhecerem os argumentos e respondê-los. Simplesmente expliquem de onde veio a organização extrema do nosso ecossistema no tempo azóico em que imperavam altos níveis de entropia no universo (segundo a teoria de vocês). Rebatam o argumento da impossibilidade da abiogênese e fica tudo resolvido, ainda lhes damos o saldo de não precisar esclarecer como a seleção natural foi capaz de realizar a proeza anti-científica da macro evolução dos seres vivos a partir de uma única estrutura unicelular.
Vamos deixar o debate científico pra lá, já falamos bastante disso em alguns capítulos anteriores. Quero voltar nossa atenção para a questão do dogmatismo.
O dogmatismo está mesmo presente na religião. Os dogmas bíblicos são os princípios, as crenças fundamentais que influenciam a vida das pessoas. É de se esperar que um cristão, por exemplo, seja doutrinado segundo os princípios cristãos.
A segunda declaração dele é muito bem elaborada, admito. Afinal, nós só não acreditamos naquilo que nos dizem para acreditar? Se fui criado por um Cristão é natural eu achar que Ele é Filho de Deus, se fui criado por Judeus, vão me ensinar que não é bem assim.
Essa questão é interessante. Parece até mesmo não haver resposta pra ela. Primeiro vamos falar sobre transmissão de conhecimento.
Numa escola, por exemplo, se ensina História. As pessoas conhecem a partir de aulas como se deu a História de seu país. Por que as crianças acreditam no que lhes é passado? Primeiro porque eles têm os professores como autoridades, segundo porque existem documentos, fatos, dados e provas que mostram que aqueles acontecimentos são verídicos.
No caso da religião, a família e a igreja repassam o conhecimento de Deus para as crianças. Geralmente elas entendem e concordam. Conforme vai se desenvolvendo, podem surgir questionamentos. Quando puder investigar por sí mesma, o que será que essa pessoa vai encontrar?
Se ela não ficar vagando pela internet em busca de sites repletos de teorias da conspiração e feitos por pessoas religiosofóbicas (devo ter inventado essa expressão agora) vai encontrar documentos, argumentos coerentes, provas arqueológicas, evidências biológicas de design inteligente e vários outros motivos para crer que o teísmo cristão é uma visão de mundo coerente.
Se, mesmo diante do peso das evidências, ele abandonar sua crença, será uma fé que ele decidiu ter em outra coisa, porque outras pessoas lhe passaram idéias diferentes.
De qualquer maneira, temos que acreditar em alguém. Nossa análise pessoal das evidências vai determinar onde depositaremos nossa fé.
Só podem ser consideradas alienadas as pessoas que acreditam em tudo indiscriminadamente sem se importar com as fontes.
Vale ressaltar que a mente humana não é tão frágil. Nós mudamos de opinião segundo nos parecer melhor.
Lenon, por exemplo, não foi criado por pessoas que incutiam diariamente na sua cabeça a idéia da evolução, mas é nisso que ele acredita. Se todos só cremos no que nos dizem, por que ele não é teísta?
Vejamos um outro detalhe. Se um pai ateu quiser criar o seu filho no ateísmo, haveria algum problema? Não. O pai é responsável pela educação do filho. Por que, então, discriminar os pais cristãos que querem guiar seus filhos na mesma fé que eles têm?
E, por um acaso, não seria também o evolucionismo um dogma do sistema de ensino?
É justamente isso que acontece, os filhos são ensinados na escola que a única explicação para as origens está na filosofia naturalista. É engraçado estudar no sétimo ano, passar pela disciplina de biologia estudando a evolução e não receber uma única explicação lógica pra origem espontânea da vida. Eu já passei por isso.
Vemos então pais que levam seus filhos para as escolas para serem chamados de mentirosos pela disciplina de biologia, como se tudo o que fosse enssinado alí fosse empiricamente biológico. O mais absurdo é que os religiosos são acusados de serem frutos de doutrinação quando o evolucionismo, mesmo sem provas cabais, é ensinado nas escolas para as crianças como uma verdade absoluta, como se elas precisassem acreditar nisso para serem normais. Toda a contra-evidência é ocultada, como se qualquer um que ousasse pensar diferente fosse estranho e primitivo.
O dogmatismo ataca a área científica. A teoria da Evolução é o dogma central de um sistema flutuante, sem bases matemáticas.
Os próprios professores muitas vezes são impedidos de expressarem suas opiniões se estas forem divergentes ao conteúdo imposto. Vale lembrar:
"Chegou-se ao ponto de suspender de suas funções docentes um professor titular universitário, uma autoridade mundial em sua especialidade [por ele ser criacionista]". Mistérios da Criação, página 77.
Apesar de, em alguns momentos, o MEC [para usar o caso do ensino no Brasil] demonstrar insatisfação quanto a maneira dogmática com que determinados tópicos são tratados em sala de aula, ele uniformitariza o modelo a ser estudado nas mesmas quanto às origens: "O estudo de Biologia deve possibilitar a compreensão de que a vida se organizou através do tempo, sob a ação de processos evolutivos, tendo resultado numa diversidade de formas sobre as quais continuam atuando as pressões seletivas". Determinado nas diretrizes curriculares para o Curso de Ciências Biológicas (Brasil, 2006, p. 19).
Veja como Márcio Fralberg Machado, Doutor em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, observa o fenômeno da desigualdade ideológica claramente apresentada a crianças na sala de aula. Falando sobre o ensino único do evolucionismo nas aulas de Ciências, ele diz: "Somente um modelo é apresentado e acaba por se tornar o único modelo válido. Assim, a criança, desde o Ensino Fundamental, é exposta a esse modelo, e na sua vida adulta apenas repassa aquilo que, por consenso absoluto, lhe foi passado. Perde a capacidade de discutir, de analisar, de debater, e assim perde também seu direito a cidadania plena".
A doutrinação nessa área (da educação) é tão evidente que não se pode negar. Os cérebros naturalistas se mostram tão petrificados que não aceitam mostrar para os alunos do país o outro lado da história. Qual o nome disso? Dogmatismo. Se, por um lado, os lares são taxados de dogmáticos por ensinarem religião aos seus filhos, por outro, as salas de aula são comprovadamente dogmáticas incutindo idéias incompatíveis aos valores dos pais como se estas fossem indiscutíveis (o que não é o caso).
Que bom que as pessoas não são formatadas eternamente por dogmas (religiosos ou não). No fim, todos temos a chance de escolher o que nos parece mais coerente. Se não fosse assim nós acreditaríamos para sempre no Papai Noel e eu não teria virado criacionista.
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COMO DISCUTIR COM CRENTES IRRELIGIOSOS - Resposta a Como Discutir Com Religiosos
SpiritualUma contrafação ao livro "Como Discutir com Religiosos", de Lenon Cardoso. Lí a publicação dele e encontrei um bom tema para se debater. Infelizmente, a maioria dos cristãos que leram seu livro não consseguiram contradizê-lo sem ofendê-lo ou usar ar...