Koko & Dan

Capítulo 1

Pior dia da minha vida, narrado por Koko

Acordei com dor de cabeça, normalmente acabava dormindo com a maldita dor, mas tomei um porre na noite passada, e quem planta colhe.

Abri os olhos e vi a claridade entrando pela janela do meu quarto, fechei as cortinas bem rápido. Normalmente curto dias assim, radiantes, mas quando posso sair com a gurizada, hoje eu sou obrigado a ficar em casa. É aniversário da minha mãe, e como ela me banca, decidi ficar e prestigiar mais um ano de vida da velha.

Levantei com calma, estiquei os braços lá no alto, desejando pra que Deus me puxasse. Esperei mais alguns segundo e nada, então baixei meus braços e bocejei com vontade, fazendo o barulho mais escroto que eu conseguisse, me arrependi assim que vi a porta abrindo.

- Filho, acordou?

- Infelizmente.

Madalena, minha mãe, tão enrugada, tão velha, tão rica.

- Querido, eu trouxe o seu terno.

Esfreguei os olhos e encarei o saco preto em suas mãos, apontei com graça e ri alto, mas nunca que eu usaria um terno preto e sem graça, ainda mais pra ficar em um evento ridículo como o aniversário dela.

- Mãe, eu prefiro usar um dos meus, muy obrigado. - Ela encarou surpresa.

- Ah, amigos da empresa estarão na festa, eu sei que isso é um pouco... diferente das tuas fantasias mas-

A interrompi, fiz minha famosa expressão de desprezo.

- Roupas, mãe, roupas, inclusive que foram pagas com o seu dinheiro, todos meus ternos Guccis, Dolce & Gabbana, ah, meus belíssimos Armani. - Ela riu, parecia que minha dor a alegrava.

Com certeza ela não iria desistir do terno preto basic, então propus.

- Olha, como nós dois sabemos que você não vai desistir da ideia de me deixar igual a todos, e eu não irei usar essa porcaria, vamos fazer assim: vou usar o terno que o papai me deu ano passado, aquele que vem com uma boina linda combinado, sabe?

Nunca vi o rosto da minha mãe ficar tão inexpressivo, já fazia tanto tempo que não falávamos sobre o meu pai, tinha esquecido do quão magoada ela ainda estava com tudo que havia acontecido a anos atrás...

- Kaio, use o que quer, eu não ligo, só não apareça vestido de palhaço. - Ela saiu batendo a porta com força.

***

Já estávamos no salão principal, dizem que os vinhos mais antigos são os melhores, eu discordo. O salão estava cheio de velhos e velhotes, o cheiro de bingo e mobília vintage era forte. Agradeci os elogios das senhoras, velhas amigas da minha mãe, e saí pelo salão procurando carne nova. Não tenho nenhum problema com velhos, eles até que são divertidos de ter um caso, são maduros, com o pé na cova, não tem medo de gastar o quanto for pra agradar um sugar baby como eu, mas pra mim eles são apenas uma diversão, um passa-tempo. Eu gosto mesmo são dos novos, eles sim, são apaixonados, pessoal da minha idade é intenso, e eu amo isso.

Subi as escadas e dei uma boa olhada, entediado, até que minha visão captou algo que parecia macio, não tinha cabelos brancos, muito menos rugas, mas se vestia como um deles, gesticulava como um...