Onde está a mamãe?
A cabeça lateja.
Meu corpo parece fraco.Olho para o lado e percebo uma enorme quantidade de sangue que agora cobre minhas mãos por inteiro.
E meu cabelo.
E meu rosto.
E o resto do local todo.
Onde está a mamãe?
No meio do lugar escuro e úmido, o corpo do homem estirado no chão se contorce em minha frente, fazendo com que meu corpo trema e minha respiração fique ofegante.
Em minha mão, uma madeira. Arremesso para longe e choro.Eu quero a mamãe.
Não posso acreditar no que está acontecendo.
Sons de sirenes de carros de polícia podem ser ouvidas.
Cada vez mais e mais perto do local. O som ecoa em minha cabeça. Tudo parece tão confuso."Venha, criança. O tio conhece um lugar perfeito para você"
A adrenalina toma conta de meu corpo ao mesmo tempo que minha memória confusa vem voltando. Com muito esforço, tento me levantar.
A dor toma conta de meu corpo quando reparo minha mochila e minha lancheira no canto do quarto, porém tenho que continuar, não consigo mais voltar.
"Mas eu não conheço você"
"Sua mãe mandou eu te buscar porque ela estava ocupada, não precisa ficar com medo."
A visão embaçada faz com que eu esbarre em móveis que não deveriam estar aqui, assim como eu.
Onde está a mamãe?
Minhas pernas bambas tentam sustentar o corpo enquanto me apoio em todas as coisas possíveis, indo o mais rápido que posso até achar uma saída daquele lugar.
Os sons das sirenes ficam cada vez mais altos e a dor cada vez mais insuportável.
Caio bruscamente no chão. Não consigo mais me movimentar.
Simplesmente meu corpo não responde mais as minhas vontades. Ouço um barulho muito alto vindo do outro lugar, o qual eu me encontrava quando acordei.Me escoro na parede e logo percebo, com a visão muito embaçada, uma mancha de sangue enorme vindo do meio de minhas pernas. Lembro do homem segurando meu corpo com muita força naquele lugar.
Não entendo muito bem o que é, só sei que dói muito. Se mamãe estivesse aqui, com certeza daria um jeito com um remédio.Mas ela não está.
As lágrimas escorrem pelo meu rosto enquanto grito de dor. O barulho fica mais alto, mas dessa vez percebo que são passos.
Eles ficam cada vez perto, mas não consigo mais me mexer. Fecho os olhos e penso em mamãe. Penso naquela manhã antes de ir para a escola que ela me deu um beijo na testa e disse que me amava.
Onde ela está?
Penso em meus amiguinhos que brincaram comigo no intervalo. Penso em como mamãe ficaria se me visse assim. Ela iria ficar muito preocupada comigo, mas não fique mamãe. Eu vou ficar bem.
Sinto uma mão gelada segurando meu ombro com muita força.Em qualquer lugar que você esteja,
eu vou ficar bem, mamãe
eu vou ficar bem, mamãe
eu
vou
fica-
VOCÊ ESTÁ LENDO
Aquilo que vem de dentro
PoetryConjunto de sentimentos que vem de dentro do peito e se transformam em palavras. Eles estão em sequência de quando escrevi, que já faz lá por uns 5 anos de escrita desses textos, demonstrando etapas de minha vida em formas de escrita dramática, simp...