Luciana chegou à casa de Tia Lucinda, onde ficaria durante as férias do fim do ano, como sempre fazia. As aulas terminaram e as garotas combinaram de manter contato, mesmo com os planos que já haviam feito para as férias até que o próximo semestre da faculdade começasse novamente.
Tia Lucinda morava no litoral, numa casa à beira mar. Sua propriedade era relativamente grande em comparação às outras que ficavam nos arredores. Tinha uma piscina grande, salão de jogos e uma pequena biblioteca particular. Na varanda que circundava a lateral da casa havia redes em todos os pilares, caso as pessoas quisessem deitar ali e relaxar um pouco.
A iluminação noturna na parte de fora da casa era feita por lampiões a gás e a interna por lustres elétricos, com exceção do lustre da sala de jantar, que era especial e antigo, à luz de velas.
Tia Lucinda ficou viúva há doze anos e herdou toda a fortuna do falecido marido. Com isso comprou essa casa à beira-mar e mudou-se para o litoral três anos após a morte do marido. Não pensava em se casar de novo. Não queria. Achava que com a idade que tinha já não havia mais alguém a quem pudesse amar.
Era no geral mal humorada e deprimida, mas adorava a "sobrinha" (porque na verdade, Luciana era sua sobrinha de segundo grau). Quando se tratava de Luciana, a mulher era capaz de sorrir e melhorar o seu humor de uma maneira inacreditável. Quem não a conhecesse e a visse ao lado da sobrinha imaginaria que era bondosa, gentil e alegre com todo mundo.
– Boa tarde, Tia Luci. – Cumprimentou-a com um sorriso.
– Boa tarde, Sobrinha Luci. – Respondeu a viúva, já com seus sessenta aos.
"Tia Luci" e "Sobrinha Luci" era a maneira carinhosa como as duas se chamavam desde que Luciana tinha sete anos (que foi a mesma época que o Tio Olavo, marido de Lucinda, faleceu). Agora Luciana tinha seus quase dezenove anos, mas permanecia com o mesmo apelido da infância e com a mesma gentileza de quando era menor.
– Coloque suas coisas no quarto, querida. Logo te chamo para comer um lanche.
A jovem foi se instalar no quarto, que ficava no andar de cima da casa. Aquele quarto já era reservado para ela, ninguém mais ficava ali. Era um quarto que ela e a tia preparam juntas assim que a mulher se mudou.
O assoalho era de madeira escura, cor de tabaco; as paredes eram de madeira mais clara, cor de creme; e o teto era em estilo cabana, com troncos de verdade se cruzando entre si e segurando as telhas acima. No chão havia um tapete persa marrom onde a gatinha da Tia Lucinda gostava de dormir, embora só pudesse fazê-lo quando Luciana estava ali.
Tia Lucinda tinha três gatos, uma fêmea e dois machos, Kiara, Cookie e Tom. Kiara era a mais nova, a última que a tia adotara, tinha apenas um ano de idade, enquanto os outros dois tinham três e quatro anos, respectivamente. A viúva também tinha um cachorro. Um labrador cor de creme chamado Dust, e um canarinho, o Tico.
Ela adorava animais e pretendia adotar mais um cachorro e outra gatinha nessas férias, quando Luciana poderia ajudá-la a escolher os nomes, como fazia quando era criança.
Luciana levou alguns livros consigo e enquanto a tia pedia à cozinheira para que preparasse um lanche, ficou deitada em uma das redes, lendo tranquilamente um deles. Após o lanche, foi ao mercado com a tia e depois do jantar e do jogo de bilhar que costumavam jogar, ambas foram se recolher para dormir.
...
02 de Dezembro
Essa noite o sonho foi maravilhoso. Fico muito feliz. Odeio quando tenho sonhos ruins. Todos são tão vívidos que parecem até reais. Acordo sempre assustada e tremendo, seja com sonhos ou pesadelos.
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Portal Dos Sonhos [A Revisar]
FantasíaVocê já parou para pensar de onde vem seus sonhos insanos? Por que parecem tão reais? Por que os pesadelos insistem em te atormentar? Não acredita nas respostas da ciência? Luciana também não acreditava e descobrirá as verdadeiras respostas da pior...