Capítulo 6

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Fantasia noturna, narrado por Dan

- Ainda não sei o que você tinha na cabeça - falou Ty. - Que eles simplesmente iam falar todos os planos da empresa enquanto você ficaria lá parado e ouvindo? Hey - então chamou o barman -, mais uma dose... pra nós dois.

- Não - afirmei. - Não bebo. Você bem sabe.

Depois de ter me livrado do tal Koko e dirigido para longe do condomínios dos ricassos, liguei para meu irmão. E ele sugeriu que nos encontrássemos num bar para discutir sobre, como sempre sugeria sobre qualquer assunto que fosse. Decidi aceitar a oferta e assim ele teria a desculpa para beber durante toda a madrugada já que estaríamos no bar de qualquer jeito.

Ele me olhou de relance e depois para o barman.

- Para nós dois - e tomou o último gole de uísque que estava em seu copo. - Pelo menos não te descobriram. Não saberia o que fazer sem você para ajudar.

Se qualquer coisa acontecesse a mim, Ty seria o responsável pela nossa empresa. Meus pais tiveram só a nós dois de filhos e, como eu era o mais velho, eu era o diretor atualmente.

- Que manchete você ia dar para a velha! - exclamou ele, balançando a cabeça de um lado para o outro. - Diretor desesperado tentar roubar segredos de sua concorrente. Aí sim estaríamos perdidos.

Nossas bebidas chegaram e eu nem toquei na minha. Ty ficou me encarando, esperando eu beber.

- Preciso dirigir. E não quero mais encrencas do que eu já arranjei. - falei, severo.

Apesar de ser o mais velho, era meu irmão quem parecia assim... na aparência visual. Tinha barba mal feita e a voz mais grave enquanto meu rosto era liso e minha voz mais suave. Tratando-se de sensatez, ele passava longe.

- Um gole, vamos.

Quando percebi que ele não ia desistir, peguei o copo e despejei o conteúdo em minha boca, que imediatamente começou a arder.

Ty riu.

- O filho dela me viu - falei.

Ele não só ficou calado como também boquiaberto. Tinha ouvido algo que não esperaria ouvir de nenhum jeito.

- O que?! - quase berrou dentro do bar.

- O rapaz, Kaio, o nome dele. Ele me viu. Até conversou comigo.

Ty levou as mãos às têmporas e começou a esfregá-las, grunhindo.

- Meu deus. - Só conseguiu falar isso.

- Olha, relaxa. Ele estava bêbado. Uma noite e esquece disso. De resto, ninguém me notou. Nunca mais farei nada parecido. Prometo.

E então ele se acalmou um pouco. E bebeu. Provavelmente não era só Kaio que se esqueceria dessa noite pela manhã.

***

Como meu irmão morava perto do bar, achei que não era um grande problema tê-lo deixado lá. O máximo que poderia acontecer era algumas cicatrizes consequentes de andar até sua casa cambaleando. Nada que ele não estivesse acostumado.

O melhor que eu tinha a fazer agora era ir para casa e pensar em algo para que não falíssemos.

Virei o volante e entrei na minha rua, bem longe do banheiro de Madalena... ou pelo menos de um dos banheiros dela. De repente, me veio à mente seu filho. Aquele moleque do qual não havia gostado nem um pouco. E o problema nem era ele ser filho da tal velha. O problema era sua arrogância. Não imaginaria alguém podendo suportá-lo. Ainda bem que tinha escrito um número qualquer naquele papel. Mas tive que admitir que era bonito para alguém que tivesse saído daquela decrépita. Meu verdadeiro ódio era por ela.

***

Deitei em minha cama e levantei o pulso até meu rosto para olhar o horário no meu relógio. 3h45. Não conseguiria fazer nada à essa hora. Pensei que o melhor era dormir. Porém, olhei para o lado e depois para o outro. Estava só. Imaginei se Nick estivesse ali comigo.

Nick, com o seu sorriso simpático e o jeito energético de falar. Era tão entusiasmado que chegava a ser contagiante. Adorava conversar com ele e achava que ele também me curtia. Só tive coragem de chamá-lo para tomar um café um dia, e ele pensou que era para tratar de negócios, já que era o nosso publicitário.

De qualquer jeito, aquele dia na cafeteria foi incrível. Nick sorrindo e falando suas ideias. Eu o observando enquanto falava.

Fechei os olhos e ele estava ali, comigo, deitado na cama. Não vestia camiseta ou calça. E sussurrava no meu ouvido. Eram palavras gentis, com uma certa inclinação sensual.

Minha mão escorregou para a minha barriga, esfregando-a, e depois para mais baixo, mais baixo. Em minha mente, Nick continuava a falar ao meu ouvido.

Koko & DanOnde histórias criam vida. Descubra agora