Forgiveness

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05 de setembro de 2017 - Estreia do 1º capitulo da 4ª temporada de Girl Meets World


Eu estava com raiva. Deus, como estava com raiva. Fiquei com tanta raiva que caguei para o nosso combinado e fui embora poucos minutos depois de receber aquela informação. Mal me despedi de Peyton, apenas peguei minhas chaves e dirigi puta da vida direto para casa. Ela não era bem minha obrigação, ela tem pais na cidade, tem o namoradinho estúpido e tem dinheiro, ela que se virasse. Não conseguia entender aquilo e, na verdade, nem queria. Pra que ela mentiu? Não fazia sentido. Ela sabia que eu odeio mentira, principalmente se for por besteira como isso. Se ela ia fazer pouco caso, pra que diabos não fez logo de cara? Foda-se. Não ligava. Não queria saber. Só sabia que estava com raiva.

Estava tão zangada, que, mesmo depois de chegar no estúdio no dia seguinte, continuava a ignorando. Àquele dia não teriam gravações e sim ensaios, o que me garantiu poder continuar com meus sentimentos negativos, já que não havia nenhuma plateia de fãs para os perceberem. Todas as palavras que direcionei a ela foram as que estavam no script. Sempre que havia uma pausa dava um jeito de evitá-la e ia falar com outra pessoa e por mais infantil que fosse minha atitude eu sequer considerava mudar de abordagem.

Não queria tocar no assunto, me sentia idiota por acreditar naquele teatrinho bobo e, o pior de tudo, eu me sentia suja. Por tudo. Por gostar dela, por querer que aquilo acontecesse de novo e por achar que ela mentiu por ter nojo do que aconteceu. Sei que essa última parte pode não fazer muito sentido, Liv passou a noite inteira tentando me convencer que nada indicava isso, mas não conseguia me sentir de outro jeito. Tanto emocional quanto racionalmente achava que estava fazendo o certo em ignorá-la, pois assim não me arrependeria do que podia falar. Não pretendia fazer isso para sempre, a raiva ia passar, só não sabia quando.

Foi durante uma pausa de cinco minutos nos ensaios que finalmente troquei as primeiras palavras com ela. Eu sentava em cima da mesa do professor no cenário da sala de história e ria de uma piada absurda que Corey contava quando ela surgiu, atropelando tudo a sua frente, feito a um tornado:

— O que tá acontecendo? — as palavras saíram pausadamente de sua boca acompanhadas de um olhar confuso e consideravelmente irritado.

— Nada — respondi seca, olhando-a de canto de olho e depois virando-lhe as costas voltando minha atenção para Corey. — Continuando sua história...

— Não! Sem "continuando"! Eu to falando com você, Brini! — exclamou e deu a volta na mesa, se posicionou entre Corey e eu, me impedindo de tentar falar com ele e ignorá-la de novo.

Fazia um bom tempo que não a ouvia num tom de voz tão firme. Pelo visto, também fazia para o garoto, que aos poucos se afastou da cena com um olhar assustado. Me inclinei, fazendo que Rowan não tapasse completamente minha vista, até encontrar a cara lavada de Corey já a distância, semicerrei os olhos e lancei um olhar zangado.

— O que você quer? — tentei parecer tranquila, mas no fundo podia-se perceber que minha voz tremia um pouco.

— O que está acontecendo, Brini? — Ela tinha ambas as mãos na cintura e o olhar de confusão não se desfazia de jeito nenhum.

— Nada — respondi como se fosse óbvio e desviei o olhar.

— Nada? — indagou descrente. — Como nada, Sabrina? Você me deixou plantada aqui ontem a noite e tá me ignorando desde então! Eu pensei que tinha acontecido algo com você!

Um pessoal do estúdio arrumava o cenário à nossa volta, fingindo, da pior maneira possível, não estarem com os ouvidos atentos à discussão, enquanto aquela nuvem de negatividade intoxicava o ar do local.

I Love You, RowanOnde histórias criam vida. Descubra agora