-para livros abertos que estão esperando para serem lidos-
Toda vez que escrevo um texto, me pergunto se tenho realmente a necessidade de mostrar isso a alguém. Se realmente alguém tem interesse em saber. Não, claro que não têm. Ninguém têm."deixe eles no bloco de notas", eles dizem.
Mas a verdade, que eu luto para não assumir, é que esses textos juntos, formam o meu ser.
Esses confusos pensamentos perdidos em minha mente que nem eu consigo entender que se transformam em míseras palavras jogadas ao vento, num emaranhado de entre linhas que imploram para que sejam traduzidas a algo que possa ser compreendido por alguém.
tudo isso sou eu.
E eu precisei de muita coragem para mostrar essas palavras ao mundo, precisei de muito esforço para conseguir transformar meus catastróficos pensamentos em textos que o mundo pudesse ler.
Ou pelo menos tentei.
Ultimamente, esse mundo tem andado cheio de gente egoísta e sem empatia, e isso só colabora para que as palavras escritas fiquem mais embaralhadas e os olhos mais fechados do que nunca para os outros. Tudo isso torna tudo mais difícil.
Às vezes me pego perdida em meio a devaneios, pensando que somos todos como livros abertos esperando para serem lidos. Esperando que alguém realmente tem o interesse de lê-los e compreender o que realmente passa no interior de uma pessoa.
Sou do tipo que sempre escuta o que os outros têm para me dizer, suas histórias, seus problemas...me preocupo com elas, gosto de bibliotecas.
Gosto da ideia de que existem várias histórias diferentes no mundo, de pessoas que andam com palavras presas no fundo da garganta esperando que alguém tenha o interesse em saber. Eu sou uma dessas pessoas, então procurei fazer para os outros que eu queria que fizessem por mim.
Mas, infelizmente, descobri que o mundo não gosta de bibliotecas, ou pelo menos passam longe do meu livro escancarado em cima da mesa.
Ninguém realmente têm interesse de lê-lo. Talvez porque seja uma vida sem graça, medíocre e, ultimamente, só baseada em capítulos tristes.
Também não há muita importância de ler, são apenas textos, quem realmente têm interesse em saber o que eu sou?
Talvez me olham como só mais uma que busca na escrita uma forma de desabafar e soltar tudo o que prende dentro do peito.
Só mais uma entre tantas que enviam textos para aquela pessoa ler achando ser importante na vida dela, mas é só mais uma. Só mais uma e um tanto faz.
Mas sabe, se for de um "tanto faz", eu prefiro que não leiam. Eu prefiro que digam que não têm o interesse de ler meus textos, ler minha história, histórias que eu presencio e a vida de pessoas em que eu me inspiro.
Estou cansada de dar amor demais e não recebê-lo de volta. Cansada de me preocupar tanto com os outros e sou apenas um "tanto faz" na vida dos outros. Cansada de ser a pessoa que é sempre deixada pra trás quando anda na calçada apertada, de que cria esperanças em algo que não tem, cansada de ser a pessoa triste que quer ajudar os outros, mas não tem ninguém para ajudar o que fazer com a própria vida.
Mas sabe, eu não me culpo por amar tanto umas pessoas e não ser uma coisa recíproca.
Não deveríamos nos culpar por querer o bem de alguém. Deveríamos nos culpar por achar que alguém pode retribuir o amor por nós com a mesma intensidade, com a mesma preocupação. Deveríamos nos culpar por esperarmos algo de uma pessoa que ela não é, e isso é triste.
E eu sei que não sou a única no mundo.
Existem muitos assim como eu pelo mundo a fora.
E é para essas pessoas para quem escrevo.Os outros dizem que só queremos atenção. Que fazemos tudo para sermos notados.
Mas talvez, a realidade é que isso pode ser um pedido de ajuda. E talvez, o que a maioria das pessoas precisam, é de valorização por tudo o que fazem pelas outras, não atenção.Talvez não dar valor seja a melhor resposta que eu consiga encontrar para essas pessoas perderem as que estavam ali de corpo e alma por elas. Talvez se você não reconhecer isso, você perde o outro. E talvez não tenhamos confiança suficiente que alguém está ali por nós porque temos um histórico bem longo de decepções e tudo agora parece superficial demais.
Mas quer saber? O mundo está cheio de histórias perdidas por aí querendo ser ouvidas e não estamos errados em nos importarmos com elas. Pelo contrário, as pessoas deveriam ter mais empatia com o mundo a sua volta. E é bom que continuemos nos importando com todas as histórias que o mundo tem para contar.
Não culpe também as pessoas que não se importam porque é o que elas são, não podemos mudá-las. Elas têm que querer isso. E mesmo sendo assim, eu não vou deixar de escrever meus textos por isso. Eles são como um refúgio, uma parte de mim. Escrever faz bem, salva vidas. Ou talvez a minha própria.
Então, eu vou levantar a cabeça, pegar meu bloco de notas e uma caneta e escrever, pois mesmo se não tiver outra pessoa, mesmo se o mundo me abandonar, eu ainda estou aqui por mim. Não posso desistir de mim.
Não eu.
Vou ler meu próprio livro e apreciar cada capítulo da minha história, vou tentar salvar a minha vida complicada e estranha e vou começar fazendo isso com as palavras.
Vou tentar desembaralhar tudo isso e tentar trazer algo bom pro mundo, mesmo que seja do meu jeitinho desengonçado e confuso.E não só eu, mas todos deveriam tentar se conhecer e reconhecer que são suficientes.
Reconhecer o seu refúgio e abraçá-lo apertado até quando achar necessário.Pessoas ajudam pessoas. E se você sente saudades de casa, estenda a mão e permita-se guiar pela noite até achar uma luz que te mostrará uma saída.
Eu vou fazer isso.
Nós vamos fazer isso.
nem que seja a última coisa a se falar.
nem que seja a última coisa a se fazer e a buscar.
nem que seja a última coisa
sobre a qual eu escreverei
ou
sobre a qual viveremos.
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Aquilo que vem de dentro
PoetryConjunto de sentimentos que vem de dentro do peito e se transformam em palavras. Eles estão em sequência de quando escrevi, que já faz lá por uns 5 anos de escrita desses textos, demonstrando etapas de minha vida em formas de escrita dramática, simp...