Date night

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30 de setembro de 2017


Eu a empurrei para longe. Não por ainda estar com raiva ou algo do tipo. Simplesmente não sentia mais vontade de falar tanto com ela, nem ficar perto o tempo todo, muito menos lembrar de como ela mentiu com a cara mais lavada do mundo e ainda por cima pisoteou nas minhas esperanças com aquela mania ridícula de ficar falando que somos melhores amigas e... Ok, ok, talvez eu ainda estivesse com um pouquinho de raiva ou algo do tipo.

Quando falo que a afastei, não quero dizer que parei de falar de vez ou passei a ignorá-la sempre que chega perto, mas sim que comecei a me fazer mais ocupada do que realmente estava. Não respondia imediatamente suas mensagens, nem ficava ansiosa pelas pausas entre as gravações ou a chamava para sair em nosso tempo livre. Só que, para ser sincera, acho que ela sequer notou meu afastamento. O que eu esperava? Agora ela estava ocupada demais com o namorado, para perceber qualquer coisa relacionada a mim.

Não, você não leu errado, falei do na-mo-ra-do dela mesmo. Sim, sim, depois de toda aquela palhaçada de "isso não é um encontro", "é claro que a gente não ta junto", e o clássico, "somos só amigos" veio o "ele me pediu em namoro ontem". Se pudessem me ver saberiam que luto contra uma ânsia de vômito só de lembrar disso. A primeira coisa que consegui falar quando a ouvi dizer aquelas palavras foi "aa que bom né", com o sorriso mais amarelo do mundo e querendo sair correndo para minha casa, onde não precisaria lidar com o mundo real. Na hora ela ainda estava de mãos dadas com o Curran, então eu meio que não podia falar que ele era o babaca mais babaca de todos os babacas do mundo. Só no fim do dia, quando lhe dei carona, que pude perguntar se seus pais estavam tranquilos com isso, já que o garoto tem dezenove e ela ainda quinze. Eu sei, bem hipócrita da minha parte, que tenho dezoito e sou apaixonada por ela, mas é diferente, tá bom? Quando ela disse que a mãe dela o adorava e que o pai o recebeu de braços abertos, não pude disfarçar minha decepção, no fim, engoli todas minhas palavras odiosas, já que, por mais que as coisas estivessem diferentes entre nós, ainda não queria tirá-la de minha vida completamente.

Aliás, eu tenho a impressão que a aproximação deles pode ser minha culpa. Parei de lutar pelo tempo dela, quase nunca estava por perto e, querendo ou não, mantive a maioria dos nossos amigos do elenco à minha volta. O único momento que tínhamos a sós era quando lhe dava carona que, à propósito, não entendia porquê continuava sendo minha obrigação, já que ela o tinha para levá-la para casa. Para completar, já nem sabia se ainda queria ter esse momento com ela, pois ela constantemente me pedia conselhos amorosos por, nas palavras dela, eu ser "bem mais experiente" no assunto.

Contudo, ao empurrá-la para longe, acabei puxando outra pessoa para perto. Não me julguem, não foi minha culpa, eu tentei meu melhor pra ocupar meu tempo com os meus amigos, trabalho e hobbies aleatórios, mas parecia que nada ocupava tanto meu tempo quanto Rowan. Então quando aquele "oi sumida" apareceu na minha tela, pensei "por que não?"

Liv estava puta comigo por ter voltado a falar com ele. "Ele te largou e nem te avisou!" e "eu não acredito que você tá respondendo esse babaca na minha frente" era basicamente o que me falava desde então. O Peyton sempre torcia o nariz quando eu o citava, mas sua tática consistia mais em mudar de assunto do que em me dar broncas. Não vou dizer que eu estou lá muito orgulhosa de mim mesma por isso, mas ele tinha bastante tempo pra mim. Eram só mensagens, que mal tinha?

[text] f*ckboy: vamos sair hj a noite?

Ok, talvez esse fosse o problema. Após receber aquela mensagem, rolei na cama algumas vezes antes de decidir me sentar. Não podia ver meu próprio rosto, mas tinha certeza que estava com um olhar catatônico para tela. Olhei para Liv de canto de olho, receosa que ela percebesse o que acontecia, mas, por sorte, ela ainda tinha a cara enfiada num livro, que parecia ser muito chato por sinal.

I Love You, RowanOnde histórias criam vida. Descubra agora