Cooper
Ele balançava a perna compulsivamente. É verdade que ele sempre foi hiperativo, mas eu sabia que, naquele momento, ele o fazia só para me irritar. Eu mal conseguia prestar atenção na explicação da professora com o barulho irritante que o joelho dele fazia toda vez que batia contra o encosto da minha cadeira. Também não entendia o porquê dele ter sentado atrás de mim naquele dia, era como se ele tivesse calculado tudo antes.
Bufei, nervosa. Eu não podia dar uma de louca no meio da sala novamente, a não ser que quisesse arrumar um castigo muito pior do que fazer um trabalho com Carter.
Ele percebeu que sacudir a perna incansavelmente não resolveria, mas, ainda sem medo de tomar um soco na cara, vasculhou o estojo até encontrar uma caneta que ativasse a ponta ao apertar o botão na extremidade e, como quem não quisesse nada, começou a apertar o botão rapidamente, ativando e desativando a ponta diversas vezes por segundo.
Como ele consegue ser tão chato?
A professora virou-se para nós, cruzando os braços. Apoiou seu peso sobre a mesa e afastou os óculos de seus olhos, nos encarando por cima da armação. Ela era jovem e deslumbrante, a maioria dos garotos babava nela como se ela fosse algum tipo de divindade estudantil, apesar de sempre soar como se estivesse gemendo enquanto recitava alguns poemas. Talvez ela fizesse aquilo para chamar a atenção dos alunos para a aula, o ruim era que a atenção não era da forma que ela achava que prestassem.
Os olhos esverdeados da mulher pousaram sobre o garoto atrás de mim, suas sobrancelhas arquearam-se ironicamente e ela sorriu amarelo.
— Daniel Carter, ao menos uma vez em sua vida, você poderia, quem sabe, deixar de ser você? — ela franziu o cenho, seus seios sendo apertados entre os braços cruzados prendiam a atenção de toda a sala, que não ousava abrir a boca — É irritante!
— Não acho que seja possível — ele lançou um olhar malicioso.
— Eu imaginei que não — virou-se para a lousa para voltar a escrever, mas parou logo em seguida. Virou-se novamente para o garoto, com uma feição mais curiosa estampada em sua cara — A propósito, o que exatamente você está fazendo sentado atrás da Allison?
Ele hesitou por um instante, mas eu sabia que a resposta estava se formando na ponta de sua língua.
Seus braços envolveram meu pescoço, me puxando para trás em um abraço nada confortável que, a princípio, achei que fosse me matar. Encarei a professora, assustada, e ela ergueu uma de suas sobrancelhas, querendo saber onde ele queria chegar com aquilo.
— Queria passar mais tempo com a minha amiga! — sorriu, sarcástico.
— Vocês não se suportam. — Suas sobrancelhas ficaram ainda mais arqueadas, como se ainda estivesse tentando assimilar aquela cena, embora soubesse que Carter sempre faria alguma piadinha para encobrir o que estivesse fazendo.
— Já reparou como fazer trabalhos em dupla aproxima as pessoas? — ele sorriu largo — Não consigo mais ficar longe.
A professora desistiu, revirando os olhos e virando-se novamente para a lousa. Ela anotava bilhares de informações novas pela lousa, deslizando o giz rapidamente.
Seus braços não suavizaram a pressão até que tivesse certeza de que a professora não se viraria novamente. Toquei sua pele com a ponta dos dedos, sentindo uma intensa corrente elétrica percorrendo minhas veias, arrepiando todos os meus pelos. Estremeci, apertando levemente o braço do garoto. Ele finalmente me soltou, recostando-se novamente na cadeira e esticando as pernas, o que fez com que seus joelhos se apoiassem novamente no encosto da minha cadeira.
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Superficial |LIVRO 1| [DEGUSTAÇÃO]
Roman pour AdolescentsAllison Cooper era menos. Sempre menos, e nada mais que isso. A Cooper menos brilhante. A Cooper menos talentosa. A Cooper menos bonita. E Daniel Carter fazia questão de frisar o quão menos Allison era em relação à sua irmã mais velha. Bad...