Cap. 13: O Sol brilhará novamente?

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Você já sentiu um desconforto na barriga quando se sente numa situação em que o mundo parece que vai acabar ali e você acha que não tem solução, e que a única maneira é fechar os olhos e esperar a execução. Se você é um desses que nunca sentiu isso, parabéns para você por não ter nenhum segredo mortal ou mesmo ter vivido algo proibido que esteja a ponto de ser descoberto, pois posso dizer é algo forte e o deixa sem palavras, e seu instinto de sobrevivência se sobre sai, mas seu rosto, sua palidez o denuncia e não há como esconder mais nada. Só se você for um psicopata.

Mas eu não era e nem sou um psicopata, era medroso, um jovem sem pais, vivendo uma nova vida, tentando se achar no mundo... Tentando me encontrar e no que eu poderia vim ser. Tentando encontrar algo a me segurar, e abraçar e assim senti que minha vida teria sentido.

Mas quando eu ergui minha cabeça deixando nos lábios de Alex meu beijo, não tive tempo para decifrar todos os sentidos gerados por aquela ação inconsequente, pois ao ver seus olhos abertos de tal forma, expressando todo seu entendimento do que tinha acabado de acontecer. Ele não reagiu, ficou calado e pasmo, não gritou, não disse nada, me deu tempo de sair, não sabia se me desculpava ou se chorava. Queria sair correndo dali, e o que me impedia, não sei, talvez eu esperasse uma reação dele, mas nada, meu coração palpitava, então não sei de onde veio cair em mim uma visão de que tudo estaria perdido, não consegui me controlar, me encostei à parede, e desci até o chão e apoiando os braços nos joelhos cobri meus olhos com as mãos e comecei a chorar, na minha visão eu estava só, meus tios por medo de perder o emprego tinham me abandonado, meus amigos se afastaram de mim, e todo mundo me rejeitava, me apontavam o dedo, eu não tinha com quem ficar, estava feita a minha desgraça. Alguns minutos depois escuto Alex, sua pergunta me rasga o peito: "Daniel você é gay?" Foi tão de repente que o choro se intensificou e comecei a soluçar, como pude me deixar levar por um sentimento tão mesquinho, não sabia o que fazer. Ele ainda tentou me acalmar dizendo que conversaríamos depois. E isso foi tranquilizante, não pelo que disse, mas pelo seu tom ao pronunciar aquelas palavras, ele parecia calmo, parecia compreender meu estado, e mesmo um pouco depois vendo que eu estava mais calmo, ele ainda quis saber se eu já tinha beijado outro homem, mantendo a calma, não parecia que iria iniciar uma discursão ali. Já mais consciente de tudo, falei:

─ Prometo que amanhã será nossa despedida, depois não nos falamos mais, pode ficar tranquilo, nunca vou falar nada para ninguém. – não queria parecer óbvio, eu sabia que ele era inteligente suficiente para saber que eu não era gay ou que já tinha beijado outro, mesmo sabendo que eu poderia correr o risco de ser interpretado diferente, e ele achar que eu estava apaixonado por ele, não iria responder nada, não queria discuti ali sentimentos que nem eu ainda sabia explicar. Sai daquele canto de parede, fui ao banheiro, lavei minhas lágrimas, enquanto me lavava, sua pergunta ainda se repetia: "Daniel, você é gay?" "Daniel, você é gay?"

Mas ele persistiu queria saber o motivo que tinha me levado ao beijo, eu notava uma aflição nele, e isso me doía, pois eu também sentia essa aflição, pois eu já tinha notado que nós estávamos nos tornando amigos, e agora eu joguei tudo por agua abaixo, ele nunca mais iria confiar em mim. Tentei desconversar e tentando deixar claro para ele que eu não sabia também, e que minhas desculpas eram sinceras, contudo ele estava perturbado, eu sentia que ele queria uma explicação, se via nos seus olhos sua aflição.

─ Não quero brigar com você, quero saber o motivo, só isso, prometo não te perturbar mais.

─ Sabe quando você faz algo e depois fica se perguntando "por que fez", e não consegue uma resposta. Só peço que aceite minhas desculpas, sei que o que fiz não tem perdão, mas não fale para seu pai ou meu tio, por favor, não estrague minha vida só por causa desse beijo bobo.

Alex & Daniel - 1 : O Príncipe e o PlebeuOnde histórias criam vida. Descubra agora