Capítulo 5

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A maior desilusão, narrado por Koko


Cheguei perto do rapaz, ele parecia nervoso, pude perceber algumas gotas de suor em sua testa. Poderia pedir qualquer coisa, sem exceções, queria terminar minha noite aliviado, mas o nervosismo dele me brochava.

- Ah, me passa seu número, aqui - entreguei um bloco de notas e uma caneta a ele.

- Eu não sei se deveria...

Me irritei, como não poderia, ele me
perguntou o que eu queria, eu quero o numero dele.

- Anda logo, escreva, vamos... Se não quiser, eu posso procurar nos documentos da empresa, não só o seu número, mas o seu endereço, onde estudou, sua família...

Daniel me encarou com surpresa, e então pegou o bloco e escreveu cada número com pressa.

- Muito bem, empregadinho inteligente.

- Não sou "empregadinho".

Revirei os olhos e fiz sinal para que ele saísse da minha frente, e assim ele fez, com um pouco de dificuldade, o segui até a porta de entrada. Ele parecia desesperado para sair dali, pegou a chave do carro e a deixou cair milhares de vezes, parecia frustrado, obviamente não sou burro, e achei ele suspeito, podia ser só o nervosismo de ser novo em uma empresa tão grande, ou algo maior que isso...

Quando ele finalmente partiu, eu peguei meu celular, a minha noite ainda não havia acabado, já me sentia sóbrio e entediado, mais uma vez, peguei meu celular e catei as mensagens. As fotos dos grupos mostravam a galera em alguns bares de divertindo, eles até me marcaram em algumas pra esfregar na minha cara o que eu estava perdendo, olhei todas, nenhuma delas tinha a pessoa mais importante: Arthur.

Arthur e eu nos conhecemos em um dos rolês, ele era novo na cidade e não conhecia ninguém, eu achei ele bem simples, a beleza não era seu ponto forte, mas o charme, alguma coisa nele me deixava encantado, lembro de ter chegado perto dele e jogado todos os meus charmes, e lembro de ter tomado o maior fora, "não sou gay, nem bi, nem nada do tipo, foi mal".

Mesmo assim não desisti, faço de tudo para ele me notar, e ele é um bom amigo meu, sempre me dá bons conselhos, e sei que ele quer meu bem, mas apenas isso.

Liguei para Arthur e esperei ele atender, demorou um século.

- Fala, Kaio. - Sua voz rouca e cansada me arrepiou.

- Estava dormindo?

- Claro, diferente de você eu trabalho e estudo. - Fiquei magoado com as palavras dele.

- Eu estudo, ok?!

Ele riu

- Cursinho uma vez por semana não é estudar, e você nem vai, cala a boca... Mas então, o que quer?

Pensei bem, essa era minha frase favorita, não sabia exatamente o que queria, só estava com uma gana imensa de vê-lo.

- Beber algo, uma cerveja, talvez?

- Nem fodendo, vai sozinho, boa noite.

Bufei alto.

- Tá! Um chá?

- Koko, eu preciso estudar amanhã, está tarde!!!

- Eu sei, mas... quero passar um tempo com você.

Silêncio se fez, achei que ele tinha desligado o telefone ou até adormecido, mas não.

- Tá, vem até minha casa, e traz roupa, já que se eu mandar você embora tu vai se recusar a sair mesmo... rápido.

Desliguei a ligação e entrei na mansão ansioso, subi os dois lances de escada e atravessei alguns corredores, abri a porta do meu quarto, peguei uma mochila e joguei tudo que eu vi pela frente dentro dela.

- Onde vai? - minha mãe perguntou entrando no quarto.

- Vou ver a razão da minha vida.

Ela riu com a mão cobrindo os dentes manchados de café.

- Está olhando pra ela. Agora, onde vai?

Querendo ou não, o meu bom humor e sarcasmo veio da minha mãe, ela era boa com o jogo de palavras.

- Ver Arthur, por quê?

Minha mãe franziu o cenho, o nome era novo para ela, mas logo depois deu de ombros, nunca foi interessada em minhas amizades mesmo.

- Se eu pedir que fique e tome um drink comigo e com Gilberto, você aceitaria?

Eu tinha até esquecido disso.

- Óbvio que não, prefiro a morte.

- Como quiser, querido, se cuide, e volte pra casa.

Como eu esperava, ela nem se importava.

***

Estacionei na frente da casa do meu futuro noivo, desci do carro e pude ver uma silhueta de braços cruzados e usando um roupão.

- Oi - Arthur disse com um sorriso nos lábios.

Não pude me conter, queria tanto ver ele. Corri em sua direção e abracei seu corpo frágil com toda vontade do mundo.

- Koko, me larga.

Koko & DanOnde histórias criam vida. Descubra agora