Capítulo 9

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Ryan Brock

Quando eu só tinha quinze anos, conheci Regina, uma mulher forte e sua personalidade sempre foi difícil, mas com o tempo nos tornamos amigos íntimos, nos conhecíamos como a palma de nossas próprias mãos.

Ela abriu uma loja aos vinte anos com a ajuda de seu pai e entrei como sócio, tudo era uma maravilha, e a pequena loja começou a crescer cada vez mais.

Foi então que conhecemos Carlos, pois o estabelecimento era exatamente o local que dividia a cidade e colocava em ordem duas gangues. As que comandavam toda a cidade.

As brigas entre esse grupos começou quando Harry, um cara traficante e chefe do lado esquerdo da cidade decidiu que queria minha amiga como mulher dele para que pudesse ser dono de mais da metade do local. Mas a única coisa que não contava era Carlos e Regina acabarem se apaixonando logo depois da cisma dele.

Então o amor deles foi declarado e eu nunca apareci, somente ouvia relatos de Regina sobre como amava por demais seu companheiro e me mostrou a pulseira.

-Quero que cuide da garota caso eu falte... - franzi o cenho quando ela soltou essa frase em um almoço entre nós dois.

-Não fale besteira Re... você ainda vai viver muito... e vai até poder dar filhos a Carlos... - a vi muito pensativa.

Conhecendo-a bem, eu já sabia que ela estava sentindo algo, sempre acreditou em sexto sentido. Mas só fui saber disso quando a própria Regina quis passear comigo em um bosque fora da cidade, e quem apareceu foi Vallentina.

Nessa época eu já portava uma arma calibre 38, em caso de haver alguma gangue invadindo nossa loja.

Vallentina estava de calça jeans rasgada, camiseta vermelha de lama e toda molhada, descalça e pés machucados, mas a pulseira lá em perfeito estado.

Eu já sabia o que fazer, mas não poderia simplesmente aparecer com ela para Carlos, nisso que nem eu mesmo o conhecia, ele poderia querer matá-la ou me matar. Sempre foi conhecido por ser frio com pessoas, já fez tanta coisa que é capaz do próprio diabo ter medo dele. Então não poderia simplesmente levá-la lá e deixar a própria sorte.

Decidi ajudá-la, levei-a para a casa onde Regina havia comprado a muitos anos e não usava, cuidei dela por alguns dias. Depois voltou para casa, não sei ao certo o que disse para os pais, mas isso desencadeou um divórcio e seu pai sumiu do país. Ela se estabeleceu e nunca mais apareci na vida dela.

Fui atrás de Carlos, me ofereci para trabalho com tecnologia que sempre foi meu forte e me tornei o Hacker mais temido entre todos, e ganhei a confiança de Monstro - Carlos Puertas -  assim pude ir atrás de Vallentina, mas queria poder ajudá-la sem me esconder de ninguém. Então criei Gustavo, um professor da educação infantil, fiz a faculdade que precisava e me tornei professor na mesma creche que ela lecionava. Consegui entrar um tempo antes que ela.

Mas o que eu não contava seria eu me apaixonar por Anna, uma taxista faladeira que salvei de um assalto. Negra, cabelos afro e bem volumosos, um sorriso tão radiante que até hoje me perco nela, olhos escuros como jabuticaba e tão inteligente que demorei de admitir.

Me apaixonei perdidamente, ela soube quem sou e contei tudo, nunca me julgou e sempre esteve ao meu lado. Quando Vallentina e ela se encontraram, pareciam que se conheciam a anos, deram de cara uma com a outra e não se desgrudaram.

Tanto que em nosso casamento, Vallentina foi madrinha, e indiretamente Anna conseguiu fazê-la usar a pulseira de Regina sem desconfiar que ela sabia de tudo de sua história.

Foi difícil esconder Anna, por sorte Vallentina ficava ao seu lado. Já passei meses sem voltar para casa pois tinha que fazer serviços para Carlos, o que implicava de não poder nem ligar para ela pois estava na presença dele.

Aluguel - Coleção HerdeirosOnde histórias criam vida. Descubra agora