1|| my story

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violet butler| atlanta, 23:10

Voltava para casa, com uma expressão frustrada, e um nó tão grande na garganta, que até me impedia de respirar corretamente. Me sentia como um lixo, pronto para ir para o aterro sanitário.

— Como foi, querida? — meu avô perguntou com a voz falhando assim que coloquei os pés para dentro da residência, eu conseguia enxergar um pouco de esperança em seus olhos.

Respirei fundo, reprimindo a vontade imensa de desabar ali mesmo. Mas eu não queria deixá-lo preocupado. O velhinho em minha frente era Zé Luiz, sim, um nome bem comum. Porém, quem normalmente tem o nome assim é um amor de pessoa. E ele era, assim como meu pai. Os dois eram idênticos, não negavam serem pai e filho por suas respectivas aparências e personalidades.

Naquele momento, as lembranças me trouxeram de volta à alguns momentos de quando eu ainda morava com meu pai. Ele era um importante policial. Me lembro da mansão em que eu vivia, com vários seguranças ao nosso redor.

3 anos antes on

— Violet! Vem aqui para a sala, por favor? — meu pai deu um pequeno grito, me chamando.

— Tô indo! — afirmei, colocando meus pés nas pantufas. Afinal, era uma noite fria de inverno.

Desci as escadas rapidamente, pensando no que ele me falaria. Será que finalmente eu deixaria de ter todos esses seguranças ao meu redor? Ele mudaria de emprego?

— É melhor se sentar. — disse em um tom de voz desanimado, eu senti meu corpo gelar por um instante.

— É algo sério? — perguntei apreensiva e ele abaixou a cabeça, em seguida assentindo. — P-pode falar.

— Então, Vy... você sabe que sua mãe nunca gostou do meu trabalho, como eu já te contei. — começou, apreensivo.

Senti uma pontada no coração. O assunto "sua mãe" era completamente delicado. Ela morreu no parto. No ""meu"" parto. De acordo com o que meu pai me conta, eu tinha um gêmeo, porém nasci minutos antes. E o parto dele teve muitas complicações com o cordão umbilical, minha mãe estava completamente debilitada e o bebe também. Bom, no final, os dois morreram. Aquilo dói, dói em saber que talvez uma parte da culpa teria sido minha, ou também, as vezes acho que eu deveria ter morrido junto deles.

— E as coisas complicaram muito para meu lado... — meu pai falou engolindo em seco. Eu já conseguia sentir o meu corpo tenso. — Preciso fugir. Preciso sumir do país. Eu realmente não posso ficar aqui. — continuou e eu fiquei sem reações. Apenas respirei fundo e disse:

— Tudo bem, pai. — segurei meu orgulho. — Quando nos mudamos? — finalizei a frase, ele veio para meu lado. Me abraçando.

Eu honestamente não entendia o porquê de sair dos Estados Unidos. Afinal, policiais tem proteção, certo?

— Violet... eu vou sozinho. Você vai ter que morar com o seu vô.

Aquelas palavras foram como facadas para mim. É lógico que eu amava meu vô. Mas meu pai era a única família próxima que eu tinha.

— Espero que me entenda. — disse e eu dei de ombros, subindo correndo para meu quarto, com algumas lágrimas umedecendo meus olhos e meu rosto.

3 anos antes off

Chacoalhei a cabeça para os lados, tentando me livrar desses péssimos pensamentos que me torturavam quase todos os dias.

Foquei em meu Luiz. Ele estava magro, pálido e com uma expressão triste. A verdade é que meu vô estava doente, com algumas tosses estranhas. Não tínhamos dinheiro para pagar um médico, pois ele estava desempregado e impossibilitado de trabalhar. E eu tinha apenas 17 anos, e nunca havia procurado um emprego até aquele dia, o que aconteceu foi:

— Eles não me aceitaram, vô. Disseram que sou muito nova para isso. — falei com a voz embargada, mas logo me recompondo. — Mas não se preocupa, amanhã eu vou tentar novamente. E desta vez, vou conseguir! Agora vamos dormir, já está tarde. — afirmei, sorrindo fraco - ou pelo menos tentando - e ele sorriu de volta, com o mesmo sorriso reconfortante de sempre, me dando forças para continuar.

[...]

Acordei com um barulho estrondoso de algo caindo no chão com força. Joguei meus cobertores para o pé da cama, correndo para a cozinha - de onde o barulho vinha - que era no andar de baixo.

— Vô? Você tá bem? — perguntei enquanto ia até lá, obtendo o silêncio como resposta, me deixando aflita. — VÔ? — desta vez eu gritei.

Minhas pernas estavam bambas, a respiração falhada, a maior parte de meu corpo tremia. Entrei na cozinha, vendo uma das piores cenas da minha vida. Meus olhos marejaram, a garganta quase fechou. A cabeça começou a tontear.

Luiz, meu avô, a única pessoa que eu tinha, completamente caído no chão, com um pano cheio de sangue sobre a boca.

Eu não sabia como reagir, não sabia o que fazer. Minha visão começou a ficar turva, mas não me permitiria desmaiar, não em uma situação como aquela.

Engoli em seco, sentindo minha garganta arder. Pensa Violet, eu disse para mim mesma.

Olhei de relance o meu redor, vendo um telefone. Corri até o mesmo, discando o número da ambulância.

_______

só queria dizer que eu amo essa fanfic, ela significa muito pra mim!

kigdom come | jdb [criminal]Onde histórias criam vida. Descubra agora