27ㅡLigação

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   —Não...— Lágrimas caiam como cascatas de meus olhos, e eu nem me preocupava em secá-las. Eu estava paralisada.— Como pôde... deixar o nosso... o meu filho nas mãos daqueles monstros!?

   —Christina, você não está entendendo. Deixe-me explicar!— Ele tentava me tocar, me abraçar, mas em cada investida, eu me afastava— Chris...

   —Não me chame mais assim! Você perdeu esse direito. Vá embora. Não quero mais você aqui...

   Então ele parou. Ficou pálido como uma folha de papel. Parecia que iria se despedaçar. Várias emoções passaram pelo rosto de Nathaniel. Medo, angústia, raiva, tristeza... e perda.

   — Christina, ou era ele, ou era você...  Eu não iria conseguir ficar longe de você...

   —Não quero saber! Saia!— Minha voz aumentou, uma fúria que nunca senti antes me tomou.— Você não precisa mais de mim. Termine a sua jornada com a Nathalie. Não quero mais te ver.

 Então ele assumiu a derrota. Me virei de costas, quando ele não disse mais nada. Me abracei, me sentindo sozinha novamente, deve ser porque quando eu me virei, ele não estava mais lá. Nathaniel me dava proteção, carinho, amor... mas agora que não está aqui, me sinto... vazia.

   Não consegui mais chorar. Sentei-me no chão, apoiei minha cabeça no sofá e fiquei assim por muito tempo. Escurecia entre as frestas das cortinas, mas não tive motivação o suficiente para me levantar e ligar as luzes. Então fiquei assim, no escuro, incapaz de me mover. O amor dói...

   Dei um grito quando meu celular tocou. Me assustei bastante, já que estava tudo tão silencioso. Peguei ele e vi quem ligava. Francielle... não irei atender agora, não estou com vontade de fingir que está tudo bem, então vou apenas fugir.

   Assim que para de tocar, essa música horrível volta a passar. Mas que porra... Por fim atendo, já que era a quarta vez que ela me ligava. Deve ser algo importante.

   —Alô?— Minha voz saiu arranhada, então tossi, mas nem consegui repetir, já que Francielle gritou logo em seguida.

    —Chris! A Luna está viva!— Uma voz embargada pelo choro ficou gritando para o telefone. 

   —Espere, o quê? Calma, fale devagar.— Ela continuava gritando coisas que eu não conseguia entender, mas só pelo alívio em sua voz, eu já fiquei extremamente feliz.

    —Venha até o hospital, por favor...— Não consegui responder, pois ela desligou logo em seguida.

   Sentei-me mais corretamente, sentindo uma dor aguda no pescoço. Fiquei em uma posição desconfortável por tanto tempo que agora estou com dores... Mas acho que nem me importo mais.

   Me olho no espelho, como se isso fosse melhorar meu humor. Meus cachos já não são mais os mesmo, e meu rosto está mais pálido que o normal, graças a minha falta de apetite.

  Pego qualquer casaco e saio de casa apressada... Uma notícia boa em meio ao caos. Acho humanamente impossível ela estar viva. Mas, se ela está, a única coisa que posso fazer é me alegrar e me aliviar.

   Nunca pensei que me apegaria assim com pessoas que eu achei que nunca conversaria na minha vida por sermos tão opostas, mas o mundo está me mostrando o contrário. Eu amo a Luna. Amo a Francielle. Essas amigas... Eu nunca irei achar outras iguais...

   Limpo uma lágrima que escapou do meu olho e continuo andando apressadamente em direção ao estacionamento.

   Entro no meu carro o mais rápido que posso, não prestando atenção em mais nada, apenas ligo o carro e corro, corro, mais perto a cada segundo. Não vejo quando chego no hospital, mas saio, e nem sei se tranquei o carro, só vou até a recepção. Eu tento falar, mas estou tremendo. Não havia percebido isso. Ela é especial pra mim... tento falar novamente, mas não consigo.

   —Chris? Ainda bem chegou. Vem cá, me siga.—Nicole, a namorada da Luna, segura minha mão com urgência, me levando até vários corredores iguais. Andamos e andamos, e quando acho que estamos andando em círculos, ela para e abre uma porta com extrema delicadeza.

   Então eu caio no chão, chorando e tremendo e aliviada.

   Luna está tão magra, tão indefesa naquela cama, com vários tubos que eu nem sei onde um acaba e o outro começa. Mas, mesmo nesse estado, ela sorriu pra mim quando eu entrei. E continua sorrindo. Suas grandes esmeraldas me observando, com tanta ternura.

   Me levanto meio bamba e vou em sua direção.

   —Luna... Como é bom te ver...—Penso em abraçá-la, mas ela está tão...indefesa, que seguro sua mão e a aperto.

   Finalmente, uma notícia boa em meio ao caos.
  

   

O EstranhoOnde histórias criam vida. Descubra agora