Capítulo 2 - Sonhos Estranhos

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Luciana chegou à casa de Tia Lucinda, onde ficaria durante as férias do fim do ano, como sempre fazia. As aulas terminaram e as garotas combinaram de manter contato, mesmo com os planos que já haviam feito para as férias até que o próximo semestre da faculdade começasse novamente.

Tia Lucinda morava no litoral, numa casa à beira mar. Sua propriedade era relativamente grande em comparação às outras que ficavam nos arredores. Tinha uma piscina grande, salão de jogos e uma pequena biblioteca particular. Na varanda que circundava a lateral da casa havia redes em todos os pilares, caso as pessoas quisessem deitar ali e relaxar um pouco.

A iluminação noturna na parte de fora da casa era feita por lampiões a gás e a interna por lustres elétricos, com exceção do lustre da sala de jantar, que era especial e antigo, à luz de velas.

Tia Lucinda ficou viúva há doze anos e herdou toda a fortuna do falecido marido. Com isso comprou essa casa à beira-mar e mudou-se para o litoral três anos após a morte do marido. Não pensava em se casar de novo. Não queria. Achava que com a idade que tinha já não havia mais alguém a quem pudesse amar.

Era no geral mal humorada e deprimida, mas adorava a "sobrinha" (porque na verdade, Luciana era sua sobrinha de segundo grau). Quando se tratava de Luciana, a mulher era capaz de sorrir e melhorar o seu humor de uma maneira inacreditável. Quem não a conhecesse e a visse ao lado da sobrinha imaginaria que era bondosa, gentil e alegre com todo mundo.

– Boa tarde, Tia Luci. – Cumprimentou-a com um sorriso.

– Boa tarde, Sobrinha Luci. – Respondeu a viúva, já com seus sessenta aos.

"Tia Luci" e "Sobrinha Luci" era a maneira carinhosa como as duas se chamavam desde que Luciana tinha sete anos (que foi a mesma época que o Tio Olavo, marido de Lucinda, faleceu). Agora Luciana tinha seus quase dezenove anos, mas permanecia com o mesmo apelido da infância e com a mesma gentileza de quando era menor.

– Coloque suas coisas no quarto, querida. Logo te chamo para comer um lanche.

A jovem foi se instalar no quarto, que ficava no andar de cima da casa. Aquele quarto já era reservado para ela, ninguém mais ficava ali. Era um quarto que ela e a tia preparam juntas assim que a mulher se mudou.

O assoalho era de madeira escura, cor de tabaco; as paredes eram de madeira mais clara, cor de creme; e o teto era em estilo cabana, com troncos de verdade se cruzando entre si e segurando as telhas acima. No chão havia um tapete persa marrom onde a gatinha da Tia Lucinda gostava de dormir, embora só pudesse fazê-lo quando Luciana estava ali.

Tia Lucinda tinha três gatos, uma fêmea e dois machos, Kiara, Cookie e Tom. Kiara era a mais nova, a última que a tia adotara, tinha apenas um ano de idade, enquanto os outros dois tinham três e quatro anos, respectivamente. A viúva também tinha um cachorro. Um labrador cor de creme chamado Dust, e um canarinho, o Tico.

Ela adorava animais e pretendia adotar mais um cachorro e outra gatinha nessas férias, quando Luciana poderia ajudá-la a escolher os nomes, como fazia quando era criança.

Luciana levou alguns livros consigo e enquanto a tia pedia à cozinheira para que preparasse um lanche, ficou deitada em uma das redes, lendo tranquilamente um deles. Após o lanche, foi ao mercado com a tia e depois do jantar e do jogo de bilhar que costumavam jogar, ambas foram se recolher para dormir.

...

02 de Dezembro

Essa noite o sonho foi maravilhoso. Fico muito feliz. Odeio quando tenho sonhos ruins. Todos são tão vívidos que parecem até reais. Acordo sempre assustada e tremendo, seja com sonhos ou pesadelos.

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