Capítulo 2

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Já faz uma semana que eu acordei.

A dor na minha garganta agora não passa de um leve incômodo, e não sinto mais tanto medo do Miguel.

Depois daquele dia eles apareceram com freqüência, o que ajudou a diminuir esse medo.

Eles me atualizaram sobre algumas coisas e me compraram um celular. Não achei isso necessário, más fazer o que né

Não me lembrei de mais nada. Ainda não sei direito o que aconteceu comigo, mesmo tendo lido aquela pasta inteira não consigo me convencer.

O que o Miguel disse era verdade, eu sofri um acidente a dois anos indo para o enterro da minha mãe, a página do jornal  que estava na pasta confirma isso, e também tem uma foto da minha casa queimada, do dia do incêndio.

Más tudo ainda está muito confuso. Quando faço alguma pergunta que a pasta não me respondeu, os três ficam nervosos e mudam de assunto.

Como da vez que eu perguntei se tinha irmãos. Meu pai simplesmente ficou calado, a Laila ficou vermelha e teve que sair do quarto.

O único que teve uma reação melhor foi o Miguel,  ele até mesmo sorriu enquanto dizia que eu não tinha irmãos.

A semana inteira eu passei por exames, e hoje finalmente eu iria receber alta.

– Acho que é seguro você receber alta, mas caso sinta algo me chame imediatamente.

Assenti.

Meu pai e o Miguel também estavam no quarto, esperando o médico terminar para me liberarem também.

– Claro, más acho que não será preciso. – respondi.

Ele sorriu e se voltou para o meu pai.

– Mantenham ela em repouso por mais uma semana e dêem a ela esse remédio. – apontou para a receita na mão do meu pai. – Foi ótimo conhece-la Lira, espero vê-lá novamente, não nessas condições é claro.

Eu ri.

– Também espero revê-lo. – ele assentiu e virou as costas.

Quando a porta se fechou, meu pai e o Miguel se viraram para mim.

Eles não tinham mais aquela expressão cansada e pareciam até. mais relaxados.

– Iremos esperar você lá fora, okay? – assenti e sorri para meu pai.

Assim que eles saíram levantei da cama, peguei minhas roupas da sacola e fui até banheiro

Desde que eu passei a conseguir andar, nunca tive coragem de olhar para o meu reflexo.

Eu tinha medo do que iria ver.

Liguei o chuveiro e deixei a água correr pelo meu corpo, lavando meu cabelo branco.

Era estranho que meu cabelo fosse branco como o do meu pai.

Fechei os olhos, deixando a água correr pelo meu rosto e meu cabelo.

Der repente olhos azuis surgiram na minha mente. Olhos azuis como o mar.

Minhas pernas perderam o equilíbrio e me apoiei nas paredes do pequeno cubículo que era o banheiro.

Abri os olhos e encarei o chão molhado.

Aqueles olhos... Eles sempre apareciam nos meus sonhos.

Era sempre o mesmo sonho e eu nunca conseguia ver o rosto dele, apenas os olhos.

Fechei o chuveiro e me enrolei na toalha, saindo do box e ficando de frente para o espelho embaçado.

Memórias - A Única Herdeira 2 (PAUSADO) Onde histórias criam vida. Descubra agora