11ㅡBoate

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Luna pegou algo de dentro do meu closet e eu olhei horrorizada. Não me lembro de ter comprado tal aberração.
Era um vestido preto, muito justo, muito curto, tomara que caia. E ainda era acompanhado por um top com mangas de renda, para ser colocado debaixo do vestido, para não ficar muito "simples".

-Coloque em você. Vai ficar mais maravilhosa do que já é!

-Essa roupa é tão... Horrorosa.

-Credo Chris! Credo Chris... Meu Deus, é estranho falar isso.

-Luna, você precisa ir ao piscicologo.

-Concordo. Agora vá se trocar.

Bufei, derrotada e tirei minha roupa. Com alguma dificuldade coloquei o top e depois o vestido. Não ficou tão ruim, afinal.

-Agora coloca esses saltos.

-Nem vem Luna! Esse vestido de prostituta até aceito, mas saltos não!

-Credo Chris.

-Pelo amor de Deus, para com isso.

A Luna gargalhou e eu acabei rindo também.

Coloquei um dos meus All Star, dessa vez o preto, e me olhei no espelho.

-Agora a maquiagem! - Luna disse, surgindo do meu lado.

-Não, tenho sardas.

-Só um batomzinho... Sinto que você precisa parecer bonita. Tipo uma vidente, sei lá.

Suspirei e deixei ela colocar a porcaria daquele batom matte vermelho vivo. Isso é muito ousado, não se parece comigo.

-Tira esse colar, não combina nada.

-Não. Eu posso ir pelada, mas você não vai tirar esse colar daqui.

Olhei mais uma vez para ele. Tinha um pequeno pingente de livro, mas grande o suficiente para ler "Contos de fadas podem se tornar realidade. Basta que a princesa não lute cotra sua própria felicidade", uma frase que eu amo tanto, do meu livro favorito. Do lado do livro há um gatinho. Eu entendi o que ele quis dizer com isso. Só não estou pronta para enfrentar.

Descemos as escadas e o Nathan foi o primeiro que percebeu.

Ele abriu e fechou a boca várias vezes, sem saber o que dizer.

-Obrigada. - Sussurrei. Deixar um homem sem palavras é melhor que qualquer elogio.

Com minhas palavras, Cal me viu e veio até mim.

Ele se curvou e sussurrou no meu ouvido:

-Como está gostosa.

Aquelas palavras me deixaram com raiva, e não sei porquê.
Eu odeio quando pessoas nos tratam como objetos, como "vou te comer" ou "vou te pegar". Ridículo.

Entramos no carro e Cal foi dirigindo.
Eu, Luna e Nathan decidimos nos sentar atrás. Parei de escutar o tagarelar de Luna a partir do momento em que Nathan segurou minha mão e acariciou a palma da mesma. Involuntariamente, descansei minha cabeça no seu ombro.

-Chegamos. - Só percebi que Cal havia dito algo quando ele se virou para trás, tirando o cinto.

Olho pelo o vidro o local e congelo.

-Uma boate?

- Lugar bem michuruca para comemorar seu aniversário de 20 anos, eu sei. - Nathan pareceu constrangido. Ele deveria ficar. Pensou em mim quando

-Mas vamos ficar em uma área Vip, onde vai ter vários gatinhos. - Luna se entusiasmou, saindo do carro. Cal foi logo em seguida, só sobrando eu e Nathan no carro. Eu abri a porta apressadamente e a fechei logo em seguida, vendo Nathan sair pela outra porta.

Seguimos até a porta, onde havia uma imensa fila de pessoas. Passamos direto e fomos ver o segurança. O som que saia lá de dentro era enlouquecedor, o som tremia a cada batida da música eletrônica.

-Nome. - O segurança disse, sem levantar o olhar do papel em sua mão.

-Nathaniel e três acompanhantes.

O segurança deu uma olhada rápida no papel e abriu a porta, nos deixando passar.

-Nós vamos para uma parte VIP daqui, como a Luna disse. Lá, a pista de dança é diferenciada.

-Você já veio aqui?- Perguntei sem pensar, mas parece que não o afetou.

- Sim... Digamos que para "assuntos pessoais".- Ele fez aspas com os dedos.

Sei bem que tipos de assuntos, e não sei como sinto quanto a isso.

Havia algumas mesas nos cantos das salas, mas o lugar era mais ocupado por varias pessoas pulando com tinta neon que brilha no escuro.

-Onde tem essas tintas? -Perguntei á Luna.

-Humm...

-Vou perguntar. Um instante. - Nathan sorriu e foi em direção ao pequeno bar. Enquanto estava lá, uma garota que sentava em um banco segurou o braço dele descaradamente e sorriu maliciosamente, dizendo algo que eu não pude escutar, já que estavam longe e o barulho muito alto me incapacitava.

Não sei o que o Nathan disse, mas logo após isso a menina olhou em minha direção e se levantou, desaparecendo na multidão.

Fiquei desconcertada. O que ele havia dito à ela?

Vi Nathan se aproximar com baldes pequenos de tinta neon.

-Hora de nos lanbuzarmos!

Cada um pegou um balde e começou a se pintar. Ajudei Luna a fazer bigodes de gato no rosto, o que me fez olhar de relance para Nathan, que sorriu e voltou a pinta sua blusa.

Cal não sabia ao certo o que fazer, então lambuzou suas duas mãos e passou pelo seu corpo em uma ordem desordenada, nos fazendo rir.

Eu e Luna fomos ao bar e pedimos bebidas fortes. Senti o gosto amargo e logo depois o líquido descer queimando pela minha garganta.
Pedi mais outras rodadas e senti meu corpo formigar. O efeito do álcool já estava começando, e não era nem dez horas.

Fui em direção aos garotos, que estavam sentados em uma mesa, e talvez pela embriaguez, segurei o braço de Nathan e o levantei da cadeira, o arrastando até a pista de dança.

Comecei a dançar bem colocada nele, sentindo seu peitoral firme encostar em minhas costas, enquanto dançávamos. Ele sorria para mim toda vez, e as vezes eu beijava sem rosto, tomando cuidado para não, acidentalmente, encontrar seus lábios.

Várias músicas depois me senti exausta e fui em direção ao banheiro.

A cena me deixou chocada e extremamente irritada.

Cal estava literalmente comendo uma putinha qualquer, na porta do banheiro. O decote dela estava muito baixo, deixando seus seios a mostra, onde uma das mãos de Cal se encontravam. A outra mão se encontrava em sua bunda.

Dei meia volta e antes que Nathan me perguntasse qualquer coisa, eu o puxei novamente para a pista.








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