Capítulo 7

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Coração partido, narrado por Koko

- Nunca vou te largar - sussurrei em seu ouvido, então ele parou de lutar contra meu abraço.

O larguei e passou a mão em seus cabelos encaracolados, logo indo em direção a porta.

- Trancada - ele disse, então puxo minha cópia da chave da casa dele.

- Hey, onde conseguiu isso?

- Chaveiro?

- Não permiti isso!

- Eu sei, mas imagina se algo acontece com você, eu preciso de uma cópia da chave pra poder entrar na casa e te salvar.

Ele bufou e revirou os olhos, então entramos na casa. Era pequena e confortável, não tinha muitas divisões, então entre a cozinha/sala tinha uma velha estante a separando do quarto e logo ao lado uma porta velha que dava ao banheiro.

Larguei minha mochila no sofá e deitei no mesmo. Arthur pegou dois copos e serviu um pouco de suco em cada.

- Só suco? - perguntei com desânimo.

- Eu quero dormir, ok? E ah, achou que eu não ia falar sobre isso, né? Você no sofá, eu na cama.

- Mas eu tenho problemas nas costas, quer me matar?

- Ok, você na cama, eu no sofá.

Ele riu e voltou a sua atenção nos copos. Sorrateiramente eu me levantei e fui em sua direção sem que ele escutasse, o abracei por trás, o fazendo dar um pequeno pulinho.

- Koko, não!

- Mas por quê?

Arthur havia me avisado inúmeras  vezes sobre sua sexualidade, mas eu nunca acreditava, não era possível que ele gostasse de mulheres, ou apenas de mulheres, já o peguei me fitando muitas vezes, e quando ele fica bêbado só falta me pedir em casamento, ele é ciumento comigo, odeia que eu seja o que as pessoas chamam de “galinha”, e sempre diz que quer “uma pessoa boa e certa” pra mim.

- Não gosto de homens.

- Mas eu não quero que você goste de homens, quero que você goste de mim.

Ele riu e me empurrou com delicadeza.

- Mas eu gosto de você. Muito, tu é meu amigo.

- Tá, mas, todos são seus amigos, aí que tá, quero ser mais que amigo.

- Ok, você é meu melhor amigo, tá bom?

Fiquei sem paciência e fechei a cara, aquela conversa não daria em nada, mesmo que eu insistisse.

Ele ignorou totalmente minha birra e me alcançou o copo, bebi o mais rápido que pude e larguei o copo na mesinha da sala, ainda com a cara fechada.

- Não fica assim, pelo menos eu deixo você me trovar - ele riu da própria frase, eu não achei a mínima graça.

- Do que adianta trovar se não vai dar em nada.

Ele sentou no sofá ao meu lado e se aproximou, depositou um beijo tímido em minha bochecha e me abraçou.

- Koko, isso é o máximo que posso fazer por ti, não espere mais que isso.

***

Já havia se passado algum tempo, eu já havia tomado banho e estava deitado na cama de solteiro de Arthur, esperando por ele, como sempre ganhei a batalha e ele teria aceitado que eu deitasse com ele.

- Não tenta nada, não ache que eu quero algo, por favor, só não abuse de mim.

- Não vou! Não faria nada que te magoasse, confia em mim.

Ele deitou, meio desconfortável, a cama era tão pequena que era impossível que nossos corpos não se tocassem, ele se virou de costas pra mim e pegou o celular, escrevia algumas coisas e soltava uma risadinha de vez em quando. Não olhei para a tela nenhuma vez, sabia que se eu o fizesse acabaria me incomodando, e não queria isso. Ele desligou a tela do aparelho e se acomodou, querendo ou não acabou se espremendo contra meu peito.

Passei minhas mãos em seu pequeno tronco e abracei com delicadeza, pude sentir seu coração acelerar, o puxei para mais perto de mim, e ele não lutou contra o ato.

- Você gosta? - perguntei baixinho.

- De? - sua voz saiu baixinha, quase inaudível.

- Disso.

- É confortável, gosto.

Sorri e então o abracei com mais força, o suficiente para que ele murmurar algum palavrão.

- Hey, se quiser posso vir mais vezes, ou ficar aqui, pra sempre com você.

- Não se iluda Koko, só durma, por favor.

Assim eu fiz.

***

Quando eu acordei ele já não estava lá, vi um bilhete no travesseiro. “bom dia, quero você fora da casa antes de eu chegar. ps: também senti tua falta.”.

Minha felicidade não podia ser maior, levantei e peguei um bloquinho de notas: me liga quando chegar, eu te amo.

Saí da casa e já estava pronto pra entrar no carro quando vi alguém que nunca imaginaria ver por ali. Daniel.

Koko & DanOnde histórias criam vida. Descubra agora