23ㅡPerseguidor

40 4 31
                                    

    Entro na capela e fico parada em um canto, pensando em nada.

   Jace sorri ao me ver, mas apenas balanço a cabeça, cansada. Ele balança a cabeça em concordância e volta a conversar com a Nathalie.

   Fecho os olhos e fico assim por bastante tempo. É tanta informação para digerir...

   ㅡHum... Oi?ㅡUma voz gentilmente se instala em minha cabeça.
 
   Abro os olhos e vejo uma garota linda. Sua pele é um tanto branca demais, seu braço direito é coberto por tatuagens, seus cabelos tem algumas mechas rosas e ela tem um piercing no nariz e na sombrancelha.
   Quando ela abre a boca para falar, percebo que tem outro na língua. Aquele clichê de rebelde legal. Aonde vim parar, num romance de ficção adolescente?

   ㅡEu... Hum... Era a namorada da Luna. Prazer, Nicole.ㅡEla estende a mão e a aperto.

   ㅡChristina. Luna não me falou muito sobre você, eu ficaria feliz de conhece-la.ㅡSorrio e percebo o quanto teria ficado feliz se Luna a tivesse apresentado pra mim.

   ㅡLuna me falou que você era a melhor amiga dela... Eu queria ter te conhecido antes, mas ela não quis.ㅡSeu suspiro pesaroso mostrou o quanto ela estava sofrendo, e eu tentei de algum modo confortá-la, a abraçando.

Nathaniel

   ㅡPor favor, pare...ㅡMeus olhos lacrimejaram ao ver Christina.

   Eu estava sentado em uma cadeira, amarrado, em uma sala vazia com apenas uma telona na minha frente, onde passava a vida de Christina, vinte e quatro horas por dia.

   Eu estava cansado de vé-la sofrer, chorar, se culpar, se enganar, e eu não poder fazer nada.

   Me remexo na cadeira mais uma vez, sabendo que é inútil. Eu quero lutar por Chris, eu quero vé-la pessoalmente, abraçá-la, beijá-la e falar o quanto eu a amo.

   Mas não consigo. Porque estou totalmente vulnerável sentado nesta cadeira. A vendo sofrer por esta tela.

   Eles me mostram tudo. Ela dormindo, ela comendo, ela lendo, ela tomando banho, se trocando...
Não sei o que sentir ao pensar que também estão vendo minha namorada nua. Minha futura noiva, se ela aceitar, porque quando sair daqui irei comprar uma aliança para ela e nos casaremos logo. Se eu sair daqui com vida.

   A lágrima escapa. Eu não pude conter.

   Olho em volta e a porta de chumbo revestido se abre.

   ㅡAgora, observe. Algo de muito interessante vai acontecer com essa ruivinha se você não me contar onde Alec está.

   ㅡ Não... Vou dizer. Não.ㅡEu já me decide. Se eu entregar Alec, eles sugarão o sangue dele e usarão para poções proibidas.ㅡVocês, dobradores de água, estão com medo de mim. Porque uma pessoa amaldiçoada como eu é superior á vocês.

   Meu comentário a irrita. A falsa vendedora da loja. Abby. Eu havia conhecido ela quando estava perdido no Egito, com dez anos, sem saber de nada. Eu me juntei a eles, sem saber ao certo o que eles faziam. Quando descobri, arrumei um jeito de fugir.

   Acho que estou mais preso do que antes.

   ㅡ Bem... A escolha foi sua.ㅡSeu sorriso travesso me informou que algo horrível está próximo.

   Ela aponta o controle para a tela e aumenta o volume.

   ㅡVocê não vai querer perder...

Christina

Deitei-me na cama, sem de fato ter sono. Estou de camisola de seda, e mesmo ter feito bastante calor de dia agora a noite sinto calafrios percorrer meu corpo a cada pequeno vento que dá. Fecho as janelas e as cortinas, e fico encarando o teto nesse breu.

Estou mais dormindo do que acordada quando um barulho me desperta.

   Olho para a porta. Um gato. Ele é castanho. Nathalie. Ela se transforma em humana e sorri tristonha.

   ㅡSinto muito lhe acordar, eu só queria saber se já estava dormindo. Então... Tchau.ㅡEla se virou se metamorfoseando em gato novamente. Levanto-me da cama de um pulo e corro até ela. Mas ela já está longe.

   Desce as escadas, vai até os fundos e passa pela pequena porta que percebi, dava para a piscina. Com frio, me abraço e Sussurro o nome de Nathalie. Eu não a vejo.

   Depois de ficar um tempo a sua procura, desisto e viro-me para a porta.

    Escuto algo zumbir perto da minha cabeça e logo uma pancada forte e dolorosa na nuca me desacorda.

O EstranhoOnde histórias criam vida. Descubra agora