Capítulo 2

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Vallentina Borais

Já aluguei esse mesmo quarto para dois outros homens. Um fez intercâmbio, conheceu uma brasileira e não voltou mais, fui convidada para o casamento - éramos como irmãos - hoje ele tem um filho de quatro anos. O outro precisou voltar a morar com a mãe, ela estava doente, então precisei colocar para alugar novamente o quarto.

Nenhum dos dois jamais me fez sentir tão inconfortável como esse senhor Puertas. Quando conversamos pelo computador, me disse que tinha trinta e seis, milionário por herança e foi militar por quinze anos. Não me importo quem sejam eles, mesmo que minha sanidade queira homens que sigam a lei, mas às vezes um que não segue pode me dar a segurança que preciso.

Carlos Puertas parece ter um e noventa de altura, comparado aos meus poucos um e sessenta, eu pareço uma formiga ao lado dele, é grande em músculos, tanto que sua calça e blusa social vinho pareciam querer explodir nele.

Seu porte assusta, e é isso que quero, mesmo que tenha me deixado desconfortável por me olhar a todo momento. Mas não quero me envolver, não mesmo.

Vejo-o fechar a porta e suspiro, mesmo que eu não queria nada, não posso negar que ele faz qualquer mulher ficar louca.

Entro no meu quarto e pego minha toalha e uma muda de roupa, preciso de um banho e depois vou sair para o trabalho.

Rapidamente estou com o chuveiro ligado e ouço a porta ser aberta, deve ser ele, mesmo que tenha sido rápido, mas tem a chave então não me importo. Resolvo lavar os cabelos e saio do banho, coloco minha lingerie, minha calça e esqueci minha camiseta.

-Era só o que me faltava!

Abro a porta dando de cara com Carlos que me olha de cima a baixo, está de chinelo, calça larga e uma camiseta branca definindo cada músculo, também percebi em seu braço esquerdo uma tatuagem tribal Maori que atingia seu punho dando-lhe um charme.

-Você fica bonita de vermelho... - então me lembro que a toalha em meus ombros está aberta mostrando meu sutiã.

-Com licença! - fecho a toalha e tento passar por ele, mas sinto sua não em minha cintura e me puxa de volta.

-Não vai agradecer o elogio? - levanto uma sobrancelha.

-Para que? Você quis dá-lo a mim, não tenho obrigação de agradecer por uma coisa que não me importa! - vejo-o trancar o maxilar e fechar o punho, ele deve saber bater.

-Claro! Só se importa com a segurança que vou te passar! - assenti e retirei sua mão que ainda estava em minha cintura.

-Com sua licença... - dou um passo para trás. -Preciso trabalhar! - ele inclina sua cabeça.

-Posso saber onde trabalha, ou vai ser grossa até nisso comigo? - segurei firme em minha toalha, odeio quando me chamam de grossa.

-Você não sabe da minha vida para me chamar assim! - ele levanta uma sobrancelha e da um passo na minha direção.

-Então me deixe conhecê-la... - sua voz fez minha pele se arrepiar por inteira. Esse homem só pode estar brincando comigo.

-Sou professora... - me viro e saio correndo, tenho que controlar meus hormônios, esse homem vai fritar minha mente ainda.

Fecho a porta de meu quarto rapidamente e suspiro, vou trabalhar para ver se me esqueço de seu toque em mim.

-Pode comprar comida? - ouço sua voz através da porta.

-Você pode comprar sozinho! - então ele fica em silêncio.

-Você vai trabalhar, na volta poderia trazer... - respiro fundo.

Aluguel - Coleção HerdeirosOnde histórias criam vida. Descubra agora