04 de novembro de 2017
Eu mandei pelo menos umas vinte mensagens. Devo ter ligado umas dez vezes. Duas horas da manhã e ela não tinha me dado nenhum sinal de vida mesmo tendo me dito que iria voltar para casa. Eu já me sentia como uma daquelas mães psicóticas que qualquer coisinha que o filho faz fora da rotina já quer ligar para polícia. Foi só quando comecei a ligar no celular daquele idiota que obtive resposta:
Foi mal, S. Perdi a noção do tempo, vou dormir por aqui.
Amanhã a gente se vê.
Perdi minha noite de sono por isso.
Eu não dormi. Nenhum minutinho mesmo. Quando ela me mandou aquela mensagem já estava quase na hora de me arrumar para sessão de fotos. Apenas continuei sentada sozinha, naquele sofá idiota, olhando para aquela porta idiota, parecendo ainda esperar uma pessoa idiota, que eu, a mais idiota dos idiotas, sabia que não ia mais chegar.
O toque irritante de meu celular ecoou pela sala. Era meu despertador. Apesar de ainda estar em minhas mãos eu o deixei tocar. Por mais irritante que aquilo fosse, não me incomodava mais do que aquele gosto amargo no fundo da boca. Engoli seco, passei a mão na nuca e respirei fundo. Desliguei aquela merda daquele barulho e fui me fazer um bom litro de café.
Logo eu estava a caminho do prédio. Um copo gigante de café no banco do passageiro, um coque bagunçado, umas olheiras fundíssimas e uma jaqueta jeans com uma mancha enorme de spaghetti eram meu uniforme do dia. Minhas sobrancelhas estavam cerradas desde cedo e não sairiam daquela posição nem que eu tentasse. Minha mandíbula estava travada ao ponto que sei que sofreria bastante com a dor que viria ao relaxar, mas naquele momento não sentia nada.
Buzinei para pelo menos umas três pessoas que fizeram merda no meu caminho. Não costumava fazer isso, geralmente apenas os xingava dentro do conforto do meu carro e seguia caminho. Mas eu não tinha dormido e estava frustrada, logo meu humor não era dos melhores. E parecia que só porque eu já estava irritada o mundo inteiro decidiu me irritar mais ainda. Pedestre atravessando a rua sem olhar, carro freando do nada na minha frente, ciclista ocupando muito mais espaço que o necessário... Mas só quando eu já estava em uma das últimas esquinas até meu destino que me fizeram perder de vez a paciência.
Um motoqueiro panaca, com uma garota na garupa, queria porquê queria passar na minha frente. Porém não tinha espaço nenhum parar tal feito, não ali. Meu carro era enorme, o carro do lado era enorme e a merda da moto era enorme. Eu poderia acelerar para deixá-lo passar, mas eu já estava ligeiramente acima da velocidade da via, e eu sabia que por ali tinha um radar, então eu não ia arriscar ir mais rápido e levar uma multa. Mas ele continuava. Tentava de toda maneira passar. E aquilo tava me subindo o sangue de uma maneira, aquele farol alto na minha cara, aquele vrum vrum no meu ouvido. A minha vontade era de frear o carro de uma vez para fazê-lo bater em minha traseira e se quebrar todinho.
Ficamos uns bons metros nessa putaria, até que o motorista do outro carro se cansou e acelerou um pouco para dar espaço para o panaca passar. Mas é claro que um ser humano daqueles não poderia simplesmente passar e ir embora. Óbvio que ele entrou de uma vez na minha frente, tão rápido que precisei frear para não encostar em sua roda traseira. Enfiei a mão na buzina e o xinguei de todos os nomes possíveis.
Meu coração batia tão forte e eu me tremia todinha, não sei se de ódio ou nervosismo. As coisas só ficaram pior quando percebi que ele parecia guiar o caminho para onde eu ia. E pioraram mais ainda quando o vi parar na frente do exato prédio que eu iria parar.

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I Love You, Rowan
Fanfiction{Rowbrina}{rilaya} Se apaixonar pela melhor amiga é um dos maiores clichês da vida real. Rica, famosa e com várias opções ao seu dispor, Sabrina acreditava estar extremamente distante dessa possibilidade. Só que ela não podia estar...