Acordei e fiquei deitado olhando para o teto, me sentia pesado na cama, uma vontade de ficar ali, o dia todo ao lado dele, abraçado com ele, beijando seu peito, sua boca, sentindo sua mão me acariciando. Queria viver assim todos os dias da minha vida sentindo seus beijos. Seu corpo quente sobre o meu. Queria viver assim todos os dias da minha vida sentindo-o dentro de mim e eu dentro dele. Dou um sorriso e respiro fundo, ainda posso sentir o prazer da explosão dupla de nossos orgasmos. Não posso explicar, são muitos sentidos e emoções juntos. Acordei naquela manhã e queria ficar ali deitado tentando não acordar e correr o risco de perdê-lo, ou pior, ver que tudo não passou de um sonho. Mas a realidade não podia ser desfeita assim só num abrir de olhos, estava consumado, eu e ele ali deitados, nus, na mesma cama depois de uma noite mágica. Passo a mão de lado para senti-lo, mas não o encontro, olho e vejo seu lugar vazio, mas sinto um alivio, pois escuto sua voz rouca no banheiro, ele cantava, sim ele canta, não sabia que cantava, espere, o que ele diz: "Pra ser sincero não espero de você / mais do que educação,/ Beijo sem paixão,/ Crime sem castigo,/ Aperto de mãos,/ Apenas bons amigos... / Pra ser sincero eu não espero que você / Minta / Não se sinta capaz de enganar / Quem não engana a si mesmo" – Ele cantava Engenheiros do Hawaii, que musica adorável, ele parecia inspirado, a letra se limitava com tudo o que estávamos vivendo até ali, e enquanto cantava sai da cama e fui ao seu encontro, ouvindo sua canção: "Nós dois temos os mesmos defeitos / Sabemos tudo a nosso respeito / Somos suspeitos de um crime perfeito, / Mas crimes perfeitos não deixam suspeitos. / ..." Cheguei na porta e fiquei olhando-o pelo boxe de vidro, seu corpo pálido se tornava menos branco ao contraste com a espuma do shampoo que descia por suas costas chegando até sua lisa e firme.
─ Não conhecia esse seu lado cantor Alex.
Ele pareceu não me ver chegando, parou de canta e se virou, com um sorriso largo no rosto.
─ Entre aqui, vamos experimentar sob a ducha.
Vê-lo assim, se entregando, me confiando seu mais puro sentimento, era tão avesso a tudo o que eu vivi no ultimo mês, seria impossível me ver agora com ele depois de nossa primeira noite, e para que minhas palavras não fiquem em apenas canções românticas e utópicas, e a referencias vitorianas de Shakespeare, me sinto no dever a retornar aquela noite de há mais ou menos um mês onde tudo tomaria um novo rumo e uma nova perspectiva no meu modo de ver as relações entre dois homens, não falo de sexo, mas de sentimentos que até então eu achava um desvio de conduta moral ou mesmo comportamental. Eu era gay e não sabia.
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Foi naquela noite em que dormir a primeira vez com Alex a sós no mesmo quarto, que eu me vi numa situação nova, não foi o fato dele me pedir um papagaio para mijar, nem o fato de ter levado ao banheiro sua urina, mas o fato dele me pedir algo tão intimo, me deixou abalado, pois até então eu vinha achando que ele estava indefeso preso aquela cama. Ele sem saída teve que engoli seu orgulho ao ficar completamente vulnerável de ante a mim. Ao entregar o aparador de inox para ele, até então não sabia o que fazer, se eu teria que segurar enquanto ele colocava seu penes dentro, bobagem minha. Ele mesmo fez tudo, e ao pedir para eu ficar de costas, fiquei com a face quente, senti vergonha, e isso era novo. Ao me virá ele ainda estava sem o lençol, como a calça era de algodão preza com um cordão de tecido, ainda se encontrava frouxa, mas o que me chamou atenção foi o volume meio bomba sob o tecido, foi por um segundo, mas fiquei mais ainda vermelho de vergonha, ainda sem ação não raciocinei direito e perguntei o que faria com aquilo nas mãos. Era obvio que deveria descartar no sanitário e fazer uma breve lavagem. Mas ele respondeu com seriedade, não sei se ele notou meu estado emocional. No banheiro enquanto lavava o recipiente metálico, não conseguia apagar aquela visão dele deitado na cama, completamente sem ação, e eu ali parado ao seu lado, senti meu coração palpitar, parecia saltar pela boca, sabia que não era apenas o sexo dele, mas uma explosão de tudo. Voltei para minha poltrona, procurei manter a calma, me organizei na minha cama improvisada. Olhei de relance e o vi me observando, depois não sabia mais o que pensar. Antes de dormir ainda perguntei se ele desejava algo, não sei como saiu meu tom de voz, sei que meu coração estava agitado. Depois de um pequeno intervalo ele adormeceu, mas eu não tinha mais sono, a poltrona não era mais confortável, não encontrei o sono que eu precisava para tentar apagar aquele sentimento que eu não sabia mais como decifrar.
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Alex & Daniel - 1 : O Príncipe e o Plebeu
RomanceNarra a história de Alex e Daniel, dois jovens com personalidades fortes e de origens distantes mas com um passado em comum. Em cada capítulo descubra os sentimentos de cada um a respeito do outro, e acompanhe passo a passo o desfecho desta história...