6ㅡO Segredo

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   Estava eu, deitada na espreguiçadeira, às 10:00 da manhã de terça-feira. Sim, faltei a escola para arrumar toda essa bagunça que meus "amigos" fizeram... Estava com os olhos fechados, sentindo o sol fraco em minha pele, estava tão agradável, com uma brisa quase inexistente...

 Quando eu senti uma sombra em mim, abri os olhos e vi Nathaniel, o intercambista, em minha frente, com um rosto impassível, calmo, deslumbrantemente lindo.

 ㅡAh... Sinto muito lhe atrapalhar, mas é que ontem a noite encontrei um gato entrando no meu quarto, tive receio de expulsá-lo e ele ser seu.ㅡ Meus olhos deveriam ter começado a brilhar! Aquele gato safado estava fugindo de mim e se esfregando no novo morador da casa! Humpf. Não me importo, nem um pouco!

 -  Ah! Sim, sim, ele é meu! Você o viu hoje quando acordou?- lhe perguntei, com esperanças.

 ㅡInfelizmente não...ㅡParecia atordoado, provavelmente por não poder me ajudar, tadinho, não posso culpá-lo por se sentir assim, meio inútil por não me ajudar, pois ele havia sido bastante útil.

 ㅡSem problemas! Agora sei que ele está vivo.ㅡTento brincar, e parece que funcionou.

  Me sento na espreguiçadeira (pois até agora estava deitada) e faço um movimento com a mão para ele se sentar também, porque a espreguiçadeira era assustadoramente grande. Relutante, se senta um pouco afastado demais, quase caindo. Eu, como uma idiota que sou, começo a rir de sua tentativa de tentar ficar longe, fofo!

   ㅡParece que não foi à escola.ㅡEle diz, casualmente.

   ㅡNão... Alguém teria de arrumar essa bagunça! E você, caro rapaz certinho, por que não foi na escola?

 ㅡBem... Acho que por que só começarei semana que vem, já que me inscrevi na escola ontem.

  ㅡSerá uma honra lhe ter como parte do nosso grupo!

  ㅡDuvido...ㅡ Ele sussurrou.

  ㅡComo?ㅡPerguntei, mas percebi que ele se sentiu desconfortável, melhor mudar de assunto. ㅡ Então... Não é muito "velho" para ser do ensino médio?

   Ele me olhou e depois riu. Qual é a graça?

   ㅡBem... Na sua escola tem alguns "cursos" mais avançados, então eu irei fazer eles ao invés de ir direto para o ensino médio.

   ㅡAh, mas você é muito inteligente então!

  ㅡSe você acha...ㅡEle desviou o olhar para piscina.ㅡCom licença, vou comer alguma coisa.

   ㅡAcordou agora?ㅡEntão, logo após eu ter falado isso, percebi que talvez ele não dormiu enquanto meus amigos não foram embora. Corei radicalmente.

ㅡSim. Vou para a cozinha, quer que eu te ajude depois de comer?

ㅡNão! Você não participou da bagunça, então não, não precisa.

ㅡSe você diz.ㅡEntão se levantou indo em direção a entrada, aparentemente insatisfeito.

[...]

Depois que arrumei a bagunça ,eu recebi uma ligação.

Eu teria um momento de paz quando?


ㅡAlô?

ㅡFilha...ㅡEscutei a voz de minha mãe, então me arrepiei, um arrepio ruim.

Ela estava chorando?

ㅡMãe, por que tá chorando?

ㅡE-Eu não estou querida,nnão se preocupe. Eu te liguei para dar um aviso.

ㅡDiga.

ㅡVamos adiar a viagem de volta.

ㅡComo assim?ㅡEla estava se afastando aos poucos, não estava? Ela iria me abandonar, não ia?

ㅡTivemos mais trabalhos que o previs...ㅡEla não terminou, pois uma voz arrogante falou "Não vai adiantar Marta, teremos de contar para ela."

ㅡContar o que mãe?

ㅡNada querida, tchau, beijos, lembre-se que eu te amo.ㅡE antes de eu poder dizer qualquer outra coisa, ela desligou, me deixando transtornada. Ela estava escondendo algo. Algo muito importante para não me contar.

[...]

Não vi o Nathaniel pelo resto dia.

Já ia dar 17:00, e eu havia acabado de sair do banheiro. Afinal, estava esfriando e eu não queria tomar banho com o tempo congelando.

Peguei uma blusa de frio de moletom bem quentinha, e quando sai do banheiro encontrei Nathan, meu gato, sentado no chão, me observando intensamente.

-Arrá! Nathan, seu danadinho! Aonde você estava criatura? Ah, é mesmo, se esfregando no novo morador da casa. Não imaginei que você gostasse de garotos, rapazinho...

Ele miou, irritado (ao menos parecia) e começou a andar para fora do quarto. Eu apenas o observei, mas ele parou e me olhou.

ㅡQuer que eu te siga?ㅡEle se virou e voltou a andar. Bem, acho que isso foi um "sim".

Comecei a andar atrás dele, e logo percebi que ele queria sair de casa. Um pouco relutante eu abri a porta, e começou a correr em disparada.

ㅡEi! Volta aqui!ㅡComecei a correr em sua direção, tentando alcançá-lo,mas claro, ele era um gato. Um bem rápido.

Logo percebi que ele estava fazendo o caminho para o cemitério, aquele em que ele me encontrou, aquele em foi meu segundo lar por anos.Estremeço com as lembranças e involuntárias lágrimas inundam meus olhos. Continuo correndo em sua direção.

Percebo que ele está indo para a floresta ao lado do cemitério. Estava escurendo. O que ele pretendia? Fazer eu me perder naquele lugar sombrio?

Antes que eu perceba o que estou fazendo, adentro aquela floresta bem atrás dele, que diminui o passo.

Ele para, e me deixa alcançá-lo, mas assim que passo ao seu lado sinto meu corpo paralisar. Tento me mover, mas meu corpo não obedece aos meus comandos.

O gato fica de frente para mim. Tento dizer algo, mas nada sai de minha boca.

O que está acontecendo?

Então, como magica, vejo  o gato aumentar de tamanho, fazendo um brilho estranho ao seu redor. E quando o brilho cessa, vejo que ele se transformou em um humano. Não um humano qualquer, um garoto que ficou sob o mesmo teto que eu em menos de 48 horas.

Nathaniel veio em minha direção, com um olhar triste em seu rosto.

ㅡCreio que tem muito o que perguntar, mas quero que não conte a ninguém sobre isso, é o nosso segredo, está bem?

O EstranhoOnde histórias criam vida. Descubra agora