Quatro

32 14 32
                                    

– A humanidade é uma bagunça. E não tem lado bom – O Lado bom da vida.

***

O clima estava tenso na casa de Suzana, seu pai mal havia falado com ela, só falava o necessário, e quando precisava de um favor.

Suzana sabia que o que tinha falado havia machucado seu pai, mas uma hora ou outra, alguém iria precisar dizer isso. Seu pai realmente precisava seguir em frente, se não nunca conseguiria um dia ser feliz.

Willian não conseguia tirar da cabeça aquilo que sua filha havia falado, já havia pensado naquilo algumas vezes, mas ouvir aquilo da boca da própria filha era algo completamente diferente. Seus amigos viviam perguntando quando que ele iria seguir em frente, arranjar uma mulher. O chamavam frequentemente para farrear, ir para festas, beber até não aguentar mais. Eles diziam que aquele seria o verdadeiro remédio para esquecer Sarah.

Queriam que ele arranjasse seus próprios meios para esquecer a ex mulher, viviam tirando sarro com a cara de Willian, dizendo que aquilo era frescura e o que ele realmente precisava era foder a noite toda.

Mas sabe, nem tudo se resumia a sexo, nem tudo se resumia a uma foda inesquecível. Willian não queria foder. Ele queria poder fazer amor. E isso ele não poderia fazer com mais ninguém além de Sarah. Ele queria ela, e só ela.

Bem clichê, eu sei.

E era justamente por isso que William não comentava esse tipo de coisa com seus amigos, apenas dava uma risadinha sem graça e falava que não havia mulher gostosa o suficiente para ele. Um comentário completamente escroto e machista. Mas que para eles, parecia uma resposta boa o suficiente.

Esqueciam que Willian tinha dois filhos, principalmente Samuel que precisava de um cuidado maior. Adorava passar o tempo com o filho, mesmo tendo o defeito de perder a paciência rapidamente.

O fato era que não conseguia pensar em ninguém nesse momento – nem nos últimos quatro anos – queria poder focar em seus filhos e seu trabalho. E só.

Mas será que isso não era apenas uma desculpa? Será que no fundo ele só não queria ficar sozinho? E não estava pronto para ter alguém em sua vida?

Talvez.

Mas talvez o problema não fosse ele, talvez não fosse ele que não se permitia amar outra pessoa a não ser a Sarah. Sua preciosa Sarah.

O problema eram as pessoas, não tinha uma que se parecia com sua ex mulher, nem internamente ou externamente. Às vezes, quando ele saía - quase nunca me deixe lembrar - ele ficava procurando as mesmas características em outra mulher, os mesmos olhos, a mesma boca, o mesmo cabelo. Alguém que se aproximava da beleza de Sarah. Mas nunca encontrou.

A não ser uma vez que achou ter visto uma pessoa idêntica a ela, tudo mesmo. Mas assim que piscou os olhos, ela já havia desaparecido.

Então, estava decidido, o problema não era ele que não conseguia encontrar ninguém. O problema era que ninguém conseguia se parecer com ela.

Ou, talvez, isto seja apenas mais uma desculpa.

***

Suzana achava que nunca iria conseguir se acostumar com o horário de aula. Ela acordava sempre no mesmo horário, nos últimos três anos, mas sempre sentia que estava morrendo de tanto sono. Os olhos ficavam vermelhos e querendo fechar, a cabeça pesava e ela ficava sempre procurando algum lugar parar sentar. Sempre se atrasava, pois mesmo depois do despertador tocar, ela ficava virando de um lado para o outro na cama.

Não era só o sono, era a vontade incontrolável de ficar na cama o dia inteiro, sem falar com ninguém, presa em seus próprios pensamentos e emoções.

Só de imaginar que ela teria que entrar na escola novamente...

Mais um dia em que Suzana teria que ir para escola, para muitos, algo tão simples. Afinal "era só sua obrigação", mas para ela estava sendo um grande sacrifício. Ela só queria ficar deitada em sua cama, debaixo de sua coberta, isolado do contato humano. Queria apenas colocar seus pensamentos em ordem, poder se entender.

Mas hoje ela nem iria reclamar, pois o clima na casa dela não era os dos melhores, preferia ir para escola do que ficar nesse clima tenso com o pai.

E ela foi, com o coração a apertado e uma vontade muito grande de chorar. Mas foi.

Aguentou todo mundo a olhando - ou seria apenas impressão? -, aguentou o isolamento, a saudade dos amigos. Até tentou se concentrar nas três primeiras aulas, mas parecia que quanto mais ela tentava prestar atenção, mais ela ficava perdida. Quanto mais ela se esforçava, mais para baixo e burra ela se sentia.

Suzana acreditava que nem tudo se resumia ao valor da nota que você tirava em seu boletim. Acreditava que éramos mais que isso e ninguém era melhor ou pior por este fato.

Mas ultimamente estava se sentindo tão... inferior.

Então, quando tocou o sinal do intervalo, ela soltou um suspiro de alívio.

Não que ela tivesse vários amigos naquela escola para poder conversar, se divertir nesses poucos minutos de intervalo. Mas pelo menos poderia comer.

Suzana estava sentada em seu lugar habitual, encostada em um canto afastado perto das salas, comendo um pouco do lanche que trouxe de casa e observando as pessoas ao seu redor.

Do nada, duas pessoas se sentaram ao lado de seu lado, duas pessoas muito parecidas por sinal. Os mesmos cabelos pretos, os mesmos olhos, o mesmo formato de queijo. Ambos eram lindos.

- Oi, Como você se chama? – A menina falou.

Suzana ficou um pouco surpresa, com alguém depois de um pouco mais de uma semana de aula, ter falado com ela. A menina parecia simpática e tinha um ar tão inocente... fofo.

- Suzana e o seu? – Suzana falou, curiosa com a menina

- Meu nome é Helena. E esse é o meu irmão Daniel. – Ela apontou para o garoto ao lado dela. O mesmo deu um sorriso tímido, um pouco com vergonha/um pouco encantado com o jeito de Suzana.

- A gente sempre vê você andando sozinha por esses corredores da escola – Daniel finamente falou – E você parece ser gente boa, então por que não tentar ser amigos?

Suzana deu um sorriso, ela não era muito de falar, mas já havia adorado o jeito que esses irmãos estavam a tratando.

- E a gente resolveu ser seus amigos antes que aquele lá – Apontou para caio no outro lado do pátio – Tente alguma coisa.

- Ah, não se preocupe. Ele não gosta de mim.

Daniel deu risada. Suzana ficou sem entender o porquê.

- Vocês não parecem gostar muito deles.

- Não gostamos – Os irmãos falaram em uníssono.

Foi a vez de Suzana rir. Havia adorado eles.

- Mas porquê?

- Problemas Suzana, problemas. – Daniel falou.

E então, mudaram para um assunto totalmente diferente. Deixando Suzana curiosa. Se perguntando o que tinham acontecido entre eles e o Caio, e tendo a leve impressão que muita coisa ainda iria acontecer.

---

N/A: Poderia me ajudar votando, por favor? e se você gostou deste capitulo, comenta ai também! Me siga no perfil do Wattpad e me siga nas redes sociais para ficar por dentro de tudo:

Instagram: Ka.renn9

Twitter: Ka.renn9

Ah! E não esquece de espalhar a historia com o pessoal, para essa lindeza, crescer cada vez mais!

Tem uma nova historia, que em breve será postada. Dá uma olhadinha lá!

Beijo. 

Enigmas Melancólicos [Pausado]Onde histórias criam vida. Descubra agora