Cinco

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- As pessoas não saem por aí dizendo o que sentem sempre - O espaço entre nós.

***

Eu sei, eu sei. Willian já havia dito que não queria sair. Conhecer novas mulheres. Foder.

E não queria mesmo.

Mas já estava cansado dos cochichos de seus amigos, do olhar de Suzana. Estava tão cansado de só ficar pensando na ex mulher. Estava cansado de se sentir assim.

Então, porque não tentar?

Sentiu vontade de rir da bobagem que estava prestes a fazer. Ele estava mesmo prestes a sair com os amigos para uma noite de diversão?

Com 44 anos nas costas, Willian estava pensando em como iria flertar com as mulheres no bar em que iria com os amigos. Seria cômico, se não fosse tão trágico.

Deu risada da cara que Suzana fez quando pediu para ela olhar Samuel esta noite, pois iria sair para se divertir com uns amigos. Primeiro ela fez uma cara de assustada como se estivesse se perguntando De que porra ele está falando? , depois, abriu um sorriso envergonhado e disse Claro pai.

Suzana estava esperando que se divertir, significasse tomar umas cervejas no bar, rir com os amigos e jogar sinuca. Por que imaginar seu pai fazendo coisas.... Não era muito legal, por assim dizer.

Mas ela que não iria reclamar por seu pai estar fazendo exatamente o que ela pediu.

Willian se arrumou o máximo que pode, tomou um belo banho, ajeitou seus cabelos o máximo que pode. Se limitou até em passar um perfume e fazer a barba.

A noite seria perfeita. Pelo menos ele esperava que fosse.

Suzana iria cuidar de Samuel, então não precisava se precisava se preocurar, confiava em sua filha o sufiente para saber que tudo ficaria bem.

Quando menos esperava, um carro buzinou em frente a sua casa.

Eles chegaram.

Ele estava um pouco nervoso, admitia. Fazia tempo que não saia com seus supostos amigos e não sabia o que esperar desta noite. Esperava que não fosse ser aquele amigo que ficava bebendo enquanto via os amigos pegarem as mulheres.

Meu Deus, o que ele estava falando?

Eles não eram mais adolescentes cheios de hormônios loucos para perderem a virgindade, eram homens adultos e responsáveis. A maioria já tinham filhos e um ou outro ainda eram casados.

Não seria um noite de bagunça, seria uma noite de muitas risadas, distrações e jogar conversa fora com os amigos.

Pelo menos ele espera que fosse só isso.

Ouviu outra busina, e mais outra, e outra.

- Já vaaai - Willian gritou da porta de sua casa para o carro que estava parado em frente a sua calçada,

Foi até a sala, onde Suzana estava deitada no sofá com Samuel, que estava vidrado em um desenho qualquer.

- Eu ta estou indo tá? - Willian disse para sua filha - Olha bem esse garoto ouvir? Toma cuidado, vê se não fica só nesse celular e ...

Foi interrompido por Suzana.

- Tá pai, tá. O senhor sempre diz a mesma coisa. Eu vou cuidar bem dele, sei me virar. - Ela disse com um revirar de olhos. - Vê se você consegue se divertir e esquece esse garoto por um segundo ok?

O carro buzinou mais uma vez.

Willian deu um beijo na testa de Samuel antes de sair, mas o garoto nem prestou muita atenção, continuou vidrado no desenho em que assistia, sem dar muito atenção ao pai.

Enigmas Melancólicos [Pausado]Onde histórias criam vida. Descubra agora