Louise
Depois que o gorro de Taylor não foi encontrado fui para casa o mais rápido que meus pés podiam me levar, meu coração batia acelerado e eu continuava com a sensação que isso podia indicar algo mas, eu não fazia ideia do que seria isso.
- Por onde andou? - Mamãe pergunta assim que chego até a cozinha onde se encontra preparando uma sopa.
- Só fui até a sorveteria. De novo. - Digo e desvio o olhar para a ranhura na porta a qual eu nunca tinha reparado tanto como naquele momento.
Ela não diz mas nada, então vou até o meu quarto troco de roupa e após arrumar algumas coisas decido me sentar proxima da janela e ver o movimento, eu não fazia ideia do que esperar, penso que talvez Taylor iria sugir ali embaixo e jogasse uma pedra como costumava, mas agora não era como antes já que ele havia morrido.
Fui até a mesinha e liguei o som não aguentava o peso que subia por minha garganta.
Depois de algumas horas meu pai veio até meu quarto, o que achei estranho pois fazia um tempo que meu pai não entrava ali.
- Não disseram o nome do Taylor. - É tudo que diz e me olha.
- Como assim? - Não estou conseguindo pensar direito.- Anunciaram faz alguns minutos, e queria ter dito no mesmo instante, mas sua mãe achava que ainda era muito cedo. E achamos que no dia seguinte seria melhor para te contar.
O olhei como se ele estivesse tentando fazer um tipo horrível de piada já que ele costumava fazer isso. Mas aquilo era verdade, afinal ele não falaria de Taylor em vão.
- Mas...
Não consigo pensar direito por mais que esteja tentando muito.
- Eles só falaram a lista de mortes confirmadas e eu sinto muito pelos outros e por você...
Ele ia falar mais algo, mas o interrompi.
- Ele está vivo. - Eu queria gritar e pular e chorar tudo ao mesmo tempo ele só podia está por aí ele tinha que está.
- Lou eu sei que é difícil mas se ele tivesse vivo já teria voltado.
- Ele tá vivo, eu até acho que vi ele.
Papai me olha como se eu estivesse ficando louca e talvez só talvez eu esteja mesmo.
- Eu só não quero que se machuque filha, então por favor aceite que ele não está mais aqui.
- Ele está aqui pai. - Digo mas sei que ele não acredita em mim, assim como sei que logo eles vão me obrigar a conversar com um psicólogo pois eu estava agindo estranho com a perda.
Ele não diz mais nada apenas me abraça e em seguida me deixa sozinha com meus pensamentos.
...
Eu não conseguiria arrumar meus pensamentos não naquele dia, Noah havia acabado de sair com seus amigos e eu simplesmente não sabia o que fazer, minha cabeça girava tanto. Não tinha como ele está vivo e não ter aparecido, e existe algo que ainda martelava na minha cabeça, o fato de que Noah estava com aquela touca específica a que eu tinha escolhido exclusivamente para Taylor.
Já eram quase 8 da noite, e sempre que estava pela cozinha ou sala meus pais me olhavam estranho, acho que estavam com medo que eu ficasse mesmo louca.
Mas eles também não poderiam esperar que eu estivesse de boa quando tudo que eu acreditava podia não ser verdade.
Então do nada decidi que precisava ir uma última vez na casa de Taylor, meus pais não iriam gostar mas eu tinha que fazer isso.
Coloquei alguns travesseiros na cama para fingir que eu dormia pra não ser impedida, decido que iria pular a janela outra vez, eu já estava quase me acostumando a essa vida maluca.
Quando estou finalmente bem distante da praça começo a correr, só preciso ir lá e provar que isso é loucura que ele realmente está morto.
A casa de Taylor é a próxima e minhas mãos estão suadas, passo elas no short mas isso não ajuda muito, e acho que talvez eles já estejam dormindo.
Pensei em voltar umas mil vezes, mas agora lá estava eu na varanda suando mesmo com a noite fria.
Conto até 10 mas no fim desisto e viro, mas mal meus pés tocam o chão fora da escada de madeira, e a luz é ligada ao mesmo tempo em que a porta se abre.
Mas ao contrário do que esperaria, dou de cara com Noah que sorri na direção de Marta.
O que diabos estava acontecendo?
- Louise. - Dona Marta olha pra mim e sinto vontade de desaparecer dali.
- Eu.... Ah... - Não consigo inventar uma boa desculpa, ainda mais quando percebo que Noah esta me olhando.
- Ah que bom que já veio Loema, só estava te esperando. - Noah tenta inventar algo sem minha permissão.
Involuntariamente chuto sua canela onde Marta não poderia ver.
- Obrigada Marta, a gente já vai. - Ele continua sem se importar com o chute que eu dei.
- Espera... - não termino porque Noah começa a andar me puxando pela mão, e seu toque me parece tão familiar que desisto de seja lá o que eu fosse dizer e o sigo.
...
- O que acabou de acontecer? - Pergunto quando já nos afastamos uma 5 quadras da casa de Noah.
- Eu fui fazer o mesmo que você - Noah simplesmente diz.
- E o que acha que fui fazer?
- Contar boas piadas para a mãe do Taylor é que não era.
Empurro seu ombro pois estou irritada pelo seu convencimento.
- Eu não estava...
- Estava sim.
Continuo andando na frente pois ele deve esta pensando o mesmo que meus pais.
Eu sou louca eu sei disso.
- Loema me desculpe, eu devia ter falado a verdade.
Ele se aproxima outra vez de mim então paro e o encaro de braços cruzados.- Você realmente era amigo do Taylor? -Pergunto.
- O que você acha?!
Ele parece irritado agora.
- Não acho nada, mas por que ele não falaria de você, se você até toma chá e conta piadas pra mãe dele!?
- Isso eu não sei. - Ele olha em qualquer outra direção menos pra mim.
- Você está escondendo algo, eu posso ver Noah, e tudo bem não querer me falar, eu não tenho qualquer direito a isso, você só era um suposto amigo de Taylor eu mal te conheço. Eu nem sei o que diabos você quer com essas cinco perguntas ridículas que quer que eu faça. - Digo tudo que está preso em minha garganta e agora ele me olha preocupado, e sei porque eu estou chorando, e chorando como uma criança.
O mais improvável acontece, Noah segura minha mão e me puxa em sua direção, não sei o que esperar até sentir seus braços ao meu redor, e é o melhor abraço do mundo porque eu estava precisando disso, e não ligo se acabar encharcando sua camisa de flanela, muito menos se depois disso ele rir de mim.
Eu só queria ficar ali um pouco e chorar junto a única pessoa que parecia me entender naquele momento.
- Taylor era quase um irmão pra mim, a gente sempre saia junto com a família às vezes, lembro até de uma vez que jogamos cartas e eu sabia que ele tava roubando, mas eu deixava sabe? Então é por isso que sei o que tá fazendo, sei o quanto todos te olham estranho então te dei aquelas malditas perguntas pra você ter algo a se agarrar quando tudo parecer querer desmoronar, então desculpa por isso. - Ele diz e sorri depois de algum tempo.
- Foi algo bonito a se dizer.
- É a verdade.
- Talvez o Tay tivesse querendo te esconder só pra ele. - Digo secando as lágrimas tentando fazer o momento melhorar.
- Duvido muito disso - ele diz e sorrir. - Acho que era o contrário.
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Antes Que Tudo Acabe
Romance"A gente junto é horrível de duas formas,e eu realmente queria que pra gente não fosse a segunda opção,mas você não me deu muita escolha quando anotou aquele maldito número em meu pulso e me deu cinco perguntas... Eu sei que você não podia me falar...