Enigmas Melancólicos [Pausado]

Seis

Conversar não é a minha praia. – 13 Reasons Why.

***

Suzana achava que já estava ficando insuportável tentar ter uma boa relação com seu pai. Não sabia se era por causa de sua mãe. Ou por causa do estresse do trabalho ou a exaustação por ter que cuidar de Samuel – mesmo ela ajudando o máximo que conseguia - se era o por que Suzana não conversava mais com ele. Ou só por que ele já havia desistido de tudo mesmo.

Mas fica difícil quando ele chegava bêbado.

Já se passava das 5:00 da manhã, quando Willian chegou, com um cheiro muito forte de bebida, todo corado, sorridente mas com os olhos cheio de lagrimas... Tinha umas marcas no pescoço e obviamente havia feito coisas muito... Inapropriadas.

Ela havia passado a noite preocupada, achando que havia acontecido alguma coisa, não conseguiu pregar o olho e sempre de olho no irmão mesmo o mesmo sempre estando em um sono profundo e calma.

Então ficou puta da vida quando viu que, seu pai estava bem, não havia acontecido nada de preocupante.

Se soubesse que seu pai iria fazer isso, ser irresponsável desse jeito, nunca aconselharia que ele saísse para se divertir, mas era só para ele sair para se distrair um pouco e não fazer... Isso.

No dia seguinte, seu pai havia acordado ás 14:00 da tarde, com a cara inchada e aparentemente uma dor de cabeça dos infernos.

Depois de tomar dois comprimidos de uma vez, Willian sentou no sofá para ter um pouco de descanso e relaxar o corpo, ligou a televisão para tentar se distrair da merda que havia feito.

Mas não foi bem assim que aconteceu.

- Pai eu vou sair com uns amigos tá? – Suzana disse ao pai, aproveitando que ele estava muito quieto.

- Está me avisando ou pedindo permissão? – o pai de Suzana perguntou.

- Estou te avisando.

- E é assim agora?

- A partir do momento que você chegou bêbado, perdeu toda a sua moral para ficar dando sermão. Então não começa tá? To saindo.

- Que amigos são esses?

- Aqueles que você resolveu me afastar, pai. Se lembra?

Willian achou melhor ficar quieto, estava com muita dor de cabeça para discutir com ela, iria deixa – la sair, afinal, Suzana merecia um pouco de descanso por ter virado a noite cuidando de Samuel.

Suzana havia marcado de sair com Júlio e seus amigos, para matar a saudade e ver se ela se animava um pouco. Estava se sentindo tão mal ultimamente, tão cansada, exausta de tudo. Não tinha animo para nada, só queria poder ficar deitada e não se levantar até tudo que aquilo que estava sentindo passar.

Mas infelizmente, a vida não iriam parar só por que ela estava mal.

Era um turbilhão de sentimentos, um pior que outro, não importa o quão Suzana se esforçasse para ficar bem.

Esperasse que hoje, que iria matar a saudade de seus amigos, ela conseguisse se ajeitar.

Suzana tomou banho e se arrumou rapidamente, ansiosa e animada para rever seus amigos.

Chegou na casa de Júlio uma hora antes do combinado.

- Oi Júlio, eai? – Ela disse, já deitando na cama do menino.

- Oi Suz – Júlio disse dando um beijo na bochecha da menina.

- Eu fui a primeira a chegar? – Suzana riu – estava muito ansiosa para ver vocês.

- Eles não vieram – Júlio disse, nem disfarçando que estava fingindo uma falsa decepção – Cada um com seus compromissos sabe como é né Suz?

Estranho. Suzana havia mandado mensagem para cada um e eles disseram que viriam.

- Serio Júlio?, ou você nem sequer conversou com eles e disse que eu estou morrendo de saudades? – Suzana não era besta, sabia que o amigo não era nada santo. Mas por algum motivo, não se incomodava de ficar sozinha com ele.

Nunca se incomodou de ficar sozinha com ele, mas admitia, havia ficado um bocado triste, pois queria ver sua amiga. Desabafar com ela, contar as coisas que estavam acontecendo em sua casa. Não que não pudesse contar com Júlio para desabafar, mas tinha um pouco mais de intimidade com a amiga.

- Nossa Suz – Júlio fez uma cara como se tivesse ofendido – Qual o problema de ficar sozinha comigo? Não estava com saudades?

Apostava sua vida que Júlio havia ligado para os demais e desmarcado, apenas para poder ter esse momentos as sóis com ela. Sim, Júlio era cara de pau o suficiente para fazer isso.

- Nossa Suz – Júlio fez uma cara como se tivesse ofendido – Qual o problema de ficar sozinha comigo? Não estava com saudades?

Suzana revirou os olhos para o drama do garoto.

- Claro que estava né? – Suzana disse como se seu amigo fosse um completo idiota – você é um grande amigo meu! Não me importo nem um pouco de ficar sozinha com você.

A friendzone acabou de dar uma surra em Júlio.

- Confesso que doeu um pouco, mas vou fingir que você não me chamou de amigo – Júlio disse.

- Ué, mas somos só amigos.

Júlio as vezes tinha essa mania de colocar coisa onde não tem, Mirella – uma de suas amigas – vivia dizendo que não tinha como ter amizades com garotos,por que eles sempre iriam querer... Algo a mais.

Mas Suzana discordava totalmente disso, acreditava que poderia sim poder ter amizades com garotos, as vezes até bem mais leais e duradouras do que com garotas.

Mas já havia acontecido algo entre eles, Suzana havia cometido um erro e acabara dando um pouco de liberdade para o amigo, mas não iria mas se repetir. Pelo menos era o que ela esperava.

- Não foi isso que pareceu aquele dia... – Júlio disse, relembrando de certos momentos.

Ai meu Deus.

- Júlio não começa...

- Se arrependeu daquele dia Suz?

- Não é que eu tenha me arrependido Júlio, mas eu literalmente não lembro de quase nada, a gente tinha extrapolado na bebida, estava todo mundo muito doidão... e aconteceu Júlio. Foi só uns beijos e tínhamos prometido que isso não iria se repetir e que isso não iria afetar a nossa amizade lembra? – Suzana disse meio apreensiva.

Ela não gostava de tocar nesse assunto, era totalmente desnecessário. Principalmente quando eles estavam sozinhos. Não é que ela havia se arrependido de beijar ele, só que não tinha clima sabe? Eles eram amigos e só isso.

- Você não reclamou no dia. – Júlio disse.

- Júlio eu estava bêbada, pelo amor de Deus.

- E está bêbada agora?

- Não.

E então Júlio a beijou.

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