CAPÍTULO 2: Originais (Parte II)

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Victor Hugo desceu na estação de metrô da República que fica próximo a secretaria de educação e o museu da diversidade no centro de São Paulo. Ele estava indo em direção a matriz da A Editora™ entregar o seu original pessoalmente. Ele tinha ido em uma gráfica antes para fazer duas cópias do seu livro que ele tinha escrito do gênero Romance. A sede principal da A Editora™ ficava em um dos maiores prédios comerciais de São Paulo o Edifício Itália. Era um edifício vertical enorme com 46 andares e um terraço onde ficava um restaurante com uma vista incrível da selva de pedra paulista. Victor poderia ter feito a entrega no Rio de Janeiro onde ele morava, mas ele sabia que poderia não chegar até as mãos da pessoa responsável para realizar as publicações, então ele pensou em economizar uma grana para ir pessoalmente a matriz da A Editora™ e ter a sorte de entregar a alguém que poderia de fato analisar a sua obra e querer fazer a publicação dela. Ele chegou até a recepção do edifício e mostrou um e-mail de uma estagiária orientando-o a comparecer ao local. O porteiro permitiu a sua entrada e a indicação era para ele comparecer até o 32º andar. E chegando na porta da editora ele se esbarrou em uma jovem de cabelo cacheado castanho e com uma pele morena. Ela estava carregando umas cópias.

— Me perdoe. — Victor tentou ajudar a recolher. — Eu estava distraído. Me desculpe.

— Tudo bem isso acontece. — Ela sorria pegando as cópias de livros que tinha caído.

— Desculpe a intromissão, mas você trabalha aqui?

— Sim, eu sou estagiária. Eu me chamo Emily.

— Emily Guimarães? — Victor ficou entusiasmado.

— Sim, como sabe? — Ela se interessou.

— Eu recebi o seu e-mail como resposta sobre um original que eu encaminhei. Você me disse que eu poderia comparecer aqui para entregar pessoalmente.

— Nossa, mas você veio do Rio só para entregar um original? — Ela ficou surpresa. — Eu encaminhei a resposta, mas eu não sabia que você viria mesmo de fato.

— Sim, eu vim. Eu não iria perder a oportunidade. — Victor sorria.

Emily pegou o original que estava bem organizado. A capa estava muito bonita, e a diagramação estava impecável. O trabalho estava muito bom e a deixou encantada. Mas ao mesmo tempo ela ficou desanimada lembrando da chefe, Roberta Scott.

— Essa obra está muito bem feita. Meus parabéns

— Obrigado! — Victor estava todo orgulhoso.

— Mas eu preciso ser um pouco sincera com você. — Ela sussurrava. — Venha aqui.

Ela o puxou para o canto onde possivelmente não chegaria pessoas por perto para flagrar ela dizendo algo para ele. Emily sabia que naquela hora que o Victor chegou a maioria dos funcionários estavam no terraço onde ficava um restaurante. Era o horário de almoço deles.

— Eu vou cuidar do seu original, e ele ficará comigo para eu tentar ver se consigo outra editora pra você.

Victor ficou confuso sobre o que estava ouvindo. Ele sabia que A Editora™ era a empresa mais requisitada por todos os autores daquele ano. Ela era responsável por publicar inúmeros best-sellers. Ela tinha uma legião de fãs e o seu trabalho de publicação era impecável e muitas vezes aclamado pela crítica.

— Eu não entendo, mas qual é o problema de ser aqui? — Victor ficou com uma expressão triste. — É o meu sonho publicar com a A Editora™.

— Eu sei que todos os autores sonham com isso. Mas aqui não é lugar para obras de artes como a sua. Eles não visam o conteúdo. Eles visam a popularidade do autor, os números, essas coisa superficiais. — E ela dizia com um tom mais baixo. — E esse lugar é amaldiçoado. Você não percebeu nos noticiários os autores que morreram?

Victor sabia que além de ter ótimos best-sellers a famosa A Editora™ carregava consigo uma fama pra lá de estranha. Alguns autores se acidentavam causando a sua morte no seu terceiro lançamento. Haviam até na internet algumas teorias da conspiração a respeito da empresa. Onde todos os autores que assinassem o contrato estariam vendendo as suas vidas, e que na terceira obra eles perderiam a vida.

— Isso são só lendas. — Victor afirmou.

— Eu sei, mas tudo bem. Eu vou tentar entregar o seu original, mas eu aconselho a tentar mais com outras editoras ou trabalhe sozinho. — Ela voltou a olhar para o original dele. — Você tem talento, então não tente sujá-lo com a cobiça do dinheiro.

Ela sorriu e deu o seu telefone para ele e prometeu fazer de tudo para que a obra fosse notada. Victor sentiu confiança no que ela dizia e saiu do edifício. Ele ficou pensativo sobre o conselho da Emily. "Não suje o seu talento por causa do dinheiro". Isso o fez ter contato com um sentimento ruim.

 Isso o fez ter contato com um sentimento ruim

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