Capítulo 13

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O amor do meu amor, narrado por Koko

Senti meu rosto queimar com fúria, nunca fui desacatado desse jeito na minha vida, fiquei tão chocado que não consegui pensar em nada como resposta, só o deixei ir. O homenzinho se virou com peso e foi em direção ao que deduzi que fosse seu “amado”.

Não vai ser fácil fugir de mim.

Entrei no carro e girei a chave, saí do estacionamento no automático, não queria ir pra casa, tinha muito no que pensar. Tinha que pensar em meus próximos passos, Daniel não teve medo em dizer o que disse, o homem talvez fosse seu ponto fraco, o que foi bom saber já que teria que entrar em uma competição contra sua empresa falida. Tinha mil coisas para chantageá-lo, e agora mais uma, estava em meu auge, precisava comemorar.

Parei o carro em um acostamento e abri a minha lista de contatos, talvez fosse hora de rever meus amigos. Mandei uma mensagem no grupo de amigos, pedi que me encontrasse no bar perto da praia, no qual sempre íamos.

“Ah, ele tá de volta!”, “Graças a deus, tédio tava me matando”, “Vai ter que pagar pra mim Koko, to quebrada”...

Vi mensagens de todos confirmando presença, menos a de Arthur, a mais importante, então liguei para ele.

- Oi, você vai, certo?

- Onde eu vou?

Bufei.

- Acabei de marcar no grupo para nos encontrarmos no bar.

- Oh, não vou poder ir, tenho companhia hoje… - ele disse, quase se arrependendo.

Uma coisa que Arthur decidiu sendo hétero e nem um pouco atraído por mim, como se eu acreditasse, é que pelo bem do meu coração ele nunca diria sobre seus relacionamentos comigo ou em minha presença.

- Ah, que bom, então não vai, comemoro com a galera, não ligo mesmo. - disse nervoso, não queria ter dito aquelas palavras, mas era o que ele merecia.

- Koko, eu vou, mas vou levá-la, ok? - ele teve a cara de pau de perguntar.

- Hijo de una… não! Fica aí, eu não quero ver com quem você tá fodendo, obrigado.

Desliguei o celular e entrei no carro, minhas mãos tremiam ao volante. Podia parecer dramático demais, mas eu nunca havia imaginado ele com outra pessoa, e agora era uma imagem que não ia sair da minha cabeça.

***

Dirigi até o bar e quando saí do carro vi minha tão amada turma, os quatro seres humanos que estranhamente me completavam: Ziao, o asiático barulhento, ele era a pessoa mais animada que eu havia conhecido na vida, e parecia sempre drogado, nunca vou saber como ele começou a andar com a gente; Lili era a mina de família, a boa moça que gosta de andar com os perdedores, na verdade conheço a Lili desde pequeno, nunca fomos melhores amigos, mas quando entramos no ensino médio ela ficou meio abandonada então a chamei pra ficar comigo e com meus amigos; Esteban era o que, depois de Arthur, era mais próximo de mim, ele, assim como eu, veio do México ainda criança, conheci ele em uma boate, ele me foi apresentado como acompanhante, mas depois de uma longa conversa fiquei sabendo que ele só aceitava transar com estranhos porque tinha que pagar seu sonho de ser modelo, e fiquei feliz em ajudar; e, por último, mas não menos importante, Amanda, ela era a única pessoa que eu tinha medo de ser cretino com, ela não tinha medo de entrar em brigas, era barraqueira mesmo e se orgulhava disso, prima de Arthur, assim que começou a andar conosco.

- Olha lá ele! Koko!

Sorri para os quatro e sentei em uma das cadeiras vazias.

- Achei que ia trazer aquela bixinha do Arthur com você - Amanda disse soltando a fumaça fedida de seu cigarro barato pela boca.

- Não, ele tá com a namoradinha, parece que não é tão bixinha assim, né - ri de nervoso.

Amanda arqueou as sobrancelhas como sinal de surpresa. Esteban deu uns tapinhas em meu ombro e me alcançou uma garrafa de cerveja.

- Você não disse no convite que era pra vir vestido a caráter - Ziao disse apontando para o meu terno, tinha até esquecido da reunião.

- Tive uma reunião mais cedo, coisas da empresa…

Então Ziao começou a falar algumas coisas, mas não prestei atenção, só conseguia pensar em Arthur e em sua “companhia”. Como ele pôde me dizer, na minha cara, que não falaria nada sobre seus namoros comigo, e esquecer disso?

Quando caí por mim, já estávamos na nona rodada de cerveja, alguns shots de tequila estavam na mesa.

Minha cabeça girava de mais. Olhei a minha volta e só tinha Esteban ali.

- Onde estão os outros?

- Ziao tinha um troço de família, a Lili, bem, é a Lili e a Amanda tinha “coisas para resolver”.

- E por que tu ficou aqui? - perguntei tomando o resto da cerveja que tinha a minha frente.

Esteban pegou a garrafa da minha mão e botou ela de lado.

- Não podia deixar você sozinho aqui, nesse estado.

- Como a gente vai voltar pra casa?

Ele olhou para a mesa que tinha na nossa frente, uns caras bem vestidos encaravam Esteban e pareciam conversar sobre o mesmo.

- Eu tenho carona, você… não me mate, mas eu chamei...

Ele nem pôde terminar a frase, senti uma mão pesada apertando o meu ombro de leve, quando levantei o meu olhar, Arthur me dava um belo sorriso. Logo ao seu lado uma garota de cabelos compridos estava ali, parecia um pouco confusa.

- Esteban, mierda, que me llevara con usted… cuzão.

- Lo siento, mas no puedo llevar usted.

A garota se aproximou da gente e disse algo no ouvido de Arthur, não pude escutar, mas já tinha até imaginado: “Quem é esse perdedor de merda, Arthur? Ele que tenta roubar seu coração hétero de mim?”.

Esteban já estava a caminho do carro dos caras, e Arthur tentava a todo custo me levar para o carro dele, mas como um bom menino mimado que sou, fiz birra até ele desistir e perder a paciência.

- QUAL É? VAI VIR OU NÃO? Já estragou minha noite mesmo, o que quer mais?

As palavras dele me deixaram abalado, a cerveja e as inúmeras tequilas ajudaram também, levantei e apontei o dedo indicador bem na altura de seu nariz.

- Eu não pedi pra você me buscar, se quiser me deixar aqui e ir transar com essa aí que daqui uns dois meses vai te largar, com toda certeza, vá! Eu caguei pra ti, eu não quero mais te ver na minha frente, vai, aproveita o resto da sua noite, pau no cu!

Arthur pareceu surpreso, achou que minha reação fosse diferente, que eu fosse me amolecer como sempre faço quando ele me xinga, não hoje!

Quando ele estava prestes a me responder, ouvi uma voz conhecida.

- Hey, Daniel, não é o filho da Madalena?

- Nick, fala baixo…

Koko & DanOnde histórias criam vida. Descubra agora