Em todos os jornais no dia seguinte estavam noticiando a morte misteriosa do autor da A Editora™ o Josué Lacerda envenenado junto com a sua família na sua própria casa. Os policiais foram notificados pela empregada da casa que foi trabalhar no dia seguinte e encontrou todos sem vida na sala de jantar. O Rubens Scandaroli, um dos fundadores da A Editora™, convocou a todos da sua equipe para anunciar a morte trágica do autor e de sua família.
— Hoje nós perdemos mais um grande amigo de nossa querida editora. Um jovem talentoso que tinha um futuro magnífico, mas que se foi tão cedo. Nós iremos trabalhar agora com o foco em sua obra como uma homenagem. Para os fãs e para nós amigos desse incrível garoto. Obrigado. — Ele abaixou a cabeça e recebeu as palmas de todos os funcionários que o ouvia no auditório.
A Roberta estava de longe o observando admirada. Ela sempre desejou o cargo de chefia, mas até o presente momento nada disso aconteceu. O Rubens se aproximou dela solicitando que a acompanhasse até a sua sala discretamente. Os dois chegaram na sala do Rubens onde ele pegou um copo de conhaque e perguntou se a Roberta queria também, mas ela recusou.
— É uma pena que esse autor tenha falecido dessa maneira. — Ele dizia observando pela janela a vastidão de prédios na terra paulista. — Os jornalistas querem fazer perguntas para a editora, e eu quero que você compareça à coletiva de impressa para responder todos eles.
Ela detestou a ideia, pois não suportava se expor aos jornalistas que mais pareciam uns sanguessugas. E geralmente eles faziam perguntas tolas onde ela queria era perder a paciência e mandar todos se ferrar, mas ela sempre colocava um sorriso falso para não denegrir a imagem da editora.
— Tudo bem não é a primeira vez que isso acontece comigo.
— E é por isso que eu te chamei senhorita Scott. — Rubens parou de fitar o vazio na janela e sentou-se em sua mesa encarando a produtora executiva. — Você não acha estranho quatro de nossos autores morrerem de forma tão misteriosa em período de tempo tão curto?
— Eu não faço a mínima ideia senhor. As causas da morte são aparentemente acidentais. Não é isso que os policiais dissseram?
— Sim, mas dessa vez a família inteira foi envenenada justo na semana onde o jovem iria fazer o lançamento da sua obra. — Rubens abaixou a cabeça. — Eu tenho medo de estarmos lidando com alguma coisa terrível. Uma máfia, ou algum concorrente criando atrocidades
— Se for concorrentes eles estão fazendo de modo errado porque as vendas dos livros sobem muito depois da morte desses autores.
O Rubens ficou pensativo sobre o que a Roberta disse. E ela tinha razão. O lucro da editora triplicou com a imprensa noticiando inúmeras vezes os autores e as suas mortes. Isso era no final das contas um marketing gratuito para a editora. Os leitores compravam os livros por curiosidade. E mesmo se os conteúdos das obras não fossem do seu interesse.
— Mas de toda a forma precisamos ter cautela. Isso deve ser evitado. — Rubens usava um tom sério.
A Roberta consentiu e deixou claro que avisaria aos autores para terem mais cuidados e se eles pudessem também ajudar nas investigações caso eles presenciassem algo estranho acontecendo. E como sempre o Rubens confiou na palavra da Roberta. Ela saiu da sala e ele voltou a encarar a janela. Ele sentia que algo de estranho estava acontecendo naquela editora. Ele só não sabia como, ou o quê.
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A Editora™
Beletrie"Quanto vale a morte de um escritor para uma editora?" Essa é a pergunta que o jornalista, Lucas Duarte, quer ver respondida após cogitar, e perceber, que uma editora estaria lucrando com a morte de alguns autores renomados. Um jovem escritor chamad...