Aftermath

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12 de maio de 2017 - Dia seguinte ao aniversário da Sabrina Carpenter


Acordei com a cabeça ainda rodando. Tinha sido meu aniversário no dia anterior e não conseguia me lembrar nem da metade do que havia acontecido. Comecei a comemorar dez horas da manhã de ontem e só conseguia lembrar que às seis de hoje eu ainda estava louca em algum lugar. As coisas estavam tão confusas que não tinha nem ideia de como cheguei em casa.

Só despertei porque meu celular não deixava de apitar em algum canto do quarto. Abri os olhos com dificuldade enquanto tateava a cama atrás do telefone e... merda. merdamerdamerdamerdamerdamerda. O que diabos a Rowan tava fazendo aqui? Levantei a coberta vagarosamente para não acordá-la e, bem, pelo menos ela estava vestida, nada demais devia ter acontecido, certo?

Precisei recitar a mim mesma um tipo de mantra para me impedir de surtar de vez. "Respira fundo, fica calma e não pira!" Repeti em minha mente.

Vasculhava em cada canto da memória lembranças que explicassem aquilo. Sentia que meu coração podia pular do meu peito a qualquer momento. Precisei encher os pulmões com a maior quantidade de oxigênio possível para conseguir, por um segundo, pensar racionalmente. Não tinha com o que me preocupar, afinal, ela já havia dormido em minha casa anteriormente, coisa de amiga, a questão era só que, desde que comecei a perceber que eu queria estar mais perto dela, há cerca de um ano, isso não acontecia... Não, não, não, isso não significava nada! Não é porque eu estava extremamente bêbada no dia anterior e vinha nutrindo pensamentos impuros por minha amiga que vai querer dizer que algo tenha acontecido.

Deslizei da cama, fui para o banheiro ainda esfregando os olhos e logo descendo as mãos até a barra do vestido. Ainda o tinha no corpo, logo, definitivamente, nada devia ter acontecido. Apesar que aquele vestidinho com poucos centímetros de pano depois da minha bunda não me parecia muito capaz de impedir muita coisa. Já fiz muita coisa com roupa muito mais complicada de tirar do caminho que essa e ainda tenho que considerar o fato de que minha bunda estava toda de fora, então... Não! O vestido subiu enquanto eu dormia! Entretanto, eu normalmente não me mexer muito enquanto durmo... Mas eu estava bêbada, todo mundo se mexe muito quando tá bêbado! E eu ainda estava de calcinha, então tá tudo bem!!

Mas porque a Rowan viria pra cá? Não é como se esse fosse um destino comum atualmente e a gente estava bêbada, alguma coisa devia ter acontecido. Ela não faria isso, afinal ela é hetero... Quer dizer, ela até já deu a entender algumas vezes que, talvez, sairia com garotas, então não sei se ela é, de fato, tão hetero assim... O que eu estava pensando? Eu sou hetero! Eu não faria algo assim. Nada aconteceu, ponto. O vestido subiu porque me mexi demais, Rowan veio pra cá porque estava tarde e ela só dormiu na minha cama ao invés de qualquer outra em um dos dois quartos vazios desse apartamento porque nós somos AMIGAS que estavam muito muuito alteradas.

Ao entrar no banheiro dei de cara com espelho, encarei meu rosto e não consegui me chocar com o desastre à minha frente. Um resto de maquiagem ainda sobrevivia em alguns lugares remotos e o inchaço dos meus olhos deixava claro que havia dormido demais. Passei a mão no cabelo para afastá-lo do rosto e pude sentir algo pegajoso em uma das mechas, algo que, provavelmente, tinha a mesma origem que a mancha cor-de-rosa na altura do meu peito. Desisti de analisar os danos a minha aparência e fui me arrumar, ao terminar, me enrolei na toalha e saí caçando o celular pelo quarto, revirei quase tudo até encontrá-lo dentro de minha bolsa, que por sua vez estava enterrada em meio a uma pilha aleatória de roupas. Fiz tanto barulho que não sei como Rowan não acordou. Me sentei na beirada da cama e comecei a ver as mensagens que não paravam de chegar. A conversa que mais me chamou atenção foi a de Liv, que me enviava as fotos que tinha tirado no dia anterior.

I Love You, RowanOnde histórias criam vida. Descubra agora