Uma contrafação ao livro "Como Discutir com Religiosos", de Lenon Cardoso. Lí a publicação dele e encontrei um bom tema para se debater. Infelizmente, a maioria dos cristãos que leram seu livro não consseguiram contradizê-lo sem ofendê-lo ou usar ar...
Estava até demorando pra chegarmos a este argumento. Será que há mesmo a improbabilidade de bondade e poder simultâneos em Deus?
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Essa dúvida atormenta a maioria das pessoas, inclusive dos cristãos. Com todo o respeito, a péssima maneira como está escrita acima, sem pontuação adequada e com quebras na verossimilhança, torna o problema ainda maior. Para se escrever um livro, no mínimo, se deve saber escrever.
Comecemos pela parte mais simples, a questão do livre arbítrio.
Somos livres pra escolher?
Essa alegação de que não existe livre arbítrio para os cristãos está errada em SÍ mesma. Cremos no lar edênico do primeiro casal de humanos e que eles pecaram contra Deus ao desobedecerem-no. Deus, então, os obrigou a pecar? Eles estavam programados para isso? O fato de Deus ser onisciente e conhecer o futuro, saber quais decisões iremos tomar, não interfere na autoria de tais decisões. Ele sabe de tudo, mas isso não muda o fato de que fazemos o que fazemos porque queremos. Teologicamente falando, todos são livres para tomar decisões. Jesus deixou todos escolherem (Mateus 7:13-14). No fim, a salvação é para "quem quiser" (Apocalipse 22:17).
Basta raciocinar, por que um Deus que se entrega numa cruz por suas criaturas iria interferir no destino delas levando-as a pecar? O bem e o mal são uma escolha (lembra do Argumento Moral?), Deus apenas aponta o caminho, não empurra ninguém nele. Foi justamente por um imenso respeito da parte dEle ao livre arbítrio de cada um que aquilo que é mau entrou neste mundo.
Para terminar esta parte, eu pergunto honestamente: em que, exatamente, a onisciência divina impede a livre escolha das pessoas? Apenas para dar um exemplo, imagine que, apesar de os pais conhecerem os filhos e poderem "prever" suas atitudes, os filhos continuam sendo os responsáveis por suas ações. Não é diferente na cosmovisão cristã.
Ele não pode ser Bom e Poderoso ao mesmo tempo?
Muitos exibem tal raciocínio. Essa idéia não é nova, Epicuro (342-270 a.c), um filósofo grego, declarou: "Deus [, ...] ou deseja eliminar os males ou é incapaz disso; ou Ele é capaz, mas não tem esse desejo; ou Ele nem deseja nem seja capaz. Se Ele deseja e é incapaz, Ele é impotente, O que não corresponde ao caráter de Deus; se Ele é capaz mas não deseja, Ele é egoísta, o que novamente está em desacordo com Deus; se Ele não deseja nem é capaz, Ele é tanto egoísta quanto impotente, e portanto não é Deus; se Ele tanto deseja quanto é capaz, o que representa a única descrição adequada de Deus, qual é então a fonte dos males? Ou por que Ele não elimina os males?".
Esse argumento está intrinsicamente ligado ào deboche de alguns quando se fala em projeto inteligente na natureza. Se Deus é um Arquiteto Perfeito, como explicar as "falhas" no meio ambiente, desastres naturais, doenças genéticas, dentre outras coisas?
Michelsson Borges discorre brilhantemente sobre isso afirmando que, se você avista uma ponte quebrada, não vai concluir que ela foi projetada para ser defeituosa ou muito menos que simplesmente surgiu por acaso, e sim que Alguém inteligente a projetou e, por algum motivo degenerativo (Como um acidente ou uma explosão), ela acabou ficando daquela forma. O mesmo acontece com a Criação perfeita de Deus, que foi manchada pelo desligamento das criaturas com a Fonte da Vida.
Deus prefere ter um mundo caótico com criaturas livres que um mundo perfeito cheio de autômatos. O sofrimento pode ser impedido por Deus, Ele não o faz definitivamente porque conhece a Sua criação melhor que nós e já traçou um plano muito mais eficiente que nossos desejos temporais para dar um fim definitivo ao mal, mas a experiência do mal não é dispensável nesse plano.
Deus não fica imóvel vendo todos sofrerem. Pensem num instante nas pessoas que são as verdadeiras mãos de Deus na terra. Não são poucos os que se dedicam integralmente a aliviar o sofrimento de outros pelo fato de serem cristãos e seguirem a ordem de Cristo de amar e ajudar a todos. Cristo nos deu a direção para um mundo sem sofrimento, a humanidade não O segue e culpa O Único que apontou o caminho seguro, chega a ser irônico.
A existência do mal é uma prova contra Deus ou uma contra-evidência a favor dEle?
O argumento Moral estabelece que, se existe o certo e o errado (valores morais absolutos), existe um Doador de Moralidade. Muitos apontam o mal como uma prova de que Deus não existe, pois, se existisse, acabaria com o mal. Ou então, raciocinam, Deus é mau, pois deixa o mal alí.
Só a afirmação de que o mal existe já indica a existência do bem. Existe o bem e o mal, existem valores morais, então existe Alguém que estabeleceu estes valores. Em vez de ser uma prova para desqualificar a idéia de Deus, a existência do mal é uma contra-evidência que depõe em seu favor.
Mas, afinal, quando e como o sofrimento vão acabar? O plano básico de Deus está registrado na primeira profecia da Bíblia (Gênesis 3:15). Lá entendemos que o "descendente" da mulher, Cristo (literalmente "Salvador") veio salvar a humanidade dando um fim ao originador do mal, lembram de Hachatam?
Essa questão está estreitamente ligada a questão básica do Grande Conflito: Deus é bom ou mau? Foi essa a dúvida levantada por Lúcifer para induzir outros (Apocalipse 12:4) a escolher o antoganismo a Deus, o mal. Teologicamente falando, todos os que põem o caráter de Deus em cheque estão sendo instrumentos do lado oponente de Deus para alimentar a dúvida sobre sua bondade.
Dito isto, vamos entender (sob a cosmovisão cristã) como Deus e o mal podem existir ao mesmo tempo.
No início do Grande Conflito uma dúvida foi levantada: Deus é Bom? Os anjos, que não conheciam nada oposto ao governo divino, não entendiam como aquilo funcionava. Eles ainda não haviam experimentado o outro lado, o mal.
Após a queda de Lúcifer, o sofrimento se alastrou pelo nosso planeta. Por que Deus tolera isso? Porque é através disso que Satanás mostra quem, de fato, ele é. Pelos frutos o conhecereis, Deus decidiu que não haveria melhor maneira de desmascarar o Diabo que deixando-o realizar sua obra. Todos vemos o resultado de seu governo sobre a Terra, gostamos disso? Não! Mas não poderíamos decidir livres de dúvidas se não estivéssemos sentido na pele as intenções do "outro candidato".
Dê poder a alguém para descobrir quem é quem. Satanás recebeu o governo da Terra após tomá-lo de Adão e mostrou seu verdadeiro caráter na prática. Os anjos e as outras criaturas de Deus comprovaram que o caráter de Deus é Bom.
O Grande Conflito atingirá seu clímax quando O Criador pôr um fim ao mal, mas só habitarão no Seu Novo Reino aqueles que decidiram honrá-lO por aquilo que Ele é, inteiramente Bom. Alí não haverá ninguém propenso a fazer o que é mau. A pedra de Daniel 2 finalmente terá atingido os pés da estátua.
Apocalipse 21:8 afirma que não entrará no Reino Futuro uma série de pessoas, todas propagadoras de sofrimento. O livre arbítrio do ser humano tem levado muitos a escolherem o mal e fazerem outros sofrerem juntamente com eles por causa disso. Essas pessoas ficarão de fora, assim aquelas que querem viver em paz poderão, finalmente, viver em paz.
Deus não deve ser responsabilizado pelo sofrimento causado pela própria raça humana, e esta está rejeitando, em sua maioria, Aquele que abre os braços pronto a fundar um novo sistema sem dor, choro ou morte. Enquanto apontam o dedo para Deus, ironicamente, não enxergam Sua mão estendida.
