Capítulo 6 ( iii ) ‒ Pense Em Mim Antes De Dormir

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[...]

Yuuri só se permitiu desmoronar à noite, já de volta ao quarto do hotel. Phichit estava lá para segurá-lo num abraço apertado enquanto permitia que ele chorasse em seu ombro. Sabendo que Yuuri odiava que o vissem chorar, Celestino demonstrou consideração e respeito ao sair do quarto, deixando-o sozinho com seu amigo.


Yuuri tinha chegado tão perto. Tão perto. E ainda assim ele não tinha conseguido. Ele ainda não tinha sido bom o bastante.


Phichit o estava abraçando firmemente pelos ombros e, envolvido pelo calor reconfortante do seu amigo, Yuuri voltou a se sentir uma criança pequena outra vez, se agarrando à camisa do tailandês com os punhos travados. Yuuri sabia que não deveria estar chorando, que ele supostamente deveria ser melhor do que isso, mas todo o seu ser estava dominado pela sensação amarga de desapontamento e de uma tristeza avassaladora e também por toda a raiva e a frustração acumuladas que finalmente eclodiram dentro dele, estremecendo seu corpo inteiro em fortes soluços que eram impossíveis de conter, por mais que ele tentasse.


"Está tudo bem, Yuuri", Phichit tentou tranquilizá-lo em voz suave. "Você foi tão bem! Você quebrou seu recorde pessoal. Você deveria estar orgulhoso de si mesmo! Quem se importa se você foi melhor do que o Viktor ou não?"


"Eu!", Yuuri rebateu indignado, voz soando chorosa e congestionada pelas lágrimas amargas. "Eu me importo."


"Eu sei que você se importa." Phichit suspirou tão suavemente que Yuuri não tinha certeza se era para ele ter ouvido ou não. Ele permaneceu agarrado a Phichit até tarde da noite, até todas as suas lágrimas secarem e ele finalmente se sentir recomposto o bastante para se afastar e deslizar para sua própria cama, desejando nada mais do que dormir e esquecer.


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Naquela noite, os sonhos de Yuuri foram um turbilhão de cores e sons, os aplausos de uma plateia se misturando às fortes luzes de um estádio, lampejos de cores conforme patinadores em trajes resplandecentes passavam zunindo, movimentos mais rápidos do que seus olhos eram capazes de acompanhar. Tudo era barulhento, confuso e brilhante demais e ele não conseguia escapar, não conseguia acordar.


Números brilhavam ofuscando tudo ao redor dele, sua pontuação cintilando em todas as superfícies disponíveis. Zombando dele. A torcida encorajadora da audiência se transformou em gritos e vaias, um frenesi sonoro que o fez ter vontade de arrancar as suas orelhas para que ele pudesse escapar daquilo. Todos os patinadores se moviam ao seu redor cada vez mais e mais rápido, até Yuuri achar que iria vomitar, com as cores intensas e o barulho alto demais agredindo os seus sentidos.

Until My Feet Bleed and My Heart Aches - Parte 1 da Série RIVAISOnde histórias criam vida. Descubra agora