Coração partido, narrado por Koko
- Nunca vou te largar - sussurrei em seu ouvido, então ele parou de lutar contra meu abraço.
O larguei e passou a mão em seus cabelos encaracolados, logo indo em direção a porta.
- Trancada - ele disse, então puxo minha cópia da chave da casa dele.
- Hey, onde conseguiu isso?
- Chaveiro?
- Não permiti isso!
- Eu sei, mas imagina se algo acontece com você, eu preciso de uma cópia da chave pra poder entrar na casa e te salvar.
Ele bufou e revirou os olhos, então entramos na casa. Era pequena e confortável, não tinha muitas divisões, então entre a cozinha/sala tinha uma velha estante a separando do quarto e logo ao lado uma porta velha que dava ao banheiro.
Larguei minha mochila no sofá e deitei no mesmo. Arthur pegou dois copos e serviu um pouco de suco em cada.
- Só suco? - perguntei com desânimo.
- Eu quero dormir, ok? E ah, achou que eu não ia falar sobre isso, né? Você no sofá, eu na cama.
- Mas eu tenho problemas nas costas, quer me matar?
- Ok, você na cama, eu no sofá.
Ele riu e voltou a sua atenção nos copos. Sorrateiramente eu me levantei e fui em sua direção sem que ele escutasse, o abracei por trás, o fazendo dar um pequeno pulinho.
- Koko, não!
- Mas por quê?
Arthur havia me avisado inúmeras vezes sobre sua sexualidade, mas eu nunca acreditava, não era possível que ele gostasse de mulheres, ou apenas de mulheres, já o peguei me fitando muitas vezes, e quando ele fica bêbado só falta me pedir em casamento, ele é ciumento comigo, odeia que eu seja o que as pessoas chamam de “galinha”, e sempre diz que quer “uma pessoa boa e certa” pra mim.
- Não gosto de homens.
- Mas eu não quero que você goste de homens, quero que você goste de mim.
Ele riu e me empurrou com delicadeza.
- Mas eu gosto de você. Muito, tu é meu amigo.
- Tá, mas, todos são seus amigos, aí que tá, quero ser mais que amigo.
- Ok, você é meu melhor amigo, tá bom?
Fiquei sem paciência e fechei a cara, aquela conversa não daria em nada, mesmo que eu insistisse.
Ele ignorou totalmente minha birra e me alcançou o copo, bebi o mais rápido que pude e larguei o copo na mesinha da sala, ainda com a cara fechada.
- Não fica assim, pelo menos eu deixo você me trovar - ele riu da própria frase, eu não achei a mínima graça.
- Do que adianta trovar se não vai dar em nada.
Ele sentou no sofá ao meu lado e se aproximou, depositou um beijo tímido em minha bochecha e me abraçou.
- Koko, isso é o máximo que posso fazer por ti, não espere mais que isso.
***
Já havia se passado algum tempo, eu já havia tomado banho e estava deitado na cama de solteiro de Arthur, esperando por ele, como sempre ganhei a batalha e ele teria aceitado que eu deitasse com ele.
- Não tenta nada, não ache que eu quero algo, por favor, só não abuse de mim.
- Não vou! Não faria nada que te magoasse, confia em mim.
Ele deitou, meio desconfortável, a cama era tão pequena que era impossível que nossos corpos não se tocassem, ele se virou de costas pra mim e pegou o celular, escrevia algumas coisas e soltava uma risadinha de vez em quando. Não olhei para a tela nenhuma vez, sabia que se eu o fizesse acabaria me incomodando, e não queria isso. Ele desligou a tela do aparelho e se acomodou, querendo ou não acabou se espremendo contra meu peito.
Passei minhas mãos em seu pequeno tronco e abracei com delicadeza, pude sentir seu coração acelerar, o puxei para mais perto de mim, e ele não lutou contra o ato.
- Você gosta? - perguntei baixinho.
- De? - sua voz saiu baixinha, quase inaudível.
- Disso.
- É confortável, gosto.
Sorri e então o abracei com mais força, o suficiente para que ele murmurar algum palavrão.
- Hey, se quiser posso vir mais vezes, ou ficar aqui, pra sempre com você.
- Não se iluda Koko, só durma, por favor.
Assim eu fiz.
***
Quando eu acordei ele já não estava lá, vi um bilhete no travesseiro. “bom dia, quero você fora da casa antes de eu chegar. ps: também senti tua falta.”.
Minha felicidade não podia ser maior, levantei e peguei um bloquinho de notas: me liga quando chegar, eu te amo.
Saí da casa e já estava pronto pra entrar no carro quando vi alguém que nunca imaginaria ver por ali. Daniel.
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Koko & Dan
RomanceO que você faria se fosse um membro importante de uma grande empresa e também apenas um jovem tentando decifrar os grandes "porquês da vida"? Se não soube responder essa pergunta, Koko e Dan muito menos. Dois jovens no mundo dos negócios que precisa...