A Patricinha e a Fera. ( DEGUSTAÇÃO)

CAPÍTULO 12 - DIANA

Richard comeu um pouco da porção, ele ficou apenas me olhando devorar tudo que surgia na mesa. Grávidas costumam sentir naturalmente mais fome, tenho certeza que ficará pior nos próximos meses. E não posso deixar de elogiar a culinária do lugar, eles tinham pratos deliciosos e as porções? Eram maravilhosas!

— Muito obrigada por me trazer aqui, eu amei mesmo; — festejei. — Estava tudo perfeito, devo parabenizar os filhos do Senhor Elias.

Richard terminou a sua cerveja.

— Você é diferente, não é como imaginei. — Disse, cruzando os braços em seguida.

— Uma patricinha fútil que não gosta de estragar as unhas preparando um delicioso pudim? — Provoquei, e para minha surpresa, ele apenas sorriu lindamente.

— Foi o melhor pudim que já comi em toda a minha vida.

— É sério?

Ele voltou a sorrir.
Céus! 
Não sei em qual parte prestar atenção, se presto atenção nos lábios harmoniosos, ou na barba impressionante que torna a sua aparência mais avassaladora, ou nos olhos… que ficam puxadinhos quando ele sorri, não tenho como evitar a beleza desse homem.

— Obrigado pela gentileza, você aprendeu a cozinhar com quem?

Bom, acho que chegou a hora da conversa sobre o nosso passado.

— A minha avó era uma cozinheira exemplar, ela sempre disse que o maior segredo para cozinhar bem era fazer tudo com amor, com doze anos decidi me aventurar na cozinha com os conselhos da minha avó. Ela morreu quando completei dezenove anos; — relembrar da minha avó aquece o meu coração. E por um momento não me sinto sozinha. — A perda dela foi muito difícil, por semanas fiquei ligando no seu celular, esperando a ligação ser atendida, mas…

— Não tinha resposta, você mandava mensagens dizendo o quanto a amava, mas havia apenas um silêncio doloroso como resposta. Você recorda cada detalhe, cada gesto ou até mesmo manias que não suportava…

— Acho que as manias são as lembranças que mais machucam, porque você sabe que essas manias eram uma particularidade daquela pessoa e ninguém no mundo será como ela; — as lágrimas começam inundar os olhos do Richard. Presenciar esta cena cortou o meu coração, eu queria ampará-lo e dizer que todas as dores são curadas quando nos empenhamos a continuar. — Quem você perdeu, Richard?

Segurei na sua mão. 
Conheço a verdade, sei das perdas que o Richard precisou enfrentar. No entanto, ele não está sozinho. Eu estou aqui e pretendo ficar! 
Ele rapidamente se recompôs, esfregando os olhos com a mão livre.

— A minha esposa e a minha filhinha de apenas três anos. — A sua voz saiu trêmula. — Eu estava dirigindo o carro.

— Sinto muito mesmo, gostaria de conversar mais sobre elas?

— Não quero falar da minha antiga vida, vou pedir mais cerveja… — Richard fez menção de levantar-se, mas segurei com mais firmeza na sua mão.

— Estou grávida; — disparei a notícia, querendo mudar o rumo triste da nossa conversa. Richard ficou imóvel, apenas me encarando sem expressar nenhum espanto ou incredulidade. — Eu descobri a minha gravidez no mesmo dia em que flagrei o meu ex-noivo chupando o pau do meu irmão.
 
— Que merda!

— Eu sei, é uma grande merda. Agora você já conhece o meu passado, Richard Duarte.

O homem suspirou pesadamente, olhando-me sério. Ele analisou o meu rosto com fascínio, em seguida colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha.
 
— Ele é um imbecil que não merece uma mulher como você.