Capítulo 22

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Carlos Puertas

Vallentina esfrega uma mão na outra sentada na poltrona que está de frente a todos, meu irmão está bem inquieto e Ryan está em uma tranquilidade que me deixa até nervoso.

-Vai contar ou não? - Renato solta com ansiedade. -O que foi? - ele me fita. -Isso está cada vez melhor... - ele sorri satisfeito se afundando no sofá ao meu lado.

-Eu tinha quatro anos quando levei um tiro... - a voz de Vallentina estava tão baixa que precisei me atentar a ela. -Fiz três cirurgias e consegui sobreviver!

Ela se levanta e olha para mim diretamente, levanta a barra da roupa e mostra uma cicatriz que vai de seu quadril até o meio de sua coxa.

-Perdi muito sangue... - ela volta a se sentar. -E meu pai jurou a minha mãe que encontraria a pessoa que me fez aquilo! - ela respira fundo. -Então um ano antes de eu conhecer Ryan e Regina, meus pais tiverem uma briga tão feia que acabei ouvindo para o que ele trabalhava... - seus olhos me fitam. -Ele era agente! - franzi o cenho. -Existe uma organização que o governo esconde de todos, somente os agentes de mais alto escalão sabem da existência dessa organização... - ela passa a mão no cabelo como se estivesse lembrando de algo. -E a mulher da foto era companheira de meu pai...

-Santo Cristo! - Renato solta alto e se ajeita parecendo estar assistindo um filme.

Vallentina o fita e revira os olhos.

-Continua... - ela sorri para mim.

-Meu pai a matou a sangue frio quando descobriu que ela estava traindo essa organização e enviando informações para o sogro dela... - ela semicerra os olhos. -Ryan, você sabe que McNamara... - vejo Ryan assentir.

-McNamara? - ouço uma voz e me viro vendo minha mãe petrificada. -Não me digam que Hugo McNamara está vivo? - fito Vallentina e minha mãe.

-Agora me perdi, o que houve, mãe? - Renato parecia ler minha mente.

-Hugo McNamara está vivo? - minha mãe começou a ficar branca como papel.

-Não, ele faleceu na noite que voltei para casa depois do acontecido com Regina... - Vallentina fala rapidamente vendo minha mãe soltar um suspiro de alívio. -O filho dele não ingressou no mesmo ramo, mas amava demais a mulher e desconfio que ele não saiba de toda a verdade... - ela torce os lábios. -Por isso acho que contatou vocês para achá-lo! - ela fala convicta.

-E tem como achar teu pai? - minha vez de perguntar. Ela nega.

-Ele somente ficou de longe no velório de minha mãe e nem se aproximou para falar comigo, somente sorriu de lado e foi embora... - ela parecia bem chateada, e falou como se fosse uma memória.

-Você tinha dito que não sabia da história do tal sargento... - ela sorri.

-Eu sabia o lado de meu pai, e Ryan me mostrou a foto da parceira dele de campo, então só liguei os pontos! - Renato deu uma risada contida.

-E não é que o mini projeto sabe fazer ligação? - minha vez de dar um tapa na parte de trás da cabeça dele.

-Cala a boca, Renato! - ele me fita rindo.

-Vai aceitar a oferta? - Vallentina finge que não houve o comentário de meu irmão e me fita.

-Não sei, mas não seria má ideia fazer você se encontrar com seu pai... - ela fica sem reação. -Amor? - ela continua parada como se estivesse longe.

Aluguel - Coleção HerdeirosOnde histórias criam vida. Descubra agora