Um

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Não quero ter que justificar quem eu sou – Azul é a cor mais quente.

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O problema das pessoas é que a maioria quer poder ajudar sem realmente saber do a pessoa precisa. Elas querem dar opiniões, sugestões e até mesmo uns sermões, achando que aquilo realmente fosse ajudar em algo.

Mas não ajudam em nada.

As vezes sim, mas só quando pedimos a opinião. Só quando realmente queremos ajuda. Do contrário, não.

Quando nós estamos tão desesperados, se vendo sem saída, aí sim procuramos alguém que tenhamos mais intimidade, para poder ter alguns minutos de paz, para poder desabafar, chorar, se abrir com aquela pessoa que te entenda, aquela pessoa que mesmo no final de tudo isso, te faça se sentir bem.

E esse foi o caso do Pai de Suzana e ela.

A mudou de escola, sem mais nem menos, achando que isso iria ajudar na vida da garota.

Ele estava errado.

Suzana se sentia mal, é claro que sentia, mas mudar ela de escola certamente não era uma boa ideia. Na escola em que ela cresceu, ela tinha amigos, pessoas que a entendiam, claro que tinha conflitos, afinal, quem não tem?

Lá ela tinha aquelas pessoas que percebiam quando tinha algo errado, que mesmo que a garota não quisesse falar, elas simplesmente davam-lhe um abraçado bem apertado, e Suzana automaticamente se sentia melhor, pois sabia que independente do que fosse, aquelas amigas estariam ali.

E isso não iria mais acontecer. Ela não teria um ombro para chorar, para desabafar, rir ou até mesmo para dar uma bela cabulada naquela aula chata de Física.

Claro que, se dependesse dela, ela sempre iria ver seus amigos, nem que precisasse sair escondido, seu pai concordando ou não.

Willian Lee – pai de Suzana – não gostava nem um pouco dos amiguinhos de sua filha, sabia, é claro, que todo mundo precisava de amigos, principalmente esses adolescentes como sempre se referia aos jovens, seguido por uma revirada de olho sarcástica.

O problema não era sua filha ter amigos demais, e sim ao fato de que ultimamente, ela tem ficado frequentemente trancada em seu quarto, só com seus fones de ouvidos no último volume, abraçada com seu gato.

Os primeiros meses depois que Sarah se mandou, foram particularmente difíceis para todo mundo, até mesmo para o pequeno Samuel, que era recém-nascido na época e morria de saudade da mamãe, precisava do seu leite materno e do seu colo de madrugada.

Mas William se virou, aprendeu como ser pai e está firme e forte até hoje. Bom, mais ou menos.

Depois de um tempo, Willian aprendeu a lidar com a dor da ida de sua esposa, e viu que o que quer que havia acontecido ou não, ele tinha dois filhos para criar e uma casa para sustentar. E finge estar bem, mesmo que tudo esteja desmoronando ao seu redor.

Suzanna já é outro caso.

Nunca superou a ida da mãe, sempre fica esperando ela voltar, dar um telefonema, qualquer coisa.

Ela não consegue acreditar que uma pessoa seja capaz de fazer isso. E, mesmo depois de três anos após a ida da mãe, dói cada dia mais.

Willian mudou Suzana de escola, porque queria que ela explorasse novas amizades, tivesse outras oportunidades para sair para lugares novos e... Vivesse.

Suzana estava puta.

Havia gritado até a garganta doer com o pai, batido a porta, dormido na casa de Júlio sem avisar e até mesmo uma birrinha básica, chamada da greve de fome.

Nada havia adiantado.

Willian havia ido à escola de Suzana, conversado com seu diretor e pegou a transferência de escola.

Agora ela iria estudar em outra escola, do outro lado da cidade, tudo bem que a cidade era pequena e todo mundo conhecia todo mundo, mas, vamos lá, era um ônibus a ser pego sendo que a escola em que Suzana estudava era a algumas ruas de sua casa.

Era mais um certo dinheiro gasto em conduções desnecessárias, sendo que ela e seu pai mal tinha dinheiro para por comida dentro de casa.

Mas, como seu pai fazia questão de jogar em sua cara todos dias, ela de menor, tinha apenas seus 17 anos e quem mandava em seu nariz ainda era ele. Então, querendo ou não, ela teria que ir a essa escola.

Ela poderia muito bem cabular aula, encher a cara onde ninguém pudesse ver, faltar as aulas e tudo mais.

Acontece que, Suzana tinha mais faltas do que podia contar, os seus professores sempre á avisavam que falta só um pouquinho para ela se afundar e ter que repetir ao Segundo ano. De novo.

E como ela não queria que isso acontecesse, resolveu não contrariar mais seu pai, já que isso até agora não havia dado em nada.

Então, deu um beijo na testa de Samuel, seu irmãozinho caçula, e um aceno com a cabeça para a babá de Samuel e nossa vizinha.

Seu pai estava trabalhando na oficina que eles tinham em sua garagem, então nem se deu o trabalho para se despedir.

Colocou a bolsa escolar em seu ombro, e foi rumo ao ponto de ônibus,

Chegando lá, se sentou e esperou o ônibus chegar.

Enquanto ela ouvia música no último volume em seu fone de ouvido, alguém sentou em seu lado, no banquinho do ponto de ônibus, sem ela perceber.

- Olá.

Suzana nem ouviu a voz do rapaz que acabara de lhe chamar, continuou balançando a cabeça no ritmo da música absorta de tudo que acontecia ao seu redor.

- Hmm... Olá?

E ela continuava balançando sua cabeça, enquanto seus lábios cantavam silenciosamente a letra da música que ela ouvia.

Irritado, o garoto misterioso puxou rapidamente os fones de ouvido de Suzana, fazendo que com a garota finalmente prestasse atenção no que o aquele idiota havia feito.

- O que é? – Suzana disse esbravejou, irritada por terem cortado seus poucos momentos de curtição.

- Vai para a escola do bairro quinze? – O garoto falou calmamente, como se a garota não estivesse se irritado com sua atitude.

- Como você sabe?

- Bom, pelo seu uniforme. Está usando a roupa da escola.

Suzana se deixou corar um pouco, e por uns segundos, encarou os tênis da garota que a deixara um pouco sem graça.

Se livrou de responder, quando viu o ônibus que ela pegaria se aproximando, deu sinal, e os dois subiram sem dizer uma palavra.

Se sentaram longe um do outro, e seguiram seu caminho para a escola.

**

Suzana estava nervosa, ela confessava. Não era do tipo tímida, mas demorava um certo tempo para se acostumar a lugares novos, pessoas novas.

O único rosto conhecido que ela tinha naquela escola, era a do garoto que havia puxado os seus fones de ouvido no ponto de ônibus. E ela nem sequer sabia o nome dele.

A escola Dra. Jessica, era muito diferente da anterior. Os alunos se aglomeravam na frente da escola, cada um com sua panelinha, com seus amigos.

Cada um com seu estilo, sua personalidade.

E Suzana ali, no meio de toda aquela gente, se sentindo mais sozinha do que nunca.

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Beijo. 


Enigmas Melancólicos [Pausado]Onde histórias criam vida. Descubra agora