Louise
Olho pro celular no criado mudo, acho que já é a milionésima vez que o olho, ele parece rir de mim pensando no quão patética sou por querer ligar pra ele, onde eu estava com a cabeça?
Pensei diversas vezes em passar a escova naquele número para nunca ligar, quem ele pensava que era pra simplesmente me dar seu numero sem nenhuma explicação?
- Lou - Ana entra no quarto com suas meias de coelhinho, ela esfrega os olhos e parece ter pego no sono enquanto assistia algum desenho na TV. - Posso entrar ?
- Já entrou. - Digo e fecho o livro que estava lendo o colocando ao lado do meu celular, que queria que eu o pegasse e ligasse pro número que ria de mim em meu pulso. -Ajuda com a lição? - Pergunto enquanto ela senta na cama ao meu lado.
- Você sabe que sou péssima em matemática, e o papai me mandou vir pra cá. - Ela faz biquinho e parece triste.
- Ele tava com a mamãe? - 0ergunto ja sabendo o que vem por aí.
- Uhum.
- Espera aqui um segundo. - Digo e vou o mais rápido até o outro andar.Nunca achei nossa casa tão grande, parecia que eu nunca ia chegar aonde deveria, eu já sabia que meus pais estavam discutindo e eles tentavam não fazer isso na nossa frente, mas eu não era uma garotinha como Ana eu era uma adolescente de 17 anos que entendia que algo não estava certo.
- Eu preciso sair Marise... e eu sei que a Louise precisa da gente junto mas eu... - Uma pausa e imagino meu pai com a mão na nuca sabendo que a próxima coisa que vai falar irá magoar muito minha mãe. - Eu desejo ficar por ela, mas eu sei que isso só vai piorar as coisas.
Paro no último degrau e tento imaginar o que mamãe está sentindo naquele momento.
- Nós vamos ficar bem Miguel, eu vou cuidar dela e dar tudo que ela precisar. - Vejo que ela está tentando não desmoronar.
- Eu sei que vai... - não aguento mais e subo novamente entrando no quarto e trancando a porta em seguida. A volta tinha sido bem mais rápida do que a descida.
-O que foi? - Ana me olha enquanto deslizo pela porta e sento abraçando os joelhos.
O papai ia embora de casa, ele ia nos deixar, as lágrimas começaram a cair sem que eu percebesse, então antes que eu respondesse Ana, ela sentou ao meu lado e me abraçou.- Eu também sinto falta do Tay. - Ela diz e não consigo não sorrir por ver que ela acha que esse era o único problema, a verdade porém eu chorava porque tudo tava dando errado atualmente, eu chorava por Taylor, chorava por minha mãe, chorava por Ana e chorava por mim, mas sorria ao ver minha irmã mais nova preocupada comigo e sorria por ver aquele maldito número eu meu pulso, eu iria ligar, mas apenas uma ligação.
...
Primeiro pensei em enviar uma mensagem, mas em seguida desisti pois não sabia muito bem o que escrever, em seguida liguei mas desliguei em seguida, pois ainda não tinha em mente o que perguntar.
Na milionésima vez esperei quatro toques antes de uma voz feminina atender, a mãe dele.
- Quer falar com o Noah? - Pergunta e sinto que ela parece contente com a ligação.
- Acho que sim. - Respondo com dúvidas ainda,não devia ter ligado.
- Ele não está no momento. - Respiro aliviada, acho que eu ainda não estava pronta pra pergunta.
- Então tudo bem eu ligo depois. - Digo.
- Qual o seu nome querida? - Ela pergunta antes que eu tenha a chance de desligar.
- É Louise. - Respondo antes de desistir da ideia.
- É um nome bem diferente.- Também acho.
A linha fica em silêncio então decido que é hora de encerrar a ligação pois eu nem devia ter ligado e não queria que sua mãe criasse muitas expectativas quanto a isso.Guardo o celular e pego o caderno pois tinha uma lição de história pra responder, logo eu teria que voltar pra escola.
Depois que termino tudo tomo um banho e faço uma trança no cabelo, coloco um short jeans vermelho e minha camiseta de flanela favorita.
Pego o celular e resolvo ligar de novo e dessa vez é ele, e já tenho ideia do que perguntar.
...
Era domingo e estava chovendo pela primeira vez em algum tempo, eu queria ligar novamente para Noah, mas ainda não fazia ideia do que perguntar, e estou evitando contato.
- Você vai voltar pra aula de violino? - Mamãe pergunta me assustando enquanto entra no quarto e eu olho para a pequena praça solitária.
- Acho que sim. - Digo enquanto termino de fazer um coque simples em meu cabelo rebelde, por mim iria de qualquer jeito, fazia umas três semanas que eu faltava, desde o acidente eu mal saia de casa.
- Seu pai está te esperando. - Ela diz e vejo que andou chorando, mas não falo nada, afinal papai continuava em casa, e isso era só pra mim não sofrer mais que o necessário.
Pego minha mochila com as coisa que vou precisar e dou um beijo no rosto de minha mãe antes de sair e ir em direção a porta da frente.
- Vamos. - Papai estende o capacete e eu o pego sem dizer nada.
Não moramos tão longe do centro então logo chegamos ao museu da música que era o prédio onde ensinavam a maioria das pessoas a tocar violão, violino, bateria ou qualquer uma dessas coisas e outras, Taylor costumava rir quando eu dizia que nunca ia aprender nada, e duas semanas depois consegui três notas, o que era empolgante pra mim.
- Que bom que decidiu voltar. - Papai diz quando finalmente lhe entrego o capacete quando paramos.
Não digo nada, apenas o abraço e vou até a entrada do prédio.Vejo seu cabelo preto cada vez mais se distanciando e já começo a ouvir os sons que ecoam lá dentro.
Na primeira sala um garoto meio gótico toca bateria sendo observado por uma pequena platéia.
Contínuo andando e no próximo é uma garota e seu violão, e finalmente chego na próxima sala que encontro depois de dobrar duas vezes a de numero 8, que é a minha sala.
Acho que é uma das maiores salas.
- Que bom que decidiu voltar Louise. - O professor principal fala, e por um momento acho que esqueci seu nome, mas me lembro de última hora.
- Estava sentindo falta daqui. - Coloco a mochila no banco mais próximo.- Então, tenho uma novidade de que novos ajudantes poderão aparecer, e já temos um novo, seu professor está lá atrás arrumando as coisas, ainda é seu segundo dia, espero que se dêem bem. - Ele parece feliz por receber ajuda, afinal aquele prédio era alugado e as vezes era complicado manter as aulas.
Digo que tudo bem e ele me conta outras coisas, das quais faço nota mental pra não esquecer.
Falo com algumas outras pessoas que estão ali enquanto vou até a outra sala onde é o depósito de instrumentos.
Dou duas batidinhas leves na porta.
- Pode entrar. - Ouço uma voz e percebo que o dono dela derrubou algo.
Entro e vejo que o ajudante parece ter quase a mesma idade que eu.
Está com uma blusa cinza de capuz e não consigo ver seu rosto
Mas quando ele vira sei quem é, segura um violino nas mãos e vejo o nome metallica escrito na camisa.
- Noah?
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Antes Que Tudo Acabe
Romance"A gente junto é horrível de duas formas,e eu realmente queria que pra gente não fosse a segunda opção,mas você não me deu muita escolha quando anotou aquele maldito número em meu pulso e me deu cinco perguntas... Eu sei que você não podia me falar...