Capitulo 02

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Louise

Olho pra garota estranha que vejo em minha frente no espelho do banheiro, ela definitivamente não é a mesma da semana passada, muito menos a de meses atrás...

Ela é uma estranha pra mim...

Meus cabelos antes grandes estão um pouco abaixo do ombro, cortados em um dia ruim de qualquer forma.

O lápis de olho preto já está mais do que borrado e todo o meu rosto está inchado, os dias tem sido difíceis, nem sei como criei coragem para ir ao enterro de Taylor.

Eu queria que tudo aquilo fosse um pesadelo e eu finalmente pudesse acordar, o que tinha dado tão errado?

- Louise. - Ouço minha mãe me chamar, e sei que chegou o momento, o que eu acreditava que nunca ia chegar.
 
Lavo meu rosto uma última vez e depois de olhar meu vestido preto de mangas compridas finalmente saio do banheiro.

- Você tá com uma cara péssima. - Ana aparece em minha frente assim que saio do meu quarto.
 
- Nada que uma maquiagem não resolva - dou um sorriso cansado para tentar animá-la, apesar da pouca idade ela parecia entender o que estava acontecendo, e eu sabia que ela iria sentir tanta falta de Taylor quanto eu, pois ele sempre gostava de brincar com ela quando não estava ocupado comigo.

Seguro a pequena mão de Ana e desço as escadas com ela saltitante me puxando. Acho que o que mais me ajudava naquele momento era o apoio de meus pais e minha irmã.

- Louise, querida. - Marta corre em minha direção assim que me ver, seu estado é pior que o meu, afinal ela acabara de perder um filho, e acredito eu que não existia algo pior.
 
Eu segurei as lágrimas que ameaçavam cair, eu tinha que fazer isso pelo Taylor, porque uma vez ele me disse que o que mais gostava em mim era o fato de eu ser forte, mal sabia ele que de forte não tenho nada, mas eu ficava feliz quando ele dizia isso, como a maioria das coisas que falava.

- Eu achei algo no livro sobre o criado mundo no quarto de Taylor. - Ela retira um envelope de sua bolsa. - E como ele estava animado antes de sair acho que ele queria fazer uma surpresa te dando isso. - Ela limpa as lágrimas que lhe caem dos olhos.

Minha mão treme enquanto pego o envelope e o seguro como se minha vida dependesse disso.

A última lembrança de Taylor para mim.

O envelope tem seu cheiro, o guardo em minha pequena bolsa, não sei quando terei coragem de ver o que tem dentro.

Sem dizer mais nada todos entramos no carro da família de Taylor e seguimos até a igreja no centro da cidade.

E eu fico pensando que tudo isso não é justo.

...

Meus pés balançam enquanto estou sentada no banco da praça bem próxima da igreja, eu pensei que conseguiria ficar lá, eu pensei que aguentaria Ver todas aquelas pessoas me olhando com pena, talvez pensando no quanto eu era jovem, ou isso ou aquilo.

Hoje não fazia sol, às vezes parecia que sempre que algo ruim acontecia vinha um temporal em conjunto.

Eu ainda fui até onde Taylor estava e coloquei uma rosa, mas no fim foi tudo que consegui, tinha tantas pessoas, e eu simplesmente estava me sentindo sufocada, e claro minha mãe disse que tudo bem quando falei que precisava respirar e sair dali.

Eu ainda lembro do dia que Taylor e e está estávamos ali naquela mesma praça tomando sorvete e que do nada começamos uma guerra. Acabou que no final eu fiquei toda suja de baunilha, e o Taylor de morango.

Acho que estava muito distraída, pois só então noto que tem alguém em pé a minha frente.

- Você disse algo? - Pergunto mesmo sabendo que foi algo idiota, pois ele não parecia ter falado nada, eu devia mesmo ir pra casa.

Antes Que Tudo AcabeOnde histórias criam vida. Descubra agora