Sete

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Estraguei tudo e continuo estragando, sei disso, mas não sei o que fazer. – A fera

***

Burra.

Burra.

Burra.

Era isso que Suzana era. Não conseguia tirar do pensamento a burrice que tinha feito, e tinha absoluta certeza que iria se arrepender algum momento ou outro.

Sim, iria. No passado.

Por que ainda não tinha se arrependido.

Se achava uma idiota, porque havia crescido com Júlio, compartilhado seus melhores momentos. Ele estava ali quando ela estava triste, chorando, prestes a cair. Também estava ao lado dela nos momentos de festa, quando ela queria encher a cara, nas risadas e todo o resto. Eles eram como irmãos.

E se ela o considerava um irmão mais velho, então porra, aquilo havia sido um incesto.

- Porra Júlio porra! – Suzana gritava pelo quarto, indignada.

- O que é? – Júlio exclamava, não entendendo a raiva e a indignação da menina.

Suzana estava tão... Puta.

Por que não bastava ela ter o beijado, havia passado a noite na casa de Júlio, e não havia avisado seu pai.

Calma.

Não havia rolado nada inapropriado, vamos dizer assim.

Não era a primeira vez que dormia na casa de Júlio, mas claro, com o consentimento de seu pai.

Ela tinha um carinho muito grande por Júlio, já havia acontecido de ficarem uma outra vez, mas havia prometido para si mesma que aquilo nunca mais aconteceria. Não queria estragar a amizade que tinham, não queria acabar com aquela sensação gostosa de ter alguém ao teu lado independente da situação.

Ainda mais agora que Suzana se sentia tão sozinha, mesmo estando cercadas de pessoas.

Talvez fosse a importância que você da para certas pessoas, conforme elas te tratavam.

Dizem que se importam, mas quando vêem você chorando, não fazem nada.

- "O que é?", é isso que você tem para me dizer porra? – Suzana gritou mais uma vez.

Suzana não sabia se estava estressada por causa do beijo ou por causa de como seu pai deveria estar se sentindo. Willian se preocupava até quando a filha demorava 5 minutos para chegar da escola, então imagina como ele estava se sentindo quando a filha sai para se divertir com uns amigos e acaba passando a noite fora sem avisar.

Suzana não havia mandado uma mensagem, não havia ligado, um sinal de fumaça. Nada.

- Eu não te forcei a nada! – Júlio gritou na mesma intensidade, estava ficando irritado pela maneira que Suzana estava tratando ele. Como uma garota com um beijo tão gostoso, podia ser tão brava? – Você retribuiu o beijo, você que subiu encima do meu colo durante o beijo, foi você que me beijou novamente cinco minutos depois!

- Isso não vem ao caso! – Suzana disse, um pouco sem jeito pelas palavras do amigo. Não havia como se defender nessa. Então resolveu partir para ao assunto que realmente estava a preocupando – E o meu pai? O que eu vou falar pra ele?

- Você poderia muito bem ter ido embora depois de nós termos ficado. Você insistiu para dormir aqui, foi você que pediu, não venha colocar a culpa em mim Suzana! Você que escolheu dormir aqui sem nem pensar no seu pai. Agora lide com as consequências. – Júlio disse, mas logo se arrependendo por causa do olhar magoado que a menina havia te dado.

Enigmas Melancólicos [Pausado]Onde histórias criam vida. Descubra agora