Cooper
Eu não estava ansiosa na primeira sexta-feira depois das férias de verão. Na verdade, eu estava nervosa até demais. Eu tinha que levar um garoto pra casa, especialmente se tratando da pessoa que eu mais odiava na face da terra. Minha mãe estava de folga no trabalho e aquilo não poderia ser mais constrangedor. Aparentemente, eu não tinha me lembrado que minha mãe tirou aquela sexta de folga e acabei marcando de começar a fazer o trabalho de matemática no mesmo dia.
Meus dedos tremiam e minhas mãos suavam frio. E se o Sam decidisse faltar na reunião dos escoteiros? E se a Madison não fosse para a casa da melhor amiga dela? E se o meu pai chegasse cedo do trabalho?
No fim das contas, eu parecia entender o porquê dele ter sugerido de fazermos o trabalho n biblioteca, mesmo assim, eu estava voltando a pé para casa com Carter ao meu encalço.
Era tão desconfortável quando soa ser, talvez até pior.
Ele caminhava com as mãos nos bolsos do casaco do time, encarando a paisagem ficar para trás. O silêncio era a parte mais constrangedora, principalmente porque eu sabia que, se eu abrisse a boca para falar qualquer coisa, acabaríamos brigando. Era isso que acontecia toda vez que algum de nós abria a boca: nós iniciávamos uma guerra.
Respirei fundo. Eu não gostava dele, mas ficar em silêncio era pior que discutir.
— Vai demorar muito? — perguntou para mim, como se lesse meus pensamentos.
— Você é o capitão do time de Futebol Americano da escola e está cansado em uma caminhada de vinte minutos? — encarei-o sarcasticamente, e ele devolveu o olhar, desaprovador — Não... É na próxima quadra.
Atravessamos a rua em silêncio. Não éramos bons em prosseguir assuntos, muito menos em desenvolvê-los sem provocações. Atravessei o jardim e parei na frente da porta, com a chave pronta, entre meus dedos, para destrancar a entrada da casa. Ele parou passos mais para trás, escorando as costas no pilar que segurava o telhado da varanda e cruzando os braços, me encarando seriamente.
— Não sabe destrancar uma porta? — perguntou, sorrindo de canto.
Mas antes que eu pudesse responder, ou colocar a chave na fechadura, minha mãe abriu a porta, empolgada. Com um sorriso estampado em seu rosto que ia de orelha a orelha, não tinha como tudo ficar pior. Ela me encarava da mesma forma que encarou Madison quando levou Jordan em casa pela primeira vez.
Ela definitivamente se parecia com Madison, parecia até piada que eu fosse sua filha.
— Entrem — abriu passagem rapidamente.
Ela encarava Carter como se até mesmo a pose despreocupada dele a lembrasse de alguém. O sorriso que Carter abriu só me mostrava que ele queria aprontar alguma coisa, atrevido e indecente, como quem não tem nada a perder.
— Não sabia que tinha mais uma irmã, Cooper! — Carter disse, atravessando a soleira da porta.
— Ah, menino, está apenas sendo gentil! — mamãe cruzou os braços, apoiando o corpo no batente da porta e abrindo um sorriso largo para o garoto.
— Não, nem pensar — ele ergueu uma de suas sobrancelhas — Eu não sou um cara gentil, sra. Cooper!
— Mãe, você já o conhece, ele só não tem mais a mesma cara de criança de antes — revirei os olhos — É o Daniel Carter. O que me prendeu no banheiro químico...
Minha mãe riu. Diferente do meu pai, que tinha uma rivalidade milenar com o pai do Carter, minha mãe não se importava muito com as brigas bobas entre as famílias, que só foram sossegar depois que Carter e eu começamos a estudar juntos. Ela até mantinha uma certa amizade com a mãe dele.
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Superficial |LIVRO 1| [DEGUSTAÇÃO]
Teen FictionAllison Cooper era menos. Sempre menos, e nada mais que isso. A Cooper menos brilhante. A Cooper menos talentosa. A Cooper menos bonita. E Daniel Carter fazia questão de frisar o quão menos Allison era em relação à sua irmã mais velha. Bad...