I Love You, Rowan

Sweet Sixteen - pt. 2

E um estrondo foi ouvido. O barulho soou como se algo, ou alguém, estivesse caído dentro da salinha que dava acesso a sacada. Nos afastamos na velocidade da luz. Rowan faltou me empurrar para longe e, uma vez afastada, passou a olhar para o lado oposto que eu me encontrava. Seu rosto estava vermelho e mexia no cabelo nervosamente, tentava arrumá-lo, apesar de não estar bagunçado. Eu apenas passei uma mecha que saíra do lugar para trás de minha orelha e crispei os lábios em desgosto. Considerei ir na salinha verificar o que acontecera, mas antes que me movesse a porta atrás de nós deslizou-se.

Me virei lentamente para ver o culpado de minha desgraça e pude ver a cabecinha da avó da garota se enfiar pelo espaço que se fez. A senhora tinha um sorriso travesso no rosto, como quem se divertia, mas ao mesmo tempo parecia constrangida. Pensei que tal sorriso existia por ter "nos visto", mas antes de entrar em desespero a ouvi murmurar algo sobre a bagunça que fizera lá dentro e respirei aliviada.

-Ah! Aí estão vocês! - os olhos da velha me encararam por um instante, mas logo desviaram. Um sorriso nervoso apareceu no canto da minha boca e a sensação de que ela havia visto algo voltou. - Procurei por todos os cantos. Vamos, vamos, está na hora de cortar o bolo. - Nos apressou e em seguida abriu mais a porta para que houvesse espaço para que entrássemos.

Rowan continuou estática onde estava, com o olhar no horizonte e um semblante preocupado, até que encostei na curva de suas costas e me inclinei ligeiramente para frente a procura de seus olhos. Ela respirou fundo e me olhou... Desapontada, arrependida? Não sei. Engoli seco quando a garota deu as costas para mim e abriu um sorriso de ponta a ponta para a avó. Deu uma rápida desculpa esfarrapada para ela e seguiu sala a dentro. Forcei um sorriso e as segui.

O caos que me encontrava na entre-sala era muito maior do que o barulho ouvido me fez esperar. Um cabideiro tinha caído no chão e parecia ter derrubado tudo que encontrara em seu caminho até ali, a visão de toda aquela bagunça me fez entender a expressão da senhora. Não resisti a bagunça e acabei me abaixando para tirar alguns itens do caminho. Rowan nem olhou para trás e só seguiu seu caminho enquanto eu me agachava com dificuldade devido ao longo vestido.

-Vamos, sweetheart! Não há tempo, depois mando alguém para arrumar a bagunça. - disse a velhinha aproximando-se de mim e segurando meu braço para ajudar-me a levantar. Obviamente sua ajuda não era muito efetiva. A Mrs. Blanchard era uma senhorinha baixinha e gordinha, com os cabelos todos brancos e que não tinha mais força para levantar uma folha, imagine para se abaixar.

Enrolei mais alguns segundos lá dentro, pelo menos o suficiente para Rowan ficar há alguns metros a minha frente. Eu queria estar perto dela, mais do que tudo, mas o jeito que ela me olhou... Deus, espero que ela não me odeie.

Os parabéns foram uma tortura. Fiquei exatamente a sua frente e seus olhos não me encontraram uma só vez. Ela ria e brincava com todos a volta, em um momento puxou o namorado para perto e dançou com ele no ritmo das palmas. Ela claramente não queria me ver e, como era seu aniversário, lhe fiz o favor de sumir de seu campo de visão. Fui me afastando aos poucos até que me encontrava sozinha em uma mesa ao fundo do salão. Mantive a postura, não podia parecer tão para baixo quanto eu estava. Se eu parecesse triste isso chamaria a atenção para mim, então o melhor a fazer era manter um semblante sereno e um sorriso engatilhado caso precisasse usar.

Passei o resto da noite conversando com estranhos e evitando a garota. Queria partir, mas meu voo era só na tarde seguinte e já havia confirmado com sua família que dormiria na casa de seus avós, assim como outras de suas amigas e primas. O salão foi esvaziando e evitá-la estava cada vez mais difícil, comecei a fingir um sono inexistente, já que era mais fácil que continuar com aquele sorriso forçado no rosto. Do outro lado do salão pude ver seu avô no sétimo estágio do sono, sua cabeça se pendurava para traz e a boca estava completamente aberta, se a música não estivesse tão alta tenho certeza que eu poderia o ouvir roncar de onde estava. Vi ali a chance de escapar de vez da festa e fui prontamente me oferecer a levá-lo para casa.